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Scot Consultoria

O Boi gordo e a “marolinha” assumida em 2015


Quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015 - 16h18

Médico veterinário, formado pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul - UFMS, Câmpus de Campo Grande-MS, mestre em Administração de Organizações pela Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto - FEA-RP/USP. Possui MBA em Gestão Financeira pela UNOPAR. É analista e consultor de mercado da Scot Consultoria. Coordena a divisão de mercado de couro e sebo. É editor-chefe do informativo pecuário semanal Boi & Companhia, publicação da Scot Consultoria. Atuação nas áreas de análises, estabelecimento de cenários, estratégias de mercado, realização de projeções de preços, oferta, demanda, análises setoriais e pesquisa de opinião e imagem. Ministra aulas, palestras, cursos e treinamentos nas áreas de mercado do boi e assuntos relacionados à agropecuária em geral.


Artigo originalmente publicado na Revista DBO.


Entre 2011 e 2013 a participação de fêmeas nos abates aumentou.


Uma vez que o cenário não era otimista devido ao período de preços desestimuladores para a cria, o pecuarista gerou caixa com as matrizes e reduziu a produção.


Em 2013 a situação começou a mudar e houve valorizações, principalmente no segundo semestre. Estas altas continuaram em 2014, o que gerou um início de retenção de fêmeas.


De acordo com os dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) até o terceiro trimestre de 2014, a participação de vacas e novilhas nos abates caiu no último ano.


Foi um bom ano para quem tinha animais para vender, mas o otimismo diminuía na hora da compra da reposição, para quem não trabalha com ciclo completo.


A figura 1 mostra as variações de preços do boi gordo, boi magro e bezerro de ano em São Paulo. 



Observe que em 2014 o bezerro teve alta maior que o boi magro e que o boi gordo, assim como ocorreu em 2013. Em 2012, o preço do bezerro cedeu menos.


Foram três anos de recuo na relação de toca, apesar dos preços positivos para a venda a partir de 2013.


Observe o que ocorreu em 2009. Após a escalada de preços do ano anterior, as cotações cederam. Vale destacar que a figura apresenta valores deflacionados, ou seja, as quedas nominais, aquelas que o pecuarista vê de um ano para outro, foram menores.


Enquanto o boi gordo cedeu 7,3% em valores deflacionados, a queda nominal foi de 5,7%. Da mesma forma, o preço do bezerro caiu 1,0%, mas 2,4% em valores reais.


O objetivo da análise de 2009 é a sua conjuntura, que traz algumas semelhanças com 2015. Em 2008, o mercado teve fortes altas e uma crise econômica mundial foi deflagrada, com efeitos sentidos no ano seguinte.


Em 2014 tivemos valorizações e a economia está turbulenta este ano. Há outra "marolinha" armada e, desta vez, foi até assumida.


Do lado da demanda, o sinal de alerta está ligado.


Economia


Segundo o Relatório Focus do Banco Central, as expectativas do mercado apontam que o IPCA (Índice Nacional Preços ao Consumidor Amplo) deverá terminar 2015 na casa de 7,3%, bem acima do teto da meta de inflação (6,5%).


A inflação é a perda de valor do dinheiro, ou seja, o poder de compra da população será afetado, o que influencia a demanda de diversos produtos, incluindo a carne bovina.


Quanto ao PIB (Produto Interno Bruto), o mesmo relatório aponta para uma retração de 0,5% na economia brasileira. Retração econômica com diminuição do poder de compra do dinheiro. O consumo vai sentir.


Vale ressaltar que estes valores são de 20 de fevereiro e estes números têm sido revisados negativamente semana após semana. Este relatório registrou a oitava alta da projeção da inflação e a oitava queda para o PIB.


Mercado externo


No mercado externo o preço do petróleo em níveis historicamente baixos deve afetar as exportações, uma vez que importantes clientes têm suas economias baseadas na commodity, como Rússia, Venezuela e países do Oriente Médio.


Segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), em janeiro houve queda de 23,0% no faturamento e de 26,0% no volume de carne embarcado, frente a janeiro de 2014.


Há também expectativas positivas quanto aos embarques, com a possível liberação da venda de carne in natura para os Estados Unidos e a intensificação das exportações para a China.


De toda forma, a demanda externa representa cerca um quinto da produção de carne brasileira.


Juntando as peças


Resumindo o cenário, temos expectativa de preços em níveis firmes devido à oferta curta de animais terminados e de reposição.


As altas de 2014 e a situação de demanda fraca esperada devem limitar valorizações, ou mesmo fazer com o que o mercado trabalhe abaixo da inflação, mas ainda em um patamar interessante.


A bezerrada que fez falta em 2014 continuará pouca este ano, mas agora mais erada. Se a oferta de bezerros era pequena há um ano, a de garrotes e bois magros também tende a ser, uma vez que não importamos gado em volume.


Acreditar em altas fortes para o ano não é uma estratégia prudente, mas 2015 não deve ser um ano de preços em queda.



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