Situação e oposição juntas no estímulo ao consumo de drogas

Em um espaço de duas semanas, o governo federal do PT e o governo paulista do PSDB apresentaram projetos de estímulo ao consumo de drogas pela população: a cota para drogados e o bolsa-crack.

A cota dos viciados já foi aprovada pelo governo petista na Câmara dos Deputados, estipulando que 3% das vagas para trabalho em obras públicas sejam destinadas a consumidores de drogas. Ou seja, se você é um negro pobre consumidor de drogas, tem mais chance de conseguir um emprego no Estado do que um negro pobre não-drogado. Se isso não fosse suficiente, nesse caso o Estado interfere de maneira ainda mais agressiva na relação trabalhista entre a empresa prestadora e o empregado. Por fim, o uso dessa mão-de-obra nos mesmos valores que a mão-de-obra não drogada reduz a produtividade e encarece a obra pública, paga por todos nós.

Já o governo paulista do PSDB quer instituir o bolsa-crack de R$1.350,00 (mil trezentos e cinquenta reais), que é um valor simplesmente surreal para certa parcela da população, a ser usado para bancar a estadia, alimentos e tratamento dos viciados. Para pessoas que vivem uma realidade financeira onde conseguir um salário-mínimo por mês é muito difícil, é inevitável que o bolsa-crack leve uma parcela de jovens com poucas perspectivas a consumir a droga.

O liberalismo prega o respeito à soberania individual, e são evidentes os efeitos deletérios da guerra às drogas, mas daí ao Estado vir a estimular uma conduta pessoal que destrói as relações familiares e a vida de indivíduos vai uma enorme distância.

PT e PSDB deveriam se envergonhar do que estão fazendo.

Por Bernardo Santoro