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PIB do 3º trimestre/16 confirma que a recuperação deverá ser bastante morosa, conforme esperávamos


Quarta-feira, 30 de novembro de 2016 - 16h42

Parallaxis Consultoria - informações sob indicadores econômicos em geral.



Fonte: FGV


O IBGE divulgou hoje pela manhã o PIB do 3o trimestre de 2016, que apresentou contração de -0,8% na passagem do 2o trimestre/16 para o 3o trimestre/16, com ajuste sazonal. Na comparação com o mesmo período do ano passado, o PIB brasileiro encolheu -2,9%, levando o PIB brasileiro a R$6,19 trilhões, em valores correntes no acumulado em quatro trimestres, encerrados em setembro/16.


Em relação as nossas projeções, na comparação com o trimestre imediatamente anterior, o resultado veio em linha, dado que esperávamos contração de 0,8%, ajustado sazonalmente. Na comparação com o mesmo trimestre do ano anterior, o resultado também foi praticamente o esperado, dado que projetávamos recuo de 3,0% neste modo de comparação.


Veja os detalhes da abertura das principais variáveis do PIB na tabela abaixo:


Figura 1.


Principais variáveis do PIB



Fonte: Parallaxis


A taxa de Investimento (FBCF/PIB) neste 3o trimestre ficou em 16,5%, recuando em relação ao mesmo período do ano anterior quando havia registrado 18,2%. De maneira análoga, a taxa de Poupança em relação ao PIB recuou, de 15,3% para 15,1% na comparação trimestral.


Na comparação com o 2o trimestre de 2016, na ótica da oferta, o PIB da Agropecuária recuou 1,4%, a indústria contraiu 1,3% e os serviços retrocederam 0,6%.


No PIB Industrial, o setor da indústria Extrativa mineral contribuiu positivamente, avançando 3,8%, em função do avanço da extração de petróleo e gás natural. Por outro lado, recuaram a indústria de Transformação (-2,1%) e a Construção (-1,7%), enquanto a Atividade de eletricidade e gás, água, esgoto e limpeza urbana recuou (-0,2%), de maneira mais branda. No PIB de Serviços, Transporte, armazenagem e correio (-2,6%), Outros serviços (-1,0%), Intermediação financeira e seguros (-0,6%) e Comércio (-0,5%) recuaram. Por sua vez, Serviços de informação avançou 0,5%, enquanto serviços de Administração, saúde e educação pública (-0,1%) e de Atividades imobiliárias (0,0%) ficaram praticamente estáveis.


Pela ótica do Consumo, a formação bruta de capital fixo voltou a retrair (-3,1%) após o resultado positivo (+0,5%) neste modo de comparação no trimestre passado, conforme esperávamos, dada a elevada ociosidade na economia e a valorização do Real frente ao Dólar. Por sua vez, o Consumo das famílias (-0,6%) apresentou sua sétima retração. De maneira análoga, o Consumo do governo recuou 0,3%. No que tange o setor externo, as exportações de bens e serviços recuaram 2,8%, e as importações de bens e serviços -3,1%.


Na comparação com o 3o tri do ano passado, na ótica da oferta, o PIB agropecuária retraiu 6,0%, enquanto a Indústria recuou 2,9% e os Serviços -2,2%. A retração do PIB agro pode ser explicada pela retração de algumas culturas relevantes no 3o trimestre de 2016, tais como milho (-25,5%), algodão (-16,9%), laranja (-4,7%) e cana de açúcar (-2,0%), recuos parcialmente compensados pelos avanços nas lavouras de Café (11,0%) e mandioca (3,8%).


Na indústria, destacaram-se negativamente a indústria da Transformação (-3,5%), a Construção Civil (-4,9%) e a Extrativa Mineral (-1,3%). A primeira influenciada principalmente pelos recuos nas produções de máquinas e equipamentos, automóveis, produtos metálicos, vestuário, fármacos, moveis e equipamentos de informática. Já a Extrativa, teve sua produção influenciada pela queda na extração de minérios de ferro. De maneira oposta, indústria de Eletricidade e gás, água, esgoto e limpeza urbana avançou 4,3% em virtude da baixa base de comparação, devido ao desligamento das termelétricas no mesmo período do ano anterior.


Já em Serviços, as atividades que apresentaram contração foram Transporte, armazenagem e correio (-7,4%), o Comércio (-4,4%), Intermediação financeira e seguros (-3,3%), Outros serviços (-2,5%) e Serviços de informação (-1,5%). Por outro lado, o PIB das Atividades imobiliárias e da Administração, saúde e educação pública ficaram praticamente estáveis, ambos com 0,1%.


Na ótica da despesa, todos os componentes da demanda doméstica recuaram pela sexta vez consecutiva. A formação bruta de capital fixo recuou 8,4%, a despesa de consumo das famílias -3,4% e a despesa de consumo do governo -0,8%. Já no setor externo, as exportações de bens e serviços avançou 0,2%, enquanto as importações de bens e serviços retraíram em 6,8%, ambos influenciados pela valorização do Real. Entre os produtos e serviços da pauta de exportações, as maiores quedas foram observadas na agropecuária, siderurgia e extrativa mineral. Já entre as importações, as maiores quedas foram máquinas e equipamentos, siderurgia, indústria automotiva, borracha, plástico, eletroeletrônicos, confecções e calçados.


A contribuição menos intensa, ou na verdade irrisória, do setor externo não nos surpreendeu. A valorização cambial que vinha acontecendo desde meados do 1o tri deste ano atrapalhou o recente dinamismo que a desvalorização no ano anterior havia criado. De tal sorte, acreditamos ser importante a manutenção, mesmo que através de intervenções no câmbio, de uma taxa de câmbio competitiva para nossos produtos industrializados, de maneira com que possa num futuro próximo contribuiu como rota de fuga para a crise.


Figura 2.


PIB total dos anos de 1997 até 2016



Fonte: IBGE- Elaboração: Parallaxis Consultoria


No acumulado em 4 trimestres, os resultados que levaram à queda de 4,4% do PIB foram: Agropecuária (-5,6%), Indústria (-5,4%) e Serviços (-3,2%). Na Indústria, somente a atividade de Eletricidade e gás, água, esgoto e limpeza urbana (4,4%) avançou. A indústria da transformação retraiu 8,0%, seguida pela construção (-4,6%) e pela extrativa mineral (-4,8%). No PIB de Serviços houve recuo de 8,5% no comércio, e nas atividades de Transporte, armazenagem e correio (-7,5%), outros serviços (-3,4%), serviços de informação (-3,2%), intermediação financeira e seguros (-2,1%), enquanto a Administração, educação pública e saúde pública avançou 0,2% e as Atividades imobiliárias permaneceram estáveis (0,0%).


Na análise da despesa, destacam-se os fortes recuos da formação bruta de capital fixo (-13,5%) e da despesa de consumo das famílias (-5,2%). A despesa de consumo do governo (-0,9%) também recuou. A intensa queda do consumo das famílias pode ser explicada pela deterioração dos indicadores de emprego e renda, crédito restritivo e juro real mais elevado, tudo isso em meio a um processo de desalavancagem do setor privado.


No setor externo, as exportações de bens e serviços cresceram 6,8%, enquanto as importações de bens e serviços recuaram 15%.


O resultado do PIB do 3o Trimestre/16 confirmou que a recuperação econômica deverá ser bastante letárgica. De tal sorte, vemos o PIB retornando ao território positivo na comparação interanual apenas a partir do 2o trimestre de 2017. Para este ano, nossa expectativa de retração do PIB é de -3,4%. Já para 2017, incorporando os dados econômicos mais recentes, bem como esta divulgação do PIB, revisamos nossa expectativa de crescimento de 0,8% para 0,6%.


Por fim, a mera elevação da confiança não foi suficiente para resgatar o crescimento no 3o trimestre, tampouco será no 4o. O que determina a realização de investimentos, além da taxa de juros, é o retorno do capital frente a demanda agregada futura, esperada no momento de realização dos investimentos. E, ainda seguimos com forte tendência de queda na renda dos trabalhadores, que por sua vez contrai a demanda. Simultaneamente, o crédito segue restritivo, postergando a retomada mais intensa da atividade.


Por fim, mas não menos importante, a taxa de juros real precisa recuar de maneira mais veloz, não permitindo que a política monetária siga tão contracionista, de modo que possibilite a retomada dos investimentos de maneira mais ampla e permita a desalavancagem do setor privado. Tal processo de desalavancagem ainda não se concluiu e o crédito caro e altamente restritivo tem contribuído para que esse processo se estenda por mais tempo. 



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