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CEPEA - milho


Segunda-feira, 21 de julho de 2014 - 16h43

O Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (CEPEA) é parte do Departamento de Economia, Administração e Sociologia (DEAS) da Esalq/USP.


A expectativa de oferta de segunda safra de milho no Brasil superior à esperada inicialmente segue pressionando as cotações internas do cereal. Em algumas regiões, os preços registraram em junho os menores patamares do ano no mercado disponível. A baixa liquidez interna e o bom desenvolvimento das lavouras de segunda safra no Brasil e também nos Estados Unidos influenciaram as consecutivas desvalorizações.


Mesmo com o consumo aquecido, uma possível sustentação dos valores depende de maiores volumes de exportação, o que reduziria o excedente doméstico. Porém, a concorrência do cereal dos Estados Unidos tende a aumentar a partir do último trimestre de 2014.


Em junho, o Indicador ESALQ/BM&FBovespa, referente à região de Campinas (SP), teve forte queda de 9,2%, fechando a R$25,16/saca de 60 kg no dia 30. Se considerados os negócios também em Campinas, mas cujos prazos de pagamento são descontados pela taxa de desconto NPR, o preço médio à vista foi de R$24,66/sc no dia 30, queda também de 9,2%.


Na média das regiões pesquisadas pelo Cepea, as cotações recebidas pelo produtor (mercado de balcão) tiveram quedas de 8,2% em junho. No mercado de lotes (negociação entre empresas), a queda foi de 9,4%. Na BM&FBovespa, o vencimento Jul/14 cedeu 9,2%, para R$24,60/sc no dia 30 e Set/14 teve queda de 10,0%, para R$23,80/sc.


Até abril, parte dos agentes ainda esperava que a oferta brasileira pudesse ter quedas expressivas em relação ao ano anterior, o que poderia manter as cotações firmes. Porém, condições favoráveis ao desenvolvimento das lavouras devem resultar em alta produtividade agrícola, o que é bom aos produtores, mas eleva a disponibilidade interna.


Assim, representantes do setor produtivo pressionaram o governo para que tome medidas que visem a manutenção da renda do produtor, como o escoamento do milho para regiões deficitárias e/ou para exportação. Intervenções, no entanto, devem ocorrer somente após a divulgação, em julho, de novos dados de oferta por parte da Conab. A adoção dessas medidas por parte do governo também vai levar em consideração a tendência dos preços nos próximos meses. Segundo agentes consultados pelo Cepea, tudo indica que possíveis leilões ocorrerão somente a partir de agosto.


Maiores volumes de exportação poderiam auxiliar na redução do excedente doméstico. Porém, até junho, os embarques também estiveram enfraquecidos. Segundo dados da Secex, o volume exportado nos primeiros cinco meses do ano foi 36,0% inferior ao do mesmo período de 2013, elevando ainda mais a oferta doméstica. Em junho, o Brasil embarcou 87,6 mil de toneladas do cereal, volume 31,3% inferior ao de maio/14. Na comparação com junho/13, as exportações estiveram 68,3% menores.


Quanto ao desenvolvimento das lavouras, o clima esteve bastante favorável e a colheita avançou nas principais regiões produtoras. No Paraná, 8,0% da área de milho de segunda safra já havia sido colhida até o final do mês, conforme dados do Deral/Seab. A comercialização do milho primeira safra chegou a 69,0% e a da segunda safra, a 7,0%, segundo relatório do dia 30.


Em relatório divulgado no dia 10 de junho, a Conab elevou a estimativa de ofertas de milho da primeira e da segunda safra frente aos dados de maio. Para a primeira temporada, a estimativa foi de crescimento para as regiões Nordeste, Centro-Oeste e Sul. Houve estabilidade para Norte e queda no Sudeste.


Para o Nordeste, houve reajuste positivo na oferta do estado da Bahia e negativo, para o Piauí. No Sudeste, a Conab voltou a reduzir a estimativa dos estados de Minas Gerais e São Paulo. Para o Sul, a oferta do Rio Grande do Sul foi elevada, com previsão de maior produtividade.


Para a segunda safra, a Conab elevou a estimativa de área para Mato Grosso, mas manteve a produtividade em relação aos dados de maio. Já para Goiás, houve crescimento na área e na produtividade. Também deve se destacar os novos dados da segunda temporada de Minas Gerais, que, com maior produtividade, deve dobrar a oferta em relação ao ano anterior, chegando ao maior volume da história do estado.


Agora, a primeira safra está estimada em 32,2 milhões de toneladas pela Conab e a segunda, em 45,7 milhões de toneladas, gerando, portanto, 77,9 milhões de toneladas no agregado, apenas 4,4% abaixo da oferta de 2012/13. Vale observar que ainda há espaço para novos ajustes positivos na produtividade de Mato Grosso, o que elevaria ainda mais a estimativa de oferta da segunda safra no estado.


Por enquanto, considerando-se a demanda interna de 53,8 milhões de toneladas e as exportações em 21,0 milhões de toneladas, segundo a Conab, o excedente interno é previsto em 12,2 milhões de toneladas. Isto significa uma relação estoque final/consumo de 22,6%, equivalente à estimada em fevereiro para esta temporada 2013/14. As exportações da temporada (de fev/14 a jan/15) precisariam chegar a, pelo menos, 23,8 milhões de toneladas para que a relação entre estoque/consumo seja igual à do final da temporada 2012/13, de 17,5%.


Na primeira quinzena de junho, o USDA também divulgou novos dados de oferta e demanda mundial. A estimativa de produção mundial de milho em 2014/15 foi elevada para 981,1 milhões de toneladas, devido à previsão de maior oferta na Ucrânia, União Europeia e Rússia. O consumo também foi elevado para 967,5 milhões de toneladas, com dados maiores para União Europeia, Egito, Ucrânia e Rússia. Nas importações, somente os números da Turquia foram elevados, ajustando as transações mundiais para 118,4 milhões de toneladas. Para as exportações, o USDA elevou a estimativa do Brasil (para 22,0 milhões de toneladas) e da África do Sul, e reduziu a da Sérvia.


No mercado internacional, os futuros foram fortemente pressionados pelo bom avanço do cultivo da safra 2014/15 nos Estados Unidos. Os dados referentes às condições das lavouras norte-americanas surpreenderam. Além disso, a incidência de chuvas também contribui para melhorar o cenário. De acordo com o relatório semanal divulgado pelo USDA, no dia 30, 75,0% das lavouras estavam entre boas e excelentes, 20,0%, em médio e 5,0%, entre ruim e muito ruim.


Na Bolsa de Chicago (CME Group), em junho, o contrato Jul/14 teve queda de 8,9%, fechando a US$4,2425/bushel (US$167,02/t) no dia 30. O contrato Set/14 caiu 8,6 %, encerrando a US$4,1875/bushel (US$164,85/t).



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