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Scot Consultoria

A importância do alimento Halal do Brasil para o mundo


Terça-feira, 23 de junho de 2020 - 18h00

Engenheiro agrônomo e analista de mercado da Scot Consultoria


Foto: fambrashalal


No dia 17/06/2020 a Fambras Halal promoveu o Webinar com o tema: “A importância do alimento Halal do Brasil para o mundo”. Os palestrantes foram: Tereza Cristina (Ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento), Mohamed Zoghbi (Presidente da Fambras Halal), Ali Zoghbi (Vice-presidente da Fambras Halal), Rubens Hfpannun (Presidente da Câmara de Comércio Árabe-Brasileira), Deputado Federal Alceu Moreira (Presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária), Dra. Yana Dumaresq (Secretária Especial Adjunta de Comércio Exterior e Assuntos Internacionais do Ministério da Economia) e Grazielle Parenti (Presidente do Conselho Diretor da ABIA Associação Brasileira da Indústria de Alimentos).


O Webinar abordou a importância do alimento Halal do Brasil para o mundo. Foram discutidos assuntos como, qualidade do alimento Halal para a população árabe-islâmica, papel do consumidor atualmente, papel do Brasil tanto no cenário pandêmico como pós pandêmico e focando principalmente o papel da certificadora no Brasil e no Mundo.


A Fambras Halal foi a primeira empresa certificadora Halal no Brasil. No final da década de 1970, especificamente em 1979 a instituição auxiliou o Brasil na primeira exportação de frango Halal, um  pequeno volume de 650 toneladas, comparado aos volumes atuais exportados, porém hoje o mercado Halal é expressivamente importante para o agronegócio brasileiro, tanto como região (57 países da OCI, Organização para a Cooperação Islâmica) quanto na representatividade das exportações do agro brasileiro (20%).


O Brasil é o maior produtor e exportador de proteína Halal do mundo. É o principal fornecedor de alimentos para os países da OCI. A participação brasileira no mercado de alguns países da OCI chega a aproximadamente 75% de acordo com a Ministra da Agricultura.


Em 2019 as vendas do agronegócio brasileiro para os países da OCI foram de 16 bilhões de dólares. De janeiro a maio deste ano a exportação foi de 6,4 bilhões de dólares, comparado aos 6,7 bilhões de dólares no mesmo período do ano passado, uma redução de 4,47% em faturamento.


Esta redução não diz necessariamente que foi devido à pandemia, houve uma retração também na importação de alguns países em razão da queda do preço do petróleo. Além disso, alguns movimentos protecionistas acontecem em todo o mundo e isso não seria diferente nos países da OCI.


De acordo com a Câmara de Comércio Árabe-Brasileiro existem 1,8 bilhão de consumidores Halal no mundo, estima-se que essa população crescerá 73% até 2050 alcançando 2,76 bilhões de pessoas, o que equivalerá a quase 30% da população mundial, uma grande oportunidade para o Brasil, já um sólido exportador Halal.


Importante salientar que o Brasil e os países árabes possuem uma relação comercial sólida, sendo que cerca de 70% dos produtos tem origem no setor agropecuário.


Estima-se que o mercado Halal gere direta e indiretamente 1,5 milhão de empregos no Brasil. Em 2018 o Brasil exportou 2,3 milhões de toneladas de proteína animal para os países islâmicos.


A Ministra afirmou ainda que acredita que o laço com os países islâmicos pós pandemia se fortalecerá ainda mais devido aos acordos celebrados, mesmo no período pandêmico.


Por parte dos membros da Fambras, o Brasil saiu de um simples parceiro comercial para um parceiro-chave para este mercado. Aproveitamos este gancho para destacar que dentro do mercado Halal existe um ranking de países exportadores, que foi criado pelo Centro de Desenvolvimento Econômico Islâmico em Dubai.


Segundo explicou o presidente da Câmara de Comércio Árabe-Brasileira, Rubens Hannun, esse ranking envolve 73 países e considera 49 métricas, sendo algumas delas, produção, governança e aspectos sociais.


Em 2014, o Brasil ocupava o 6o. lugar, passando para o 3o. lugar em 2018, atrás apenas dos Emirados Árabes e Malásia, mostrando que não é só no futebol que ficamos no topo das tabelas das competições.


O que chama a atenção dos países exportadores para o mercado Halal é o fato de países não islâmicos exigirem esta certificação pela qualidade e segurança alimentar dos alimentos certificados com este selo, sendo uma porta de entrada para exportação para novos países. Atualmente existem 25 países não islâmicos importando essas proteínas do mercado Halal.


Acredita-se que a segurança alimentar dará ao Brasil assentos nas principais mesas sobre alimentos no mundo.


A segurança alimentar foi a tecla mais apertada e discutida nesse Webinar, afirmando que este “novo-velho” mercado não é somente rigoroso por questões religiosas e sim pela segurança e qualidade que, de acordo com os países árabes, vem sendo bastante questionado pelos consumidores.


Outro ponto importante comentado no encontro foi que desde 2015, 50% do frango exportado tem o certificado Halal, contra 30% na carne bovina, sendo que 17% do mercado de alimentos e bebidas no mundo apresentam certificado Halal.


Figura 1. Exportação de carnes de aves e suas miudezas comestíveis, frescas, refrigeradas ou congeladas



Fonte: Comex


Considerações finais


O embaixador Orlando Ribeiro, que substituiu a Ministra Tereza Cristina, reiterou que o MAPA é responsável pela fiscalização dos frigoríficos e a certificação é feita por empresas privadas ficando a critério do mercado a ser atendido.


O sistema Halal tem exigências criteriosas para atender o mercado islâmico e não islâmico, com algumas mudanças nas formas dos abates e a presença de uma equipe de sangradores muçulmanos.


De acordo com o Ali Saifi, Diretor-Executivo da Cdial Halal quando entrevistado pela equipe da Scot Consultoria confirmou que “O maior benefício que podemos oferecer é a qualidade do produto Halal, além da obtenção de abertura de mercado de quase 2 bilhões de muçulmanos no mundo. Esta comunidade só consome se tiver a certificação Halal”.


Ou seja, é interessante acatar as exigências do consumidor islâmico devido ao tamanho do mercado. 



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