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Scot Consultoria

Carta Conjuntura - Renda maior, gastos maiores


Segunda-feira, 9 de abril de 2012 - 16h52

Zootecnista pela USP – Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos (FZEA). Analista de mercado do boi gordo, atacado e varejo de carne e lácteos, sementes forrageiras e insumos agrícolas. Coordenadora da Rádio Scot. Editora da Carta Conjuntura.


Renda per capita


Em 2011 a renda per capita do brasileiro, que é a divisão do produto interno bruto pela população, chegou a R$21.252, em valores nominais, a maior já registrada. 


O salário mínimo foi reajustado em 6,07% em relação à média de 2010, ficando em R$544,10.


Consumo


O maior poder de compra do brasileiro refletiu no aumento do consumo, que também foi impulsionado por outras medidas econômicas, como reduções sucessivas na taxa de juros e desoneração de alguns impostos, como ocorreu com o IPI no final do ano, como forma de aquecer a economia.


Mas mesmo com a renda maior, o poder de compra em relação à cesta básica, que engloba produtos essenciais para a alimentação, como arroz, feijão, leite, carnes, entre outros, ficou menor.


Cesta básica x inflação


Em 15 das 17 cidades pesquisadas pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE), a cesta básica subiu mais que a inflação.  


O tomate foi o produto de maior variação na cesta básica no ano passado em 15 das 17 praças. 


Em Vitória - ES, a variação anual foi de 121,9%. A capital capixaba também foi onde a cesta básica mais encareceu no período. O tomate ficou mais caro por conta das chuvas que afetaram as principais regiões produtoras e da temperatura mais baixa, que desacelerou a maturação da fruta.


A alta no preço do café, segundo produto que mais subiu ao longo do ano, pode ser explicada pela colheita prejudicada pela seca e pelo atraso da florada, em consequência das temperaturas mais baixas. 


A cotação internacional subiu por causa dos baixos estoques mundiais, do aumento da demanda asiática e da quebra de safra no Vietnã, refletindo nos preços brasileiros.


Em São Paulo, cidade cuja cesta básica é a mais cara do Brasil, com o salário mínimo vigente, compravam-se 2,06 cestas básicas em 2010. Em 2011, foram 2,02. O ajuste foi de 8,4%, com valor médio para a cesta de R$268,62, na cidade de São Paulo, acima da inflação oficial (IPCA), que no ano passado atingiu o teto da meta, 6,5%, e acima do reajuste do salário mínino em relação a 2010, 6,7%. Figura 1.



Mesmo sendo o item mais caro da cesta, a carne bovina subiu 0,65%, um dos menores entre os produtos. 


Salário minimo ideal


Em janeiro último, o salário mínimo foi reajustado em 14,6%, em relação a 2011, maior aumento desde o início do Plano Real, sendo agora R$622,00. 


Com o novo salário, é possível comprar 2,18 cestas básicas, melhor resultado desde janeiro de 2010, quando era possível comprar 2,27 cestas. O salário mínimo maior, entretanto, está aquém do ideal para contemplar todas as necessidades básicas pessoais e familiares, como moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social. 


O valor ideal, calculado pelo DIEESE, em janeiro, seria de R$2.398,82, 3,8 vezes o salário vigente. A geração de riqueza (PIB) está aumentando, mas a distribuição dessa riqueza ainda precisa melhorar.


Desigualdade social


O coeficiente de Gini é um cálculo usado para medir a desigualdade social. 


Varia entre zero e um, onde zero corresponde a uma completa igualdade na renda (onde todos detêm a mesma renda per capita) e um corresponde a uma completa desigualdade entre as rendas (onde uma pequena parcela da população detém a maioria da renda). 


Em 2010, o índice do Brasil foi 0,56, considerado um dos piores da América Latina. Ainda que a renda per capita do brasileiro esteja maior, a distribuição é deficiente e a mobilidade social ainda está engessada.


O comportamento dos preços dos alimentos ao longo do ano moldará a relação de compra de cestas básicas, que afeta principalmente a população de baixa renda, quase metade da população brasileira, que participa pouco da distribuição de renda. 


Com o salário mínimo maior, devem-se considerar fatores que impactam no preço dos alimentos, como clima, produtividade das safras, câmbio e demanda externa, que podem influenciar as exportações e, consequentemente, a disponibilidade interna dos produtos. 


Final


O brasileiro gasta, em média, 49,4% do salário com alimentação e a variação nos preços é muito sensível para grande parte da população, que não tem possibilidade de expansão da renda a ponto de absorver possíveis altas em curto prazo.



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