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Scot Consultoria

O sertão vai virar mar, ou virar rio?


Segunda-feira, 22 de abril de 2013 - 17h29

Engenheiro agrônomo formado pela UNESP - Jaboticabal.


Breve contexto


A ideia é antiga e existe desde a época de Dom Pedro II. Levar água à região semiárida nordestina. Getúlio Vargas, Itamar Franco, Fernando Henrique Cardoso e Lula, todos tentaram. Todos sucumbiram. Agora é a vez de Dilma. A previsão é que as obras de transposição do Rio São Francisco terminem em 2015, palavras da presidente. Segundo o Ministério da Integração Nacional (MI), responsável pelas obras, até o final de 2012, foram concluídas 43% das obras (tabela 1). 



Entenda o projeto


O projeto consiste na construção de dois canais, o "eixo leste", que levará água para a Paraíba e Pernambuco e o "eixo norte", que abastecerá os estados do Ceará, Rio Grande do Norte, da Paraíba e de Pernambuco, conforme mostra a figura 1.


Foram feitas duas etapas de análises: um estudo de inserção regional que avaliou a disponibilidade por água no Nordeste Setentrional; e um estudo de viabilidade técnico-econômica, que avaliou as alternativas para o anteprojeto de engenharia definir a melhor opção de traçado, o planejamento das obras, os seus custos e a sua viabilidade econômica. 



Está previsto o beneficiamento de 12 milhões de pessoas com a captação de 1,4% da vazão de 2.600,0 m3/s que o "Velho Chico" acaba jogando no mar.


O percurso do eixo norte é de aproximadamente 400 km, com ponto de captação de águas próximo à cidade de Cabrobó - PE. A vazão máxima neste trecho será de 99,0 m3/s com uma vazão de operação de 16,4 m3/s.


O eixo leste terá 220 km de extensão, e partirá da barragem de Itaparica, no município de Floresta - PE. A vazão máxima prevista será de 28,0 m3/s e a vazão média operacional será de 10,0 m3/s.


Para ambos os eixos, a capacidade máxima só será utilizada em caso de escassez de água nas bacias receptoras ou quando a hidrelétrica Sobradinho estiver em regime de espera para contenção de cheias ou com 94% da sua capacidade.


A água será levada através de canais abertos, de seção trapezoidal de 25,0 metros de largura e 5,0 metros de profundidade (figura 2). Serão construídas nove estações de bombeamento que auxiliarão a elevação da água em regiões com alto relevo. Ao longo dos canais, é previsto a construção de 30 barragens que funcionarão como reservatórios de compensação permitindo o escoamento da água mesmo quando as bombas não estiverem ligadas.



Relatório de Impacto Ambiental (RIMA)


O Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) do Projeto de Integração da Bacia do Rio São Francisco às Bacias do Nordeste Setentrional detalha os objetivos sociais, econômicos e ambientais do empreendimento.


O Relatório demonstrou 44 impactos ambientais causados pela obra, tanto positivos quanto negativos.


Dentre os positivos, destacam-se o aumento da água disponível, abastecimento rural com água de boa qualidade, melhoria no combate à escassez de alimentos e a criação de novas fronteiras agrícolas.


Dentre os negativos, são mencionados o aumento da recarga fluvial dos aquíferos, a modificação no regime fluvial do rio São Francisco, redução na geração de energia elétrica do rio e diminuição da diversidade de fauna terrestre.


Além disso, o RIMA propõe 24 programas ambientais, para prever, atenuar e corrigir possíveis impactos.


O que isso vai custar


O projeto é a maior obra de infraestrutura hídrica sendo executada pelo governo federal. O custo da obra está avaliado em R$8,2 bilhões e dividido conforme a figura 3. 



O custo final da água na transposição ficará em torno de R$0,13/m3, bem mais que a média de R$0,02/m3 cobrados em outras bacias hidrográficas. Não será barato. O custo da energia elétrica necessária para a adução (elevação) dessa água é a principal causa da oneração do projeto.


Entretanto, se levarmos em conta que na seca nordestina o governo federal paga em torno de R$7,00 por metro cúbico de água transportada nos caminhões-pipa usados no abastecimento da população, a conta fica favorável à transposição do rio.


Considerações finais


A seca nordestina é um problema que se repete ciclicamente. O custo disso também. Qualquer ajuda ou solução na geração de melhores condições de desenvolvimento da região são bem vindas. Desde que responsáveis financeiramente e sustentáveis.


Esperamos que o "Velho Chico" seja para o Nordeste água para a agricultura, pecuária e que, acima de tudo, traga progresso para uma região que possui apenas 3% da disponibilidade de água e 28% da população brasileira.


Fonte: http://www.mi.gov.br/web/guest/projeto-sao-francisco1.



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