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Scot Consultoria

Morreu Ana Maria Primavesi


Terça-feira, 7 de janeiro de 2020 - 08h30

Jornalista e publicitário, escritor, especialista em comunicação e marketing no agronegócio.


Camila, Odo, Ana Maria Primavesi e Maria Cândida (arquivo de família)


Domingo, 5 de janeiro de 2020.


Recebi hoje de Virgínia Knabben, biógrafa de Ana Maria Primavesi, a notícia que transcrevo abaixo na íntegra, sobre o falecimento do mito, mãe de meu amigo Odo Primavesi. Ao Odo e à sua esposa Ana Cândida, à neta Camila, à filha Carin, com quem residia em São Paulo, e demais membros e amigos da família, minhas mais profundas condolências pela perda inestimável desse ser humano notável que foi a Dra. Ana Maria Primavesi.


Um jatobá que tomba, centenário


Nossa querida Ana Maria Primavesi faleceu hoje, aos 99 anos de idade. Quase um século de vida, cerca de 80 anos dedicados à ciência no e do campo. Descansa uma mente notável, uma mulher de força incomum e um ser humano raro.

Afastada de suas atividades desde que passou a morar em São Paulo com a filha Carin, Ana recolheu-se.

Quase centenária, era uma alma jovem num corpo envelhecido que, mesmo se tivesse uma vitalidade para mais 200 anos, não acompanharia uma mente como a dela.

Annemarie Baronesa Conrad, seu nome de solteira, desde pequena apaixonou-se pela natureza, inspirada pelo pai. Naturalmente entrou para a faculdade de agronomia, mesmo Hitler tentando fazer com que as “cabeças pensantes” desistissem de estudar. Ela não só era uma das raras mulheres na faculdade como também aquela que destacou-se por seu talento natural em compreender o invisível: a vida microscópica contida nos solos.

Nestes 99 anos de vida, enfrentou todas as perdas que uma pessoa pode sofrer: irmãos, primos e tios na Segunda Guerra. Posteriormente, pai, mãe, marido. E seu caçula Arturzinho, a maior das chagas, que é perder um filho. Sua morte hoje, causada por problemas relacionados ao coração, encerra uma vida de lutas em vários âmbitos, o principal deles na defesa de uma agricultura ecológica, ou Agroecologia, termo que surge a partir de seus estudos e ensinamentos. Não parece ser à toa que esse coração, que aguentou tantas emoções (boas e ruins) agora precise descansar.

Nosso jatobá sagrado, cuja seiva alimentou saberes e por sob a copa nos abrigamos no acolhimento de compreendermos de onde viemos e para onde vamos, tomba, quase centenário. Ele abre uma clareira imensa que proporcionará ao sol debruçar-se sobre uma nova etapa, a da perpetuação da vida. E dos saberes que ela disseminou.

Antes de tombar, nosso jatobá sagrado lançou tantas sementes, mas tantas, que agora o mundo está repleto de mudas vigorosas, prontas a enfrentar as barreiras que a impediriam de crescer. Essas mudas somos todos nós, cada um que a amou em vida, cada um a seu modo.

Nossa gratidão pelo legado único que nos deixa essa árvore frondosa, cuja luta pelo amor à natureza prevaleceu. A luta passa a ser nossa daqui em diante, uma luta pela vida do solo, por uma agricultura respeitosa, por uma educação que se volte mais ao campo e suas múltiplas relações.

Ana Primavesi permanecerá perpetuamente em nossas vidas.
Como diz nosso querido amigo Fabio Santos, parafraseando Che Guevara:  Os poderosos podem matar uma, duas ou três rosas, mas jamais conseguirão deter a Primavesi inteira.”

O velório e o enterro ocorrerão no cemitério de Congonhas. Velório a partir das 10:00. Enterro às 16:30. Rua Ministro Álvaro de Sousa Lima, 101 – Jardim Marajoara São Paulo capital.



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