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Scot Consultoria

Carta grãos - A produção brasileira de grãos


Quarta-feira, 17 de outubro de 2012 - 16h22

Soja


Entre 2006 e 2010, o Brasil foi o segundo maior exportador de soja do mundo. A partir de 2006, o faturamento com as exportações de soja brasileira cresceu 24% ao ano, enquanto as exportações, em volume, aumentaram cerca de 6% ao ano nesse período. Este crescimento pode ser atribuído ao forte aumento dos preços da soja. De longe o mercado mais importante para a soja brasileira é a China, responsável por mais da metade das exportações nos últimos anos.


A soja é o motor do crescimento do agronegócio brasileiro. Os recursos naturais existentes no país fazem com que o produto nacional seja competitivo com o produzido em qualquer outro lugar do mundo. O Brasil e os Estados Unidos são os maiores produtores de soja, mas a competição entre estes países no mercado mundial é pouca, pois a demanda pelo produto ainda é menor que a produção.


Em função da seca nos Estados Unidos, há previsão de uma redução de até 100 milhões de toneladas na oferta de soja americana neste ano. Além da soja, os norte-americanos também tiveram queda na produção de milho de aproximadamente 80 milhões de toneladas de milho. Isso proporcionou ao Brasil maiores chances nas suas exportações.


Produção, consumo e comércio brasileiro


O Brasil é o segundo produtor de soja do mundo, cuja produção foi de 75 milhões de toneladas na safra 2010/2011, e exportação de 30 milhões de toneladas.


Segundo a ABIOVE (Associação Brasileira das Indústrias de Óleo Vegetal) a projeção para a safra 2012/13 é de que 30,5 milhões de toneladas sejam exportadas. Entretanto, a maior parte desse volume já foi embarcada, uma vez que as vendas estiveram mais aceleradas este ano e a última safra foi menor. Entre janeiro e julho deste ano, o Brasil exportou 27,5 milhões de toneladas. Na safra colhida no início de 2012, a seca afetou a produtividade no Sul, e o Brasil teve uma produção bem menor ante o recorde de cerca de 75 milhões de toneladas colhida em 2011.


Para a próxima safra, que será plantada em meados de setembro e com colheita no início de 2013, a Associação prevê uma produção recorde de 81,3 milhões de toneladas, o que permitiria a exportação recorde no ano agrícola 2013/2014. De acordo com a mesma entidade o Brasil será o maior produtor mundial enquanto os Estados Unidos não se recuperarem dos problemas climáticos que atingiram o país.


O Brasil exporta a maior parte da soja para a China. Entre 2006 e 2011 as exportações aumentaram 350% para este país. Em 2011 a China comprou 67% da soja exportada pelo Brasil, ou quase US$11 bilhões, em segundo lugar ficou a Europa, com US$2,7 bilhões.


O farelo de soja é exportado principalmente para a Europa, cerca de 70% do embarcado entre 2006 e 2011.


O óleo de soja é exportado principalmente para China, o preço do produto aumentou cerca de sete vezes entre 2007 e 2011. O país, que era responsável por comprar 9% do produto em 2006, passou a importar 36% do total em 2011.


Estrutura da indústria da soja


O Brasil se tornou um grande produtor de soja nos anos 70 e 80, quando foram desenvolvidas variedades adaptadas a temperaturas mais quentes. Dessa forma a produção pode se estender do Sul para o Centro-Oeste e Norte, onde havia grandes extensões de terras subdesenvolvidas. A região Centro-Oeste é a maior produtora de soja do país, representando 67% da produção em 2010.


O Centro-Oeste é o segundo produtor de soja do país, ocupando uma condição geopolítica que favorece a produção. A produção de soja tem alcançado, a cada ano, índices de produção cada vez mais elevados, decorrentes da inserção constante de tecnologia que ignora as questões de solo e climas.


O volume da produção de cereais, leguminosas e oleaginosas em 2012 deve ser de 62,8 milhões de toneladas na região Centro-Oeste, onde Mato Grosso lidera a produção nacional com participação de 23,1%. No Sul, o volume previsto é de 56,5 milhões de toneladas. Já a região Sudeste deve produzir 18,4 milhões de toneladas; o Nordeste, 16,4 milhões de toneladas; e o Norte, 4,5 milhões de toneladas.


Os produtores de soja estão olhando atualmente para o Norte e o Nordeste como principais regiões com potencial de produção, onde há pelo menos 20 milhões de hectares de pastagens degradadas que podem virar soja, principalmente Bahia, Tocantins Piauí, e Maranhão.


Milho


O Brasil é o terceiro exportador mundial de milho, atrás dos Estados Unidos e da Argentina. O faturamento com as exportações subiu de R$482 milhões em 2006 para R$2,70 bilhões em 2011. As exportações brasileiras estão dispersas entre um número grande de países, sendo a União Europeia, o maior importador, representando 10% em 2011. Outros mercados importantes para o milho brasileiro em 2010 foram: Irã, Taiwan, Japão, Argélia, Marrocos e Malásia.


O ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, anunciou em agosto 2012, o aumento de 13,2% das exportações brasileiras do agronegócio nos últimos doze meses. Nesse período, o Brasil exportou US$97 bilhões e importou cerca de US$17 bilhões, cifras que resultaram em um saldo positivo recorde de US$80 bilhões. Destaque para as vendas do milho em julho,  cuja expansão foi de 431,4% em relação ao mesmo período do ano passado.


A indústria de milho no Brasil


A produção de milho provavelmente irá aumentar, principalmente por causa de melhores rendimentos, mas também devido à expansão da área cultivada. Os Estados Unidos permanecerão, provavelmente, como maior exportador mundial de milho. Nos próximos anos, o forte crescimento na demanda mundial pode oferecer oportunidades para ambos os países expandirem a produção e as exportações.


Produção, consumo e comércio do milho brasileiro


A maior produção de milho brasileiro ao longo dos últimos 10 anos pode ser atribuída principalmente aos rendimentos que aumentaram quase 30% entre 2000/2001 e 2010/11. A área colhida também aumentou, mas em menor grau, contribuindo para o crescimento da produção mundial.


Segundo informações da Companhia Nacional do Abastecimento (CONAB), na safra 11/12, apesar da falta de chuvas que no verão prejudicou as lavouras nas regiões Sul e Nordeste do país, foram produzidas 165,9 milhões de toneladas, aumento de 1,9% em relação à safra anterior. O aumento foi garantido pelo avanço do milho de segunda safra, sobretudo em Mato Grosso.


Precificação do milho brasileiro


O mercado brasileiro de milho é afetado pelos mercados domésticos e internacionais. O aumento da exportação interrompeu um período de estabilidade de preços que estava beneficiando o crescimento da produção pecuária brasileira entre 2007 a 2010. Se os preços mundiais aumentarem rapidamente no futuro, o Brasil possivelmente aumentará as exportações, reduzindo a disponibilidade de milho e aumentando os custos de produção no setor da pecuária.


Uma característica distinta do mercado brasileiro de milho é a falta de integração de preço dentro do país. Custos elevados do transporte e as diferenças estruturais na oferta regional e a demanda criam diferenças dramáticas nos preços do milho em diferentes áreas produtoras.


Conclusão


A soja e o milho brasileiro estão entre as principais commodities agrícolas brasileiras. Com a quebra da safra norte-americana causada pelas adversidades climáticas os produtores enxergam uma oportunidade de melhores preços, o que poderá aumentar a área de plantio mundial de soja para a safra 2012/13.


O mercado do milho vivenciou uma mudança expressiva em suas expectativas conjunturais, tanto em nível Brasil quanto mundial, também devido ao aumento de preços. Isso aqueceu o mercado e trouxe novas expectativas aos produtores brasileiros.



Tradução e comentários de Rafael Ribeiro, com a colaboração de Paola Jurca Grígolli e Renato Bittencourt.


Tradução: Relatório do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA - sigla em inglês). Brasil: Fatores competitivos no Brasil afetando os Estados Unidos e as vendas agrícolas brasileiras em mercados de outros países.



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