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Análise e interpretação de dados fornecidos pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, sigla em inglês) – Soja e Milho


Quarta-feira, 29 de agosto de 2012 - 16h57

Engenheira agrônomo pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz – USP. Analista junior de mercado do boi gordo, reposição, carnes, leite e derivados, grãos, algodão e insumos agrícolas.


*co-autor Alcides de Moura Torres Junior


O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) é representado em 82 países por seus escritórios internacionais. Tem por objetivo promover o acesso de produtos agropecuários dos Estados Unidos em diversos mercados, estreitando a relação comercial entre os norte-americanos e outras nações.


Regularmente o USDA divulga relatórios sobre o agronegócio, contendo informações sobre commodities agropecuárias, dados de processos de importação, de distribuição de alimentos e apontam segmentos de mercado em expansão.  Esses dados são referentes aos Estados Unidos e às demais regiões produtoras no mundo.


Estados Unidos - Panorama atual


Os Estados Unidos enfrentam uma situação de seca severa, a maior já diagnosticada desde 1956. O Mississipi, principal rio americano, encontra-se 16 metros abaixo do nível de referência, situação que assusta o setor agropecuário e já resulta em efeitos negativos. 




As figuras 1 e 2 ilustram a situação nos Estados Unidos. Numericamente é possível mensurar o impacto que a seca histórica vem causando em níveis agronômicos. A produção e a demanda de milho e de soja vêm caindo, enfraquecendo os estoques do país.


Esse cenário tem afetado a economia mundial em diversos setores e, no que diz respeito à agropecuária, o produtor, e consequentemente o consumidor, acabam pagando mais por isso. A perda norte-americana está estimada em 10% da safra de milho e soja, análoga a 130 milhões de toneladas. Esse número quase equivale à produção brasileira desses grãos.


Os norte-americanos sempre foram autossuficientes na produção de grãos. A produção sempre foi satisfatória para abastecer o mercado interno, exportar e manter um estoque regulador. A seca nas principais regiões produtoras do país abalou esse quadro, pressionando os demais países produtores.


A seca nos Estados Unidos evidencia o quão interligado o mundo está.


A diminuição da safra norte-americana levou à queda nas exportações e nos estoques, com consequente amortização das ofertas mundiais. Esse quadro desencadeou um aumento de preços das commodities, que devem continuar firmes.


No Brasil


Os atuais patamares de preços devem provocar um aumento da área plantada com soja na temporada 2012/2013. Nas principais regiões produtoras do Brasil, o preço da saca de 60 quilos subiu entre 65% e 82% em agosto, na comparação com o mesmo período do ano passado. Veja a tabela 1.



Segundo o relatório de agosto do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, sigla em inglês), a produção brasileira de soja está estimada em 81 milhões de toneladas, aumento de 23,7% em relação ao mesmo período do ano passado (Tabela 2). Se a estimativa se confirmar, a safra brasileira ficará 10,55% maior que a dos Estados Unidos para esse ano agrícola.



Quanto ao milho brasileiro, em relação ao mesmo período do ano passado, houve aumento de 19,9% no preço da saca de 60kg, passando de R$29,20 para R$35,00.


Final


No Brasil, a repercussão desse cenário é o comprometimento da renda dos confinadores e semi-confinadores de bovinos, dos produtores de carne suína e de aves, que usam a soja e o milho como componente da dieta dos animais. Esse setor enfrenta dificuldades desde que a seca no Meio-Oeste americano tem disseminado suas consequências.


Se os produtores e consumidores de proteínas de origem animal recebem o peso negativo desse evento, por outro lado os produtores brasileiros de soja e de milho podem comemorar. Será o melhor ano agrícola em muito tempo, já que a falta de milho e soja norte-americana representa uma oportunidade para o aumento da exportação e de preços remuneradores no mercado interno.


 



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