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Scot Consultoria

Imigrantes entre a direita xenófoba e a esquerda anti-ocidental


Terça-feira, 8 de setembro de 2015 - 11h46

Problemas sociais - soluções liberais
Liberdade política e econômica. Democracia. Estado de direito. Estado mínimo. Máxima descentralização do poder.


"Consideramos estas verdades como auto-evidentes, que todos os homens são criados iguais, que são dotados pelo Criador de certos direitos inalienáveis, que entre estes são vida, liberdade e busca da felicidade."


Essa frase, base da declaração de independência dos Estados Unidos da América, precisa ser revisitada de tempos em tempos, para lembrarmos que existem alguns valores humanos fundamentais e inegáveis.


A comovente foto (imagem forte) do corpo sem vida do menino sírio, estirado na costa da Turquia, é certamente um motor de reflexão sobre esses direitos inalienáveis. Eu, como pai de um filho de três anos, imediatamente enxerguei naquele menino todo o amor que tenho pelo meu filho, e fiquei despedaçado.


A crise humanitária pela qual passa o Oriente Médio não é de hoje e é muito mais complexa do que um artigo poderia explicar ou aprofundar. São problemas de ordem religiosa, cultural e econômica que, quanto mais países estrangeiros tentam intervir, pior fica. Mas certas coisas podem ser ditas, ainda que de maneira superficial, baseadas em simples observação dos fatos.


Essa família destruída, de origem Síria, é apenas mais um grupo de pessoas que foram engolidas por uma horrível guerra civil, cuja ligação direta com a invasão americana ao Iraque é inegável. A queda de Saddam Hussein resultou em um Iraque dilacerado entre sunitas, xiitas e curdos. Dessa divisão, dentro da facção sunita, nasce o Estado Islâmico e seu fundamentalismo total. A guerra se alastra para países vizinhos, em especial a Síria, após a "Primavera Árabe", e hoje a Síria está fatiada basicamente entre a coalizão de Bashar Al Assad (com apoio de Hezbollah e Irã), uma oposição heterogênea, o Estado Islâmico e os curdos, custando centenas de milhares de vidas e de desabrigados.


Muito se critica uma suposta complacência liberal/libertária de não-intervenção quanto a países ditatoriais, como existia no Iraque de Saddam e na Síria de Assad, ambos com origem no partido socialista pan-árabe Baath. No entanto, as intervenções do ocidente no local resultaram em morte e em piores formas de dominação de homens sobre homens, além da total destruição de qualquer resquício de direitos humanos.


O que fazer quando, objetivamente, um tirano é menos cruel que uma concorrência de micro-estados assassinos? Não tenho uma resposta. Se o objetivo é levar esses direitos fundamentais da vida, liberdade e busca pela felicidade, a povos que desconhecem esses princípios ocidentais, parece-me que não estamos fazendo direito esse trabalho através da invasão e desmantelamento de governos estabelecidos e mantenedores da ordem local.


E quando o resultado desse caos, cuja fogueira recebeu aditivo ocidental, bate na nossa porta, o que devemos fazer?


Parece-me também que rechaçar tais pessoas, deixando-as sem vida numa costa qualquer, não é uma solução aceitável. Foi negado ao menino sírio a vida, a liberdade e a busca pela felicidade, apenas por uma questão de nacionalidade e conveniência política.


Se a preocupação de países ocidentais é que essa "invasão árabe" à Europa vai destruir a cultura europeia que pôde criar esses direitos fundamentais, a resposta mais simples é que a maioria desses árabes que estão tentando entrar na Europa já estão ávidos por esse direito e pelo nosso estilo de vida. E a minoria que pensa diferente, querendo subverter os nossos valores e cultura, precisa ser investigada, exposta e presa.


Só que, do ponto de vista de discurso político, essa maioria de estrangeiros que busca se adaptar na cultura ocidental e beber de nossos valores está totalmente desamparada.


A direita europeia, muito conservadora e pouco liberal, avessa às contribuições culturais e econômicas que esses imigrantes podem agregar, vende um discurso anti-imigratório, xenófobo e até mesmo racista/etnicista, buscando endurecer leis que resultam em crianças mortas na costa mediterrânea.


A esquerda europeia, socialista e maior inimiga da civilização ocidental e de seus valores autoevidentes (inimiga muito maior, mais rica, mais poderosa e mais perigosa que os pobres imigrantes árabes), sob um argumento supostamente integrador, estimula e até financia a minoria árabe fundamentalista, anti-ocidental e anti-direitos fundamentais, o que faz todo o sentido, já que ambos os grupos, esquerda europeia e fundamentalistas islâmicos, possuem os valores e a cultura ocidental como inimigos preferenciais em comum, e sua prática política resulta em terrorismo interno e crianças mortas nas ruas europeias e orientais.


É urgente o fortalecimento de uma corrente política europeia liberal, que abrace os imigrantes que têm sede dos nossos valores, da nossa estabilidade política e do livre-mercado, que rechace a xenofobia da direita ultraconservadora e combata a política anti-ocidental "multiculturalista" da esquerda socialista.


Precisamos, para ontem, de um liberalismo integracionista europeu anti-fundamentalista islâmico, anti-xenofobia e anti-socialista, baseado em uma coisa que anda em falta no mundo: bom-senso.


Por Bernardo Santoro.



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