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Scot Consultoria

Carta Gestor - Oportunidade não é custo, mas não deve ser ignorada


Quarta-feira, 21 de agosto de 2013 - 16h32

A escolha de uma opção é a renúncia de outras. Esta regra, que vale não apenas para investimentos, guia a análise do custo de oportunidade.


O custo de oportunidade é o custo da opção, é o que se deixou de ganhar com uma escolha, pela opção de outra.  


Por exemplo, se um agricultor opta pelo milho para a primeira safra, um custo de oportunidade que pode ser considerado é o lucro que teria com soja.


Na prática não é um custo, é um indicador de outras opções para determinado ativo, seja ele capital, mão de obra ou imobilizado. Quando uma atividade supera o resultado das alternativas ou oportunidades, ela gera o chamado lucro econômico.


A figura 1 traz rentabilidades de algumas opções de investimento em 2012.



Obs: No caso das atividades agropecuárias, o resultado foi estimado com base em propriedades localizadas no Brasil Central.


Vale ressaltar que os patamares de risco das atividades comparadas têm que ser próximos, ou gerará uma análise utópica.


A rentabilidade média da pecuária de ciclo completo, com aplicação de tecnologia, foi estimada em 5,3% em 2012, enquanto os fundos de ações tiveram retorno de 16,6%.


No ano anterior, os fundos de ações tiveram resultado 17,9% negativo, enquanto a pecuária de ciclo completo, com aplicação de tecnologia, teve rentabilidade estimada em 6,5%.


A variabilidade de resultados é um importante indicador de risco de um investimento e deve ser analisada paralelamente à análise de retorno.


O custo de oportunidade da pecuária


No caso da pecuária, o capital imobilizado em terras, benfeitorias, maquinário e animais poderia estar em outro investimento.


Em uma análise conservadora, supondo que a venda da propriedade não seja considerada pelo produtor, pode-se fazer um raciocínio semelhante, no qual o custo de oportunidade contempla as demais atividades que podem ser trabalhadas naquela área.


Por exemplo, em propriedades com regime de chuvas abundantes, com relevo e terras de melhor qualidade, há a possibilidade de uso da área para agricultura. Isto porque o pecuarista possui a possibilidade de arrendamento para agricultura ou mesmo a migração de atividade.


Para uma fazenda com baixos índices pluviométricos ou relevo que impeça a mecanização, a agricultura intensiva deixa de ser uma oportunidade.


Quando a análise é feita em nível nacional, pode-se observar uma perda de áreas de pecuária para outras atividades.


Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB), entre 2002/2003 e 2012/2013 a área plantada com grãos no Brasil aumentou 21,2%, atingindo 53,3 milhões de hectares. A área com soja, por exemplo, aumentou 50,1%, chegando a 27,7 milhões de hectares.


No mesmo intervalo (2002 a 2012) a área de pastagens estimada pela Scot Consultoria diminuiu 2,9%, de 172,6 milhões para 167,6 milhões de hectares.


A pecuária tem cedido áreas para a agricultura. Esta migração ocorre via arrendamento, mudança de atividade ou mesmo venda da propriedade.


Qualquer que seja a via de mudança, ela passa pelo custo de oportunidade, pois em todas elas a pecuária perdeu espaço. No caso da venda, independente da causa, o pecuarista optou por sair da atividade.


Por outro lado, o rebanho bovino aumentou 20,7% no período, passando de 176,4 milhões para 212,8 milhões de cabeças, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).


Desta forma, a diminuição de área com crescimento do rebanho mostra que a pecuária tem se intensificado. Nestas áreas mais intensivas, tende a ocorrer melhoria do desempenho econômico e diminuição da pressão gerada pelas outras atividades.


Considerações finais


As alternativas a um investimento devem ser mantidas em pauta. Se o pecuarista, agricultor ou investidor não estiver na melhor opção disponível, seja qual for o motivo, deve ser de forma consciente.


Se um investimento gera lucro, o fato de este ser menor que o de outra atividade não piora o resultado.


A liquidez dos ativos, no caso da pecuária, é um ponto positivo para a atividade. Dependendo do momento, os meios de produção (fêmeas) se tornam produtos terminados, facilmente conversíveis em dinheiro, um privilégio de poucas atividades.


No caso das atividades agropecuárias, de maneira geral, a valorização da terra em longo prazo é um fator importante.


A escolha do investimento é por conta e risco do dono do dinheiro e as análises possuem dezenas de variáveis, que devem ser consideradas, o que impede generalizações.


No entanto, qualquer que seja a opção, deve ser racional e consciente, em relação aos prós e contras da atividade escolhida.



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