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Scot Consultoria

Manejo de búfalos selvagens causa desastre ecológico no Amapá


Segunda-feira, 5 de novembro de 2012 - 18h09

Engenheiro agrônomo formado pela Esalq – USP e consultor agropecuário.


A Reserva Biológica (Rebio) do Lago Piratuba está localizada no extremo leste do estado do Amapá, abrangendo parte dos municípios de Tartarugalzinho e Amapá.


Criada em 1980, a Rebio constitui-se de um rico mosaico de ecossistemas com destaque para os sistemas lacustres, manguezais e campos de várzea inundáveis.


É administrada pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), autarquia federal vinculada ao Ministério do Meio Ambiente, responsável , desde 2007, pela gestão das unidades de conservação federais em virtude da divisão do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).


Nestes últimos dias ficou em evidência no cenário nacional devido a um incêndio de grandes proporções que vem devastando a unidade.


O fogo já queimou cerca de sete quilômetros de floresta. A situação se agravou por conta da estiagem, está fora de controle e se agrava com a formação de grande volume de fumaça.


Para evitar que o incêndio se alastre, inclusive para comunidades vizinhas, os funcionários do Ibama e do Instituto Chico Mendes de Conservação e da Biodiversidade (ICMbio) estão cavando trincheiras de um metro de largura por meio metro de profundidade para impedir que o fogo se alastre.


Não há uma definição sobre a causa do incêndio. Os indícios apontam para uma queimada feita por produtores rurais, mas não está descartada a possibilidade de descuido dos próprios moradores da região.


O local atingido é uma zona de turfa, um emaranhado de raízes e restos de vegetação que queima lentamente mesmo com umidade. A área é de difícil acesso e a única forma de chegar ao local é através de balsa.



É crucial a atuação do Ibama no combate aos grandes incêndios florestais. Até porque possui cinco brigadas contratadas pelo Prevfogo, cada uma composta por 15 pessoas além de helicópteros de apoio.


O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e o Ministério Público Federal no Amapá (MPF/AP) assinaram, após quatro anos de trabalho, em outubro de 2010, um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com pecuaristas do entorno da Rebio do Lago Piratuba.


O termo visa garantir a proteção da unidade de conservação com o controle e a retirada gradativa de cerca de 12 mil bois e búfalos provenientes de criações do entorno à área da Rebio. Os animais de propriedades particulares provocam o assoreamento dos rios, a salinização da terra e a propagação de ervas daninhas.


De acordo com pesquisadores da Embrapa Pantantal, só no interior da unidade existem aproximadamente 33 mil cabeças de búfalos, sendo umas 21 mil provenientes de ocupações anteriores à criação da unidade e quase 12 mil das criações do entorno.


Tradicionalmente, o gado é criado solto e as fazendas não costumam ter cercas. Dessa forma, os animais avançam cada vez mais para o interior da unidade em busca de melhores pastos. A compactação do solo, as alterações na paisagem e incêndios causados em função da renovação dos pastos são alguns dos resultados negativos fruto da falta de um plano de manejo adequado para a região.


Dentre as principais medidas previstas destacam-se: a realização de operações para a retirada dos búfalos, a delimitação de propriedades/posses e/ou contenção dos rebanhos no interior dos limites das ocupações, além do monitoramento contínuo da população de búfalos.



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