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Scot Consultoria

Confinamento de bovinos - cenários para o segundo semestre


Quinta-feira, 21 de junho de 2018 - 05h55

Engenheira agrônoma, formada pela Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz" - ESALQ, da Universidade de São Paulo. É analista de mercado da Scot Consultoria. Pesquisadora de mercado nas áreas de boi, leite e grãos. Ministra aulas, palestras, cursos e treinamentos nas áreas de mercado do boi, grãos e assuntos relacionados à agropecuária em geral.


Foto: Scot Consultoria


Breve retrospectiva


Vindo de um 2017 desafiador para o pecuarista no qual diversos fatores externos impactaram o mercado pecuário, tais como o retorno do Funrural, operação Carne Fraca e a delação dos irmãos Batista, os primeiros meses de 2018 foram marcados pela desvalorização da arroba do boi gordo e da carne no atacado.


Considerando a praça de Araçatuba-SP, de janeiro a maio a cotação da arroba do boi gordo caiu 4,13% (figura 1).


Figura 1.
Cotação da arroba do boi gordo em reais, livre de Funrural, praça de Araçatuba-SP.
Fonte: Scot Consultoria – www.scotconsultoria.com.br


Para a carne sem osso no atacado, analisando os preços médios mensais e, as desvalorizações aconteceram até abril, reagindo em maio e mostrando melhora na demanda pela carne.


Figura 2.
Preço médio da carne sem osso no atacado em R$/kg, em São Paulo.
Fonte: Scot Consultoria – www.scotconsultoria.com.br


E em meio a esses cenários, como fica a tendência para o confinamento a partir de agora?


Milho e farelo de soja


Fatores econômicos e políticos influenciaram o preço e oferta desses dois principais insumos que compõem a dieta de bovinos.


São eles:


·  Conflito comercial entre EUA x China, provocando a elevação da cotação do farelo no mercado internacional;


·  Aumento do dólar, saindo de R$3,209 na média de janeiro para R$3,626 na média de maio, o que beneficiou a exportação;


·  Quebra de safra argentina, maior exportadora de farelo de soja do mundo.


·  Condições climáticas adversas nos principais estados brasileiros produtores de grãos;


·  Paralisação dos caminhoneiros; que devido a dificuldade de escoamento dos insumos, pressionaram as cotações para cima.


Esses fatores pressionaram para cima os preços do milho no primeiro semestre de 2018.


Figura 3.
Média mensal do preço do milho, Campinas-SP, R$/saca 60kg.



Fonte: Scot Consultoria – www.scotconsultoria.com.br


Por outro lado, a maior disponibilidade de milho com a segunda safra, tende a diminuir a pressão de alta sobre o preço no segundo semestre, mesmo 2018 sendo um ano de alta.


Farelo de soja


A cotação do farelo de soja varia de acordo com as flutuações da soja em grãos. Nos primeiros cinco meses deste ano o aumento das cotações foi de 24,01%, passando de R$1101,67/t em média em janeiro para R$1449,80 em média em maio, de acordo com dados da Scot Consultoria.


Outro ponto importante, apesar da produção de soja 3,3% maior que na safra passada, a expectativa é que o Brasil exporte 15,6 milhões de toneladas de farelo, o que equivale a um desempenho 11,7% melhor que em 2017.


Isso em decorrência da menor oferta do insumo no mercado internacional em função da quebra de safra argentina.


Figura 4.
Média mensal da cotação do farelo de soja em São Paulo, R$/tonelada e preço médio mensal da soja em R$/saca de 60kg.
Fonte: Scot Consultoria – www.scotconsultoria.com.br


Não podemos descartar a hipótese de acontecer fatos atípicos que interfiram na flutuação de preços como aconteceu no primeiro semestre, porém, aguarda-se um decorrer 2018 e início de 2019 com preços menos pressionados quando comparados ao primeiro semestre de 2018.


Reposição


A variação de preços de bovinos para reposição do rebanho, está diretamente associada ao abate de fêmeas. O aumento da participação de fêmeas no abate de bovinos provoca alta de preços da reposição nos anos subsequentes.


Figura 5.
Participação de fêmeas no abate de bovinos e cotação do boi magro, em São Paulo.
Fonte: IBGE/Scot Consultoria – www.scotconsultoria.com.br


Em 2017 o aumento do abate de fêmeas foi de 4,94% em relação a 2016, dessa forma para os próximos anos deveremos ter menor oferta de bezerro o que deverá trazer valorização nas cotações no mercado de reposição. O pecuarista que investiu em reposição em 17/18 poderá ter bons resultados na hora da venda do boi gordo, tendo em vista que em 2019 ou 2020 o mercado deverá estar em seu ciclo de alta dos preços.


Considerações finais


Para o segundo semestre, a expectativa é de preços menos pressionados para o milho e para o farelo de soja. Boa oportunidade para o confinador adquirir esses insumos.


Em curto prazo, o mercado sentirá os efeitos de eventos como greve dos caminhoneiros, pois levará um tempo para que oferta demanda voltem à normalidade.


Após isso, a expectativa é de firmeza tanto na ponta atacadista, por causa de eventos como copa do mundo e eleições, que aumentam a demanda pela carne, como para a arroba do boi.


Referências


IBGE. Sistema IBGE de Recuperação Automática - SIDRA. Disponível em: . Acesso em: 04/06/2018.


USDA. United States Department of Agriculture. World Agricultural Supply and Demand Estimates. Disponível em:


< https://www.usda.gov/oce/commodity/wasde/latest.pdf>. Acesso em: 04/06/2018.


Artigo previamente publicado na edição de junho da revista Agropecuária Coopercitrus



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