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Scot Consultoria

Esfriaram os negócios com terras no país


Sexta-feira, 29 de janeiro de 2016 - 09h30

Zootecnista pela Universidade Estadual Paulista (UNESP) - Ilha Solteira. Mestre em Administração de Organizações Agroindustriais pela Universidade Estadual Paulista - UNESP, Campus de Jaboticabal. Consultor e analista da Scot Consultoria. Coordena as divisões de pecuária de leite, grãos, insumos, avaliação e perícia. Ministra aulas, palestras, cursos e treinamentos nas áreas de mercado de leite, boi, grãos e assuntos relacionados à agropecuária em geral. Editor-chefe da Carta Leite, da Carta Grãos e do Relatório do Mercado de Leite, publicações da Scot Consultoria.



A economia e a política enfraquecidas e as incertezas com relação aos preços agrícolas diminuíram os negócios com terras no país em 2015.


Os compradores não estão dispostos a pagar os preços vigentes, em patamares elevados, em função da valorização nos últimos anos. O mercado de terras foi de baixa liquidez, com a ponta compradora bastante tímida.


O investidor ficou cauteloso e as consultas se restringiram a praticamente áreas com alto potencial produtivo, onde o hectare é mais barato, comparativamente.


Em muitas regiões de agricultura “mais nova”, onde as valorizações do hectare foram evidentes nos anos anteriores, o cenário foi de estabilidade de preços de terras em 2015.


A falta de crédito, os juros maiores e o aumento dos custos de produção também repercutiram negativamente na expansão das lavouras em 2015/2016, inclusive nas regiões de fronteiras agrícolas, como o Matopiba, que abrange os estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia.


Na safra atual, a área plantada de soja, principal cultura no Brasil, teve o menor crescimento dos últimos quatro anos. Veja a figura 1.



Outro fator que afastou os investidores, em particular na região Nordeste, foi o clima adverso.


Os últimos ciclos foram de estiagens, que afetaram os rendimentos agrícolas, inclusive no Oeste da Bahia, maior produtor de grãos da região.


Mesmo diante desses eventos climáticos, que fez aumentar a oferta de terras na região, as propriedades com alto potencial produtivo continuam procuradas e com tendência de valorização em médio e longo prazos. Atualmente, o que tem limitado a alta de preços em todo o Matopiba é a indefinição politica e econômica do país.


Segundo levantamento da Scot Consultoria, no extremo Oeste da Bahia, o hectare de terra com agricultura custa, em média, R$9,1 mil, chegando até R$21,0 mil por hectare, dependendo da infraestrutura e localização.


Fatores como a proximidade da malha viária, o grau de tecnificação das propriedades, produtividade, solo, culturas predominantes, agroindústrias, portos, relevo, dentre outros, precificam as terras.                                          



Ainda com relação às fronteiras agrícolas, tem sido comum nos últimos anos a atuação de grandes grupos empresariais, com aquisição de imóveis rurais por pessoa jurídica. Porém, a queda da atratividade de investimento do país, afastou esse perfil de negociador, o que prejudicou o mercado de terras na região.


Com relação aos preços, apesar da baixa movimentação e poucos negócios concretizados, o cenário foi de manutenção das cotações de terras agrícolas na maior parte do país.


Abaixo, as cotações de terras com agricultura em outras importantes regiões produtoras do país.



Outro indicador importante de que os negócios com terras esfriaram são os arrendamentos.


Ao contrário do preço para compra e venda da terra, que não está necessariamente relacionado à conjuntura, o arrendamento absorve os reveses da economia e do mercado de commodities. Os contratos normalmente estão atrelados aos preços dos produtos agrícolas, em especial a soja.


Com a desvalorização dos grãos (lembrando que só no segundo semestre os preços voltaram a subir em função do câmbio), que pressionou as margens do produtor, os contratos de arrendamento passaram a ser renegociados, com valores menores.


Em Mato Grosso, na região de Nova Mutum e Lucas do Rio Verde, os negócios com arrendamentos para grãos (áreas produtivas) que giravam em torno de 12 a 13 sacas de soja por hectare em 2013 e 2014, caíram para 9 ou 10 sacas por hectare em 2015.


Para 2016, a expectativa é de que os preços de terras se mantenham firmes, mas não são esperadas valorizações, em função do quadro econômico do país ainda patinando no próximo ano e maior cautela do lado do investidor.


O dólar valorizado tem impactado nos preços das principais commodities agrícolas, o que deve contribuir para dar sustentação também aos preços dos contratos de arrendamento.


A soja valorizada no mercado brasileiro pode ser um fator de aumento da procura de terras para esta finalidade na temporada seguinte (2016/2017), por outro lado, os custos de produção devem seguir em alta, atuando como fator limitante de expansão.


Com o crédito agrícola caro e escasso, ficou difícil produzir. Por outro lado, em tempos de crise, a terra é sempre uma importante reserva de capital.



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