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Dilma Rousseff e o preço de todas as coisas


Quarta-feira, 11 de abril de 2012 - 09h46

Problemas sociais - soluções liberais
Liberdade política e econômica. Democracia. Estado de direito. Estado mínimo. Máxima descentralização do poder.


Em meu penúltimo comentário, feito com base na extensa entrevista concedida pela presidente Dilma Rousseff à revista Veja (publicada na última semana de março), destaquei algumas boas intenções reveladas por ela ao longo da referida entrevista e concluí dizendo que o discurso estava ótimo. Restava ver se a presidente da República conseguirá transformá-lo em realidade.

Só que para isso ela terá de estar disposta a pagar um preço político elevado, algo que não ficou claro na entrevista e sobre o que tenho sérias dúvidas em face do tipo de relação que o governo mantém com sua base de apoio desde o início da gestão do presidente Lula.

O grande problema é que não há nada na economia que não tenha um preço, quer esse preço seja expresso em valores monetários, quer seja expresso em termos de sacrifícios que terão de ser feitos como contrapartida a um benefício obtido ou ao usufruto de alguma coisa.

A divulgação do projeto Brasil Melhor, no último dia 3 de abril, representou não só uma prova eloquente de que nem todas as intenções declaradas por Dilma Rousseff na entrevista à revista Veja eram verdadeiras, mas também uma demonstração inequívoca de que a presidente não está disposta a pagar o elevado preço que o momento vivido pela nossa economia exige.

A prova de que nem todas as intenções declaradas eram verdadeiras está, por exemplo, nas medidas protecionistas contidas no projeto. Como diz o economista inglês Simon Evenett, do Global Trade Alert,“chamar essas ações de defesa não as torna menos protecionistas. Isso é retórica”.

Já as demonstrações de que a presidente não está disposta a pagar o preço que o momento exige ficam evidentes na tentativa de agradar a todos – empresários, sindicalistas, trabalhadores, aposentados, desempregados –, como se na economia não houvesse o fenômeno da escassez e fosse possível beneficiar a todos, o tempo todo.

Em 2011 a Editora Objetiva lançou um livro cuja leitura eu recomendo a qualquer pessoa. De autoria de Eduardo Porter, tem o título de O preço de todas as coisas e seu argumento central é que “toda escolha que fazemos é moldada pelos preços das opções que se apresentam diante de nós – o que calculamos como sendo seus custos relativos – pesadas em relação aos seus benefícios”.

A leitura do livro é recomendada especialmente à presidente Dilma Rousseff. Quem sabe, a leitura a ajude a compreender que a opção por pacotes repletos de benefícios sob a forma de remendos e ações pontuais de curto prazo no lugar de medidas sérias e inadiáveis, que enfrentem os reais problemas que comprometem a competitividade de nossos bens e serviços, poderá custar um preço muito alto.

Não para ela ou para o governo. Mas para todos nós!


Por Luiz Alberto Machado.



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