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Scot Consultoria

Rentabilidade do agronegócio em 2014 e a expectativas para 2015


Segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015 - 14h19

Zootecnista, formado pela Universidade Estadual Paulista – UNESP, Câmpus de Ilha Solteira-SP, mestre em Administração de Organizações Agroindustriais pela UNESP, Câmpus de Jaboticabal-SP. É analista e consultor de mercado da Scot Consultoria. Coordena as divisões de pecuária de leite, grãos e avaliação e perícia. Editor-chefe do Relatório do Mercado de Leite, publicação da Scot Consultoria. Atuação nas áreas de análises, estabelecimento de cenários, estratégias de mercado, realização de projeções de preços, oferta, demanda, análises setoriais e pesquisa de opinião e imagem. Ministra aulas, palestras, cursos e treinamentos nas áreas de mercado de leite, boi, grãos e assuntos relacionados à agropecuária em geral.


Artigo originalmente publicado na Revista Agroanalysis.


A Scot Consultoria calcula todo começo de ano as rentabilidades médias das atividades agropecuárias e de outras opções de investimento de capital, referentes ao fechamento do ano anterior.


Em 2014, o dólar subiu 14,4%, liderando os investimentos.


Na sequência vieram o ouro, os fundos cambiais e os fundos de renda fixa, todos com rentabilidades médias acima de 10,0%. Veja a figura 1.



A pecuária de corte melhorou o resultado econômico em 2014, em relação a 2013.


A menor disponibilidade de boiadas para abate e as exportações de carne bovina aquecidas, que contrabalancearam a demanda mais fraca no mercado brasileiro, deram sustentação às cotações da arroba do boi gordo e mercado bovino em geral.


A rentabilidade média da pecuária de corte, considerando um sistema de ciclo completo e aplicação crescente de tecnologia, foi de 8,6% em 2014, valor bem próximo do resultado da recria e engorda, também de alta tecnologia, cuja rentabilidade foi de 8,5%.


A cria teve rentabilidade média de 2,7% e, dentre a pecuária de corte foi a que teve maior incremento, na comparação com o ano anterior.


Isto porque o bezerro foi a categoria que mais se valorizou em 2014. Em São Paulo, o preço do bezerro desmamado (anelorado) de oito meses, 180 quilos, subiu 40,6%.


O boi magro (doze arrobas), subiu 30,6% e a arroba do boi gordo teve alta de 26,2%, segundo levantamento da Scot Consultoria. Veja a figura 2. 



Considerando a pecuária de corte de baixa tecnologia, o ciclo completo e a recria/engorda tiveram rentabilidades positivas, de 2,3% e 0,7%, respectivamente.


A cria de baixa tecnologia deu prejuízo de 1,1% em 2014, frente a um prejuízo de 1,5% no ano anterior.


Na tabela 1, uma comparação dos resultados econômicos das atividades agropecuárias e outras opções de investimento em 2014 e 2013. 



No caso da pecuária leiteira, os preços do leite em patamares historicamente melhores em 2013, levaram a maiores investimento na atividade naquele ano. Os reflexos foram sentidos na produção de 2014.


A queda dos preços dos grãos e farelos também colaborou para uma maior produção de leite no ano passado.


Segundo o Índice Scot Consultoria de Captação de Leite, o volume aumentou 10,2% em 2014, em relação a 2013. A demanda, por outro lado, não cresceu no mesmo ritmo, o que gerou excedentes e pressionou todos os elos da cadeia.


As margens para o pecuarista se estreitaram. A rentabilidade média da pecuária leiteira de alta tecnologia foi de 7,9% em 2014, frente a 10,1%, em média, em 2013, uma queda de 2,2 pontos percentuais.


Apesar da queda, o resultado foi positivo, superando os investimentos em cadernetas de poupança e arrendamento para a produção cana-de-açúcar, por exemplo.


Os números mostram a maior capacidade do produtor que trabalha com aplicação crescente de tecnologia em lidar com cenários de crises e quedas nos preços.


Já a pecuária de leite de baixa tecnologia deu prejuízo.


A rentabilidade média foi de -3,8% em 2014, frente a -3,0% em 2013. Foi a atividade com pior desempenho no ano passado, dentre as analisadas.


No caso da agricultura, em especial a soja, a rentabilidade média vem diminuindo ano a ano, com a recuperação dos estoques mundiais e quedas nos preços, mas ainda assim, comparativamente, a atividade apresentou resultados positivos, tanto que a área plantada com a cultura aumentou em 2014/2015.


A rentabilidade média, considerando a produção de soja e milho, foi de 2,5% em 2014, em relação aos 3,5% em 2013.


Já a rentabilidade média do arrendamento em regiões de cana caiu de 7,6% em 2013 para 4,5% em 2014. A crise no setor sucroalcooleiro repercutiu diretamente nos resultados de quem produz ou arrenda, sem falar nos problemas relacionados o não pagamento por parte da usina.


Destacamos que os resultados apresentados podem variar caso a caso, pois parâmetros como produtividade, preço da terra, momento e preço de venda da produção, por exemplo, são fatores que alteram a rentabilidade dentro de uma mesma atividade.


Considerações finais


Do lado da demanda, o cenário econômico ruim deverá atrapalhar em 2015.


Apesar da alta de preço da arroba do boi gordo, observa-se um encurtamento das margens no atacado e no varejo, o que indica uma limitação do repasse dos preços pagos na origem.


As exportações colaboraram, mas a economia russa, por exemplo, não está reagindo bem ao isolamento comercial. Os números de embarques de carne bovina mostram queda no começo de 2015.


As exportações, que vinham em 2014 ajudando a escoar parte da produção, perderam a força.


Depois da redução de 30,0% em janeiro, os embarques de carne in natura na primeira semana de fevereiro caíram 84,1% em relação ao mesmo período de 2014, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC).


A queda nos preço do petróleo afeta os principais compradores de carne bovina nacional, Rússia, Venezuela e países do Oriente Médio, reduzindo o poder de compra desses clientes.


Resumindo o cenário, esperamos preços firmes para o boi gordo em 2015, mas provavelmente sem valorizações expressivas, como as de 2014.


No setor de laticínios, o ano é de cautela, considerando o cenário de oferta de leite elevada e aumento dos custos de produção, principalmente com energia elétrica, combustíveis e salários.


Além disso, o desempenho ruim previsto para a economia brasileira deverá afetar diretamente o consumo de lácteos, principalmente os produtos de maior valor agregado.


De qualquer forma, independente dos parâmetros considerados, gestão e planejamento são as principais armas à disposição para enfrentar os tempos difíceis ou prosperar nos momentos favoráveis.


Por fim, a aplicação de tecnologia buscando a melhoria dos índices produtivos e ganhos em escala tem sido a chave do sucesso, seja na agricultura ou pecuária.



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