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Scot Consultoria

O babaçu na cogeração de energia elétrica


Terça-feira, 14 de fevereiro de 2012 - 15h58

Engenheiro agrônomo formado pela Esalq – USP e consultor agropecuário.


A biomassa é vastamente explorada como combustível para obtenção de energia elétrica nas termoelétricas brasileiras. A tecnologia sempre inovadora permite o processamento das principais fontes de biomassa, sendo elas: palha e bagaço de cana-de-açúcar, cavacos de acácia mangium, casca de pinus triturada, casca de eucalipto triturada, Panicum maximum, destoca de cerrado, resíduos da indústria madeireira, pallets de armazenagem entre outros. Este mês em Piracicaba/SP houve mostra tecnológica dos equipamentos para o processamento da biomassa. Renomadas empresas do setor estiveram presentes mostrando grande interesse nas máquinas. Nos últimos anos também as feiras de agronegócio trouxeram inúmeras novidades como enfardadeiras importadas para produção de capim destinado a queima. Totalmente conhecido o potencial de produção das fontes citadas, como por exemplo, a quantificação de madeiras em florestas de eucalipto e suas respectivas produções, ou mesmo a estimativa de produção de raízes e tocos em áreas desmatadas. Tal precisão, na quantidade, permite que o projeto de construção das termoelétricas seja desenhado a partir do volume de combustível disponível bem como o custo total do mesmo. Existe uma fonte alternativa para cogeração de energia encontrada nas extensas florestas no MAPITO, se trata da biomassa de coco do babaçu. Esta por sua vez não traz na literatura, ou mesmo trabalhos de campo atuais, informações precisas de produção em kg de babaçu / hectare. Por outro lado tem grande diferencial quando comparamos com outras biomassas, em se tratando de poder calorífico superior. Tanto o epicarpo (casca) quanto o endocarpo (parte lenhosa) apresentam valores superiores ao eucalipto e à cana-de-açúcar. Para resolver o gargalo da biomassa de babaçu (baixa eficiência de coleta) as indústrias devem ter exímio planejamento, para tal vale ressaltar as principais premissas dos textos 1 e 2 referente ao manejo de babaçu, entres elas: -Sazonalidade sem atividade; -Pouco aproveitamento do coco (3%); -Capacidade de coleta; -Produtividade da floresta desconhecida; -Produto desprotegido; -Pouca inteligência colocada a seu serviço. A última é o motivo de diversas falências em atividades desse setor no Maranhão. É comum encontrar hoje galpões e instalações antigas de processamento de babaçu em que investimentos da esfera de milhões foram perdidos. Projetos de termoelétricas também estão paralisados. Devido à ausência de estratégia em determinada companhia um projeto de instalação de termoelétrica fora abortado em meados de 2010. Abaixo é relatada a proposta para originação do babaçu. Nela encontra-se um tamanho eficiente da área a ser explorada para produção pré-determinada de coco, além dos itens de custos potenciais. -Unidades de 100.000 ton. cada totalizando 156.250 ha. -Unidade dividida em módulos de aproximadamente 5.000 ha (tamanho médio dos assentamentos do INCRA). -32 módulos (que podem ser assentamentos de distintas naturezas) sendo 5 próprios. -Cada módulo dividido em lotes de 25 ha (500 m x 500 m) em função do esforço requerido para a coleta. -Ciclo de coleta 15 dias úteis (ou seja, cada lote é visitado a cada 15 dias corridos ou 2 vezes ao mês, em função de que, pela experiência esse é o tempo para cada palmeira deixar cair número de cocos que justifiquem a coleta (10 kg), portanto 5.000 ha tem que ser varrido a cada 15 dias. -Produtividade de coleta: 0,4 t / dia. -Número de lotes por módulo: 5000 ha / 25 ha / lote = 200 lotes. -Meses de maior produção: Novembro e Dezembro. -Demanda de processamento meses de pico: 30.000 toneladas. -200 lotes devem ser visitados 2 vezes cada ao mês(25 dias úteis): 16 / dia. -A unidade (156.250 ha) deve produzir diariamente: 30.000 ton. /mês / 25 = 1.200 t/dia -Cada módulo (5.000 ha) deve produzir 37,5 ton. / dia. -Cada lote (25 ha) deve produzir 2,34 ton. / dia. -Número de pessoas calculado para os meses de pico: 2,34 ton. / dia / 0,4 t/pessoa = 5,86 = 6 -Total de pessoas por módulo: 96 -Total de pessoas por unidade: 3072 Fonte: Florestas Brasileiras. No modelo acima se encontram áreas e número de pessoas necessárias, conhecidas e tendo uma produção média de coco de 1,2 mil toneladas / dia que equivale a 840 toneladas de biomassa (70% do coco inteiro). Com estas informações já é possível extrair números chaves para matemática do projeto de produção de combustível para termoelétricas. Quanto à logística para colheita e acesso aos locais de coleta (módulos de 5.000 ha): -Estradas ao redor de cada lote: 2.000m x 2,5m= 5 km2; -Coleta do coco por blocos de 16 lotes; -Caçambas de 3,2 toneladas tracionadas por trator médio (12 viagens/dia); -Cada viagem, média de 16km são percorridos e levados até ponto central do módulo de 5 mil ha; -Tratores necessários: 32 ou 16 em dois turnos; -Caçambas de 9,6 toneladas na espera central; -4 viagens diárias para central de processamento; -1 caminhão para cada módulo de 5 mil ha = 32 caminhões. Resumo dos investimentos: -32 caminhões de 10 toneladas; -32 tratores médios / pequenos; -32 caçambas de 3,2 toneladas (3,2/0,70= 4,57 m3); -32 caçambas de 9,6 toneladas (9,6/0,70= 13,71 m3); Como já citado em artigos anteriores o babaçu inteiro ainda é pouco explorado industrialmente, um dos motivos é a falta de expertise no assunto que acarreta inviabilidade devido aos altos investimentos de coleta (originação), basta ver os equipamentos necessários apenas para logística. Diferente das termoelétricas movidas à capim elefante, por exemplo, a usina não necessariamente estará localizada no centro das vastas florestas. Isto seria resolvido com plantio de babaçu em grande escala o que não deve acontecer devido às florestas já existentes. Quando se considera o babaçu como insumo para um sistema energético baseado em biomassa, são necessárias que sejam evitadas algumas das problemáticas já identificadas em tentativas anteriores de industrialização do fruto.
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