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Scot Consultoria

Carta Conjuntura - Tendências para o consumo de alimentos


Terça-feira, 8 de janeiro de 2013 - 17h59

Em 2012 as condições climáticas ao redor do mundo afetaram a produção de alimentos e, consequentemente, seus preços. Nos Estados Unidos ocorreu a pior seca dos últimos 50 anos, o que afetou cerca de 60% das culturas no país. O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) estima que os preços dos alimentos continuarão a subir nos próximos anos. A população mundial é crescente e a produção de alimentos não tende a aumentar na mesma proporção.


A variação nos preços dos alimentos afeta principalmente a população pobre, cuja renda é menor e a parcela da renda gasta com a alimentação é maior.



As relações do ser humano com os alimentos estão mudando. O apelo para a boa alimentação, principalmente devido às epidemias de obesidade e doenças relacionadas à má nutrição, promoveu as alimentações orgânicas e dietéticas. Com o aumento da população urbana e das maiores jornadas de trabalho, os alimentos industrializados e de fácil preparo ganharam destaque.
 


Atualmente, muitas redes de supermercado fidelizam seus clientes, oferecendo descontos, vantagens e o conforto de se fazer as compras pela internet, sem a necessidade da ida à loja. Com base nas mudanças de comportamento alimentar foram estimadas algumas tendências para os alimentos neste ano.


Sustentabilidade


Sustentabilidade é um termo que define as ações e atividades humanas que visam suprir suas necessidades sem comprometer o futuro das próximas gerações. Ou seja, está diretamente relacionada ao desenvolvimento econômico e social sem degradar o meio ambiente, utilizando os recursos naturais de forma inteligente para que eles se mantenham no futuro. 


O Conselho de Defesa dos Recursos Nacionais dos Estados Unidos estima que 40% dos alimentos produzidos no pais não são consumidos, o que representa US$165 bilhões. O volume significa 9 quilos de alimentos desperdiçados por cada cidadão americano, por mês. O conselho também estima que o desperdício de comida aumentou 50% em relação ao que se desperdiçava nos anos 70.


Em 2012, o parlamento europeu instaurou uma resolução para reduzir o desperdício de alimentos pela metade até 2020. Com a maior demanda por alimentos, ações como esta tendem a aumentar e se expandir para países em desenvolvimento, assim como a reeducação de consumidores e empresas que manipulam alimentos para que reduzam o hábito do desperdício.


Saúde e bem-estar


Um estudo publicado no Jornal de Nutrição e Dietética afirmou que os melhores níveis de consumos de frutas, grãos, fibras e leite estavam positivamente associados ao consumo frequente de alimentos, o que considera as refeições e lanches entre as refeições. Este foi o primeiro estudo que considerou como a alimentação mais fracionada contribui para a qualidade da dieta. A conclusão foi que pessoas que lancham entre as refeições possuem dietas mais saudáveis, com maior porcentagem de nutrientes.


A Organização de Alimentação e Agricultura das Nações Unidas (FAO) estima que a tendência é de que, nos próximos anos, parte da população, principalmente dos países desenvolvidos, consumam mais refeições com menor volume de alimentos, porém estes com maior qualidade de nutrientes.


Pesquisas publicadas no Canadá e nos Estados Unidos mostram que parte da população procura saber o que está consumindo. Nutrição e hábitos saudáveis de alimentação são tão prioritários quanto o sabor da refeição.


Proteínas


Por volta de 20% do peso corporal é composto de proteínas. Elas são essenciais à diversas funções do organismo, como a composição de tecidos corporais, carreamento de nutrientes e enzimas, entre outros. Nem todos os aminoácidos que compõem as proteínas são feitos pelo organismo, estes devem vir da alimentação. 


As carnes (peixe, aves e bovina), ovos, leite e derivados contém a maioria dos aminoácidos essenciais e são consideradas excelentes fontes proteicas.


O preço das commodities proteicas vem aumentando ao longo dos anos. O USDA estima que, em 2012, em função da seca, o preço da carne bovina e de frango tenha aumentado pelo menos 5% em relação ao ano anterior nos Estados Unidos. Os preços não devem cair neste ano, o que pode diminuir o consumo destes alimentos.


Alimentos processados e congelados


As mudanças nos hábitos alimentares são sensíveis. As pessoas procuram alimentos saborosos, fáceis de preparar e por um preço acessível. 


Dados do governo americano mostram que a demografia ajuda a explicar estas tendências. Metade dos consumidores que compram comida congelada estão acima de 55 anos. 


Em comparação com 2007, a porcentagem de consumidores destes produtos abaixo desta idade caiu, o que reflete a concepção das comidas congeladas como processadas, com sabor e nutrição duvidosas. 


A indústria alimentícia tem realizado mudanças nas embalagens e em seus produtos, utilizando os alimentos com pouco processamento, para remarcar o conceito de alimentos nutritivos que são congelados e não processados.


Tecnologia


A tecnologia mudou tudo. Com o advento dos tablets e smartphones, os consumidores podem saber detalhes sobre os alimentos, as empresas que os fabricam, encontrar produtos em promoção, ver os alimentos, comparar preços entre supermercados e comprar sem sair de casa. 


Alguns aplicativos podem comprovar se o alimento é orgânico, apontar susbstâncias alergênicas ou ingredientes que possam prejudar à saúde. 


A tendência é que os próximos aplicativos evoluam e consigam determinar se o alimento foi mantido na temperatura correta e se está livre de microrganismos patogênicos.


Transparência


Em anos recentes os consumidores tem se interessado de forma crescente pela origem dos alimentos que consomem, como e aonde eles são feitos e por quem. Nos Estados Unidos, as feiras livres aumentaram 17% em 2012, em relação a 2011.


Esta é uma forma de entrar em contato direto com quem, na maioria das vezes, cultiva os alimentos. 


Nos supermercados, os consumidores passam mais tempo lendo as informações sobre os alimentos e quem os fabrica. 


Os consumidores, principalmente de países desenvolvidos, tendem a procurar alimentos nutritivos, de fontes confiáveis, livres, microrganismos, defensivos agrícolas, entre outros, em conjunto com o entendimento do impacto da produção de alimentos no meio ambiente e no bem-estar animal.


Os esforços para a redução do desperdício de alimentos e aumento da produção, principalmente através do incremento de tecnologia, deverão aumentar. 


A FAO estima que, para alimentar a população mundial em 2050, a oferta de carne precisará ser de 470 milhões de toneladas e que 70% da produção será consumida nos países em desenvolvimento, os que crescem em maior ritmo.


Fonte: Supermarketguru. Por Phil Lempert. 26 de dezembro de 2012.


Tradução, adaptação e comentários de Pamela Alves, zootecnista e consultora de mercado da Scot Consultoria.



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