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República dos bananas


Quinta-feira, 29 de novembro de 2012 - 09h47

Editor e publisher.


A Ministra do Meio Ambiente Izabella Teixeira anunciou pomposamente a prorrogação da moratória da soja por mais um ano. Aplaudida pelas instituições patrocinadoras desta iniciativa, entre as quais a ABIOVE, ANEC, BB, Greenpeace, IPAN, WWF e outras mais, a Ministra usou como argumento o novo Código Florestal e as perspectivas de aumento na produção da oleaginosa, fundamentada nas suas altas cotações.


Para quem não acompanhou de perto esta novela chamada "Moratória da Soja", cabem alguns esclarecimentos: A mesma foi instituída em 24 de Julho de 2006 para acalmar os clientes europeus que cismaram em dizer que era a cultura da soja quem estaria provocando o desmatamento do bioma amazônico. Em decorrência desta atitude, as principais compradoras da soja nacional recusaram-se a adquirir o grão produzido em áreas de abertura recente, mesmo que esta tenha sido feita de maneira legal. Após um amplo trabalho de mapeamento e identificação promovido pelo INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) a área encontrada com soja no Bioma Amazônico foi de apenas dezoito mil hectares. Significou dizer que menos de meio por cento do desmatamento se devia ao plantio da soja, dado este que não foi muito divulgado, pois provocaria uma desmesurável vergonha aos arautos do caos ambientalístico.


Embora algumas ONGs ligadas aos clientes europeus estejam imbuídas no sentido de denegrir a imagem da soja brasileira em boa parte do mundo, vinculando-a com o desmatamento amazônico, depois da farsa divulgada, não houve nenhuma ação no sentido de reparar tal engano, causador de prejuízos significativos a todo o complexo exportador. Ao assumir o discurso da moratória, o governo não apenas sucumbiu à fraude como também jogou na lata de lixo, um documento que, pelo menos por aqui deveria ter algum valor: A Constituição Brasileira. Como ficou a situação daqueles produtores brasileiros que, constitucionalmente, por se encontrarem no bioma amazônico, poderiam explorar os parcos 20% de área que a lei permitia? Pois a resposta é enigmática: ficaram impossibilitados de comercializar seu produto, mesmo tendo respeitado as leis vigentes do seu país. Parece que está instituída novamente a "República de bananas", só que agora não se refere às frutas e sim às pessoas.  


Aqueles que deveriam defender a autonomia brasileira sobre seu território vergam os joelhos e aplaudem o "defloramento constitucional" em nome do falso desflorestamento causado pela soja.  A submissão prospera onde encontra a fragilidade de atitudes e convicções.  Sempre foi assim desde tempos remotos, onde as riquezas brasileiras só tinham valor quando exploradas pelos outros.


Fala-se em desmatamento zero como se, a partir de agora, toda modificação da paisagem natural fosse criminosa. Mas apenas no Brasil, é lógico. E o resto do mundo produz em locais onde antes havia o quê? As lavouras devem ter brotado em locais assemelhados à paisagem lunar onde nada existia anteriormente, pois ninguém, absolutamente ninguém, desmatou nada a qualquer tempo. São todos inocentes. Os criminosos são apenas os brasileiros, e mais ainda aqueles que se localizaram no bioma amazônico. Basta que somente estes sejam crucificados, e todos estaremos absolvidos deste ímpeto criminoso e cruel de destruir o planeta, modificando sua idílica paisagem.


Entretanto é bom que se diga que a imensa maioria de produtores e técnicos atualmente é contra a substituição da paisagem natural, seja ela cerrado ou floresta, para a instalação de lavouras. Na verdade, o Brasil possui milhões de hectares de pastagens degradadas fornecedoras de áreas para a agricultura, sem que haja necessidade de derrubar uma árvore sequer. Mas trata-se do DIREITO de explorar as riquezas brasileiras que está sendo subtraído.


Quando se aceita a ingerência de estrangeiros deslumbrados nos assuntos de interesse nacional abre-se mão da soberania, algo que nenhum país está disposto a fazer, a não ser que seja uma republiquetinha qualquer.   Enquanto por aqui se festeja a renovação da moratória da soja, certamente em algum local requintado, alguém abre uma garrafa de champagne brindando às modernas formas de colonização que rendem, num só tempo, lucros e aplausos.



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