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Scot Consultoria

Pragas da pastagem: cochonilhas que atacam pastagens - parte II


Terça-feira, 16 de abril de 2019 - 05h55

Zootecnista, professor em cursos de pós-graduação nas Faculdades REHAGRO, na Faculdade de Gestão e Inovação (FGI) e nas Faculdades Associadas de Uberaba (FAZU); Consultor Associado da CONSUPEC - Consultoria e Planejamento Pecuário Ltda; Investidor nas atividades de pecuária de corte e de leite.


Foto: Scot Consultoria


Dando continuidade ao artigo sobre pragas da pastagem (veja aqui a parte 1), agora abordando a praga cochonilhas que atacam pastagens. 

A cochonilha-das-pastagens ou dos capins, espécie Antonina graminis, é um inseto sugador de seiva da planta, de corpo ovalado e de cor vermelho escuro/arroxeada, medindo cerca de 3mm de comprimento por 1,5mm de largura, apresentando o corpo envolto por uma substância cerosa branca de conformação semelhante a um saco. Desenvolve-se bem na amplitude de temperatura que vai entre 24 e 29°C.

Ao contrário do que ocorrem com as cigarrinhas que atacam pastagens, elas são mais prejudiciais na estação da seca, mas podem aparecer em qualquer época do ano desde que as temperaturas não sejam muito altas (acima de 29°C) ou muito baixas (abaixo de 2°C) já que a cada 10 semanas surge uma nova geração (5 gerações por ano).  A sua dispersão ocorre pelo homem, pelo vento e por outros insetos, como as formigas.

No Brasil esta praga foi identificada pela primeira vez na Bahia em 1944, depois em 1964 no Pará e em 1966 em São Paulo.

Esta praga foi muito conhecida dos pecuaristas, técnicos e pesquisadores nas décadas de 60 e 70 quando houve uma aceitação muito grande pelas forrageiras das espécies Chloris gayana, conhecida por capim-de-rhodes e Digitaria decumbens, cultivares Pangola e Transvala. O Pangola comum foi muito atacado por esta praga e esta foi uma das razões da sua substituição por outras gramíneas.

Ainda foram relatados ataques esporádicos em pastagens dos capins angola (Brachiaria mutica), colonião (Panicum maximum), gordura (Melinis minutiflora). Entretanto na última década os relatos de pecuaristas e técnicos do ataque desta praga em outras gramíneas têm aumentado bastante. Primeiro na Brachiaria hibrida cultivar Convert HD 364, mais recentemente nos cultivares de Brachiaria humidicola, apesar de haver dados de pesquisas sobre o ataque nesta última espécie na década de 80. A pesquisa já identificou o ataque desta praga em mais de 90 variedades de gramíneas. No semi-árido do norte de Minas Gerais e dos estados do Nordeste as cochonilhas são bem conhecidas como a principal praga da palma forrageira, entretanto é outra espécie, a Dactylopius coccus, conhecida por cochonilha-do-carmim. 

A cochonilha aloja-se nos perfilhos do capim, concentrando-se principalmente junto aos nós dos colmos (caules ou hastes), sob a bainha das folhas, próximo às gemas, podendo formar grupos de até 10 cochonilhas por nó e aí suga os colmos desde o colo (ou coleto) da planta, podendo secá­-la e até mesmo matá-la quando as populações da praga são altas. Numa avaliação visual da área atacada os sintomas se parecem com os efeitos provocados pela geada ou pela aplicação de um herbicida dessecante. Os danos causados por esta praga são acentuados por erros no manejo da pastagem. A redução na produção de forragem tem variado entre 20 e 38% com 11 a 15 cochonilhas por perfilho. A amostragem para a classificação dos níveis de controle e de danos é feita coletando 10 colmos por área homogênea. 

Como métodos de controle, é preciso adotar o manejo integrado de pragas (MIP), manejo recomendado para o controle de qualquer espécie de praga. Deve fazer parte do MIP a adoção dos métodos preventivo (sementes de alta porcentagem de pureza e tratadas com inseticidas; limpeza de roupas, máquinas, veículos e implementos), cultural (diversificação das espécies forrageiras, estabelecimento correto da pastagem, manejo correto do pastejo, correção e adubação do solo etc.), mecânico (preparo correto do solo no período da seca para o estabelecimento de pastagem), biológico, fisiológico, químico. 

O controle químico foi avaliado desde a década de 50, mas os resultados têm sido erráticos. Os melhores resultados foram com inseticidas sistêmicos. O controle biológico tem sido feito, com sucesso, com a disseminação, na área, do inimigo natural Neodusmetia sangwani, desde as décadas de 60 (EUA, México e Brasil, introduzida na Universidade de Cruz das Almas, Bahia) e 70 (Israel). Trata-­se de uma vespinha de 1 mm de comprimento, muito eficiente no controle dessa cochonilha, que pode ser obtida no Instituto Biológico de São Paulo, em Campinas, SP. Esta vespinha evita a reprodução da cochonilha por colocar seus ovos no interior do corpo desta praga.



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