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CEPEA - Milho


Quinta-feira, 13 de junho de 2013 - 17h09

O Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (CEPEA) é parte do Departamento de Economia, Administração e Sociologia (DEAS) da Esalq/USP.


Em maio, as cotações do milho subiram no mercado brasileiro. A alta esteve atrelada a incertezas sobre as safras norte-americana e brasileira, a relatos sobre novos negócios para exportação e, principalmente, à oficialização de leilões governamentais.


Nos Estados Unidos, no início do mês, a chuva vinha atrapalhando o cultivo no país, gerando expectativas de redução da produção. Porém, em meados do mês, os norte-americanos aceleraram o plantio, que se aproximou da média histórica, fazendo com que novas estimativas indicassem produção recorde no país. Caso a produção seja, de fato, recorde, a maior oferta dos Estados Unidos pode limitar as exportações brasileiras e tirar o suporte de médio prazo às cotações nacionais.


No Brasil, estimativas ainda apontam recorde na produção de milho safrinha, mesmo que o prolongamento da estiagem tenha prejudicado a produtividade das lavouras em algumas regiões. A produção elevada deve pressionar as cotações no médio prazo e o governo já apresentou políticas de intervenção para garantir a renda de produtores.


Quanto aos preços, o Indicador ESALQ/BM&FBovespa, referente à região de Campinas (SP), subiu expressivos 7% em maio, fechando a R$26,65/sc de 60 kg no dia 31. Se considerados os negócios também em Campinas, mas cujos prazos de pagamento são descontados pela taxa de desconto NPR, o preço médio à vista foi de R$26,16/sc no último dia de maio, alta de 6,8% no mesmo período.


Na média das regiões pesquisadas pelo Cepea, em maio, os preços no mercado de balcão (recebidos por produtores) subiram 1,8% e, no de lotes (negociação entre empresas), 3,1%. Vale considerar que as cotações cederam expressivamente nas regiões de Mato Grosso, onde a expectativa é de oferta maior que a estimada até o mês anterior, segundo o Imea.


Na BM&FBovespa, o contrato Jul/13 teve forte aumento de 8,2% em maio, indo para R$27,10/sc no dia 31. O vencimento Set/13 subiu 5%, fechando a R$26,14.


Em relatório divulgado em maio, a Conab indicou safra recorde de 78 milhões de toneladas no Brasil. A temporada de verão deve ser de 34,8 milhões de toneladas (+2,8%), graças ao aumento de 12,9% da produtividade, que chegou a 5,06 t/ha; já a área reduziu 9%, limitando-se a 6,9 milhões de hectares. Para a segunda safra, a Companhia estima aumento de 14,5% da área, que atingiria 8,8 milhões de hectares, mas a produtividade média pode cair para 4,9 t/ha (-4,5%), o que geraria produção de 43,2 milhões de toneladas (+10,4%). No Paraná, a segunda safra é prevista pela Conab em 11,5 milhões de toneladas e, em Mato Grosso, em 16,9 milhões de toneladas.


No agregado, são esperados consumo interno de 52,05 milhões de toneladas e exportação de 15 milhões de toneladas. Com isso, os estoques de passagens superariam 17 milhões de toneladas, patamar recorde.


Nesse ambiente, o governo federal passou a divulgar mecanismos de apoio à comercialização via mercado e também de compra direta de parte da produção. O governo apontou que se utilizará de contrato a termo para entrega futura com preço fixo para dar sustentação aos valores do cereal e recompor os estoques oficiais. Segundo notícias, o governo irá comprar 1,00 milhão de toneladas de milho por meio de contratos de compra a termo, aprovados pelo Conselho Interministerial de Estoques Públicos de Alimentos (Ciep). Além disso, pretende lançar contratos públicos de opção de venda, inicialmente para 2,00 milhões de toneladas de milho em regiões onde as cotações estiverem abaixo do preço mínimo de garantia.


O secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Neri Geller, informou que o governo estava discutindo também outras medidas para dar sustentação aos preços do grão. Entre elas, estão os leilões de Prêmios para Escoamento de Produto (PEP) e de Prêmio Equalizador pago ao Produtor (Pepro).


No final do mês, o governo divulgou as regras para leilões de opções de venda para milho das safras 2012/13 e 2013. Os produtores poderão participar diretamente ou por meio de suas cooperativas, e o vencimento do contrato será em 29 de novembro deste ano.


Em termos mundiais, as preocupações com o ritmo de cultivo da safra norte-americana e com o tamanho da safra global 2013/14, que pode ser recorde, se acirraram. Mesmo assim, os estoques de passagens devem continuar baixos, limitando quedas expressivas de preços.


Segundo dados do USDA, a produção mundial 2013/14 é estimada em quase 966 milhões de toneladas, com crescimento de 12,7% sobre o ano safra anterior. Quanto à demanda, espera-se avanço de 8,4%, para 936,7 milhões de toneladas.


Como a demanda ficará abaixo da oferta, os estoques finais podem aumentar em 23,3%. Porém, ao se analisar a relação com a demanda, ainda representarão apenas 16,5%. Esse é o melhor nível em quatro safras, mas é ainda considerado muito baixo. A média entre as safras 1960/61 e 2012/13 foi de 23,3%, segundo dados do USDA. No final da década de 1990, a relação estoque final/consumo ficava na casa dos 30%.


Por enquanto, o grande fator de peso nos dados mundiais é o tamanho potencial da safra norte-americana. Até o dia 2 de junho, 91% da área estimada para o milho havia sido semeada, contra 100% no mesmo período do ano passado e 95% na média de 2008 a 2012.



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