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Scot Consultoria

Carta Conjuntura - Mão de obra: Um gargalo que preocupa


Terça-feira, 8 de outubro de 2013 - 17h36

Os salários, o custo da mão de obra, no meio rural, tem sido motivo de manifestação de preocupação dos fazendeiros. Tanto dos fazendeiros que se dedicam à pecuária, como dos fazendeiros que se dedicam à agricultura. Ou a ambas, pois a exploração agrícola não é exclusivista.


Os salários têm subido em função da urbanização brasileira e na urbis os salários e o conforto são atraentes, têm subido em função do êxodo rural, o que torna o contingente humano escasso no campo e, têm subido em função da raridade de conhecimento do trabalho, da tarefa rural.


Na pecuária, além desses fatores, a expansão da agricultura tecnificada também concorre pela mão de obra. 
É o sinal dos tempos, a profissionalização do meio rural.


Para saber se essa preocupação tem cabimento na pecuária de corte, analisamos os itens que compõem o custo de produção, de 1996 até 2013 no estado de São Paulo, considerando suplementação, sanidade, mão-de-obra e a compra de boi magro (figura 1).


Os parâmetros adotados foram: a compra de um boi magro com 11 arrobas e o abate com 16,5 arrobas, ganho de peso de 200 gramas por dia com lotação de um bovino por hectare. Foi utilizado um protocolo veterinário padrão, sessenta gramas de suplementação mineral diária e um vaqueiro e um administrador para tocar a fazenda, com o vaqueiro cuidando de 400 animais. 


Veja a evolução do custo de produção ao longo do tempo na figura 1. Uma série de dezoito anos.



Nestes 18 anos, o custo de produção real (descontando a inflação) subiu 15,8%. Dos itens que compõem o custo, o que mais contribuiu para o crescimento foi o dispêndio com a mão-de-obra. Veja por que.


Em 1996, as despesas com o pessoal da fazenda respondia por 6,2% do custo de produção. Atualmente, representa 9,0%. Aumento de 45,1%, ou 2,8 pontos percentuais. 


A participação da compra de boi magro no custo foi o item que menos cresceu, aliás, ficou quase estável. Em 1996, representava 85,6% do custo, hoje, é responsável por 85,1%. Queda de 0,5 ponto percentual. Veja na figura 2.



As despesas com a mão-de-obra foi o item de custo que mais cresceu e é por isso que a bronca com o aumento dos salários está grande. 


O salário mínimo de 1996, cujo valor em dinheiro de hoje era de R$414,98 subiu 63,4% desde então. O valor atual está em R$678,00, veja na figura 3.


 


O preço da arroba do boi gordo, de 1996 até 2013, em valores reais, subiu 17,5%.


Em pesquisa recente, no projeto Rota da Pecuária, em 80 fazendas visitadas, pouco mais da metade delas (57,4%) treinavam seus funcionários. Figura 4. 



A qualificação e o custo da mão de obra estão no topo das reclamações. Alguns fazendeiros, cientes desse quadro assumiram um posicionamento avançado e estabeleceram plano de carreira para seus funcionários, premiações e bonificações (Rota da Pecuária). 


Considerações finais


O que está pegando é que a pecuária de corte sendo um negócio de baixa rentabilidade, qualquer aumento no custo é preocupante. Uma gestão eficiente para minimizar riscos e melhorar os lucros é indispensável, pois a tendência é de custos em elevação. 


Por outro lado, o aumento da renda familiar estimulou o consumo per capita de proteína animal. De 96 a 2013, o consumo brasileiro de carne bovina, suína e de frango, aumentou 51,8%, fantástico!  O consumo evoluiu de 69,6 quilos para 105,65 quilos, dados da Scot Consultoria, FAO e IBGE. Uma revolução silenciosa. Primeiro melhorar a dieta, segundo melhorar a educação.


O aumento dos salários é uma realidade na qual não podemos deixar de lado e que tem seus benefícios, contudo, a produção deverá estar alinhada com a capacitação da mão-de-obra para satisfação do indivíduo, melhoria de resultados e aumento da produtividade no campo.


Colaborou Alcides Torres, diretor da Scot Consultoria.


Colaborou Francisco Woolf, pesquisador da Scot Consultoria.


Colaborou Hyberville Neto, pesquisador da Scot Consultoria.



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