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Scot Consultoria

Bullseye


Quarta-feira, 11 de janeiro de 2012 - 09h20

Problemas sociais - soluções liberais
Liberdade política e econômica. Democracia. Estado de direito. Estado mínimo. Máxima descentralização do poder.


O IBGE divulgou no dia 6/1 a inflação oficial de 2011, medida pelo IPCA. O acumulado no ano ficou em 6,50%. A meta do Banco Central é de 4,50%, com tolerância de dois pontos percentuais para cima e para baixo. Ou seja, a inflação oficial cravou o topo da meta, incluindo a segunda casa decimal. Se a inflação ficasse acima do teto, o presidente do BC, Alexandre Tombini, teria que escrever uma carta com explicações para o ministro Guido Mantega. Que diferença uma casa decimal faz! A chamada dos jornais não precisa afirmar agora que a inflação rompeu a meta do BC no ano. Na competição de tiro ao alvo, o centro do alvo é conhecido como “bullseye”. Se aceitarmos a meta oficial do governo, então o alvo seria 4,5% de inflação. Mas os investidores já perceberam há muito tempo que a meta verdadeira do BC tem sido os 6,5% do topo da banda de tolerância mesmo, e não o centro. Este é um governo que tolera “mais inflação” para ter “mais crescimento”, ainda que a inflação suba, mas não o crescimento, mostrando se tratar de uma falsa dicotomia. A inflação oficial foi a mais alta desde 2004, e o crescimento do PIB não vai chegar nem aos míseros 3%. Mas o ponto aqui é que podemos afirmar que o BC fez um “bullseye”. Se o IPCA fechasse o ano com alta de 6,55%, então todos os jornais publicariam que a inflação estourou a meta, e teria aquela cartinha incômoda do presidente do BC. No imaginário do povo ficaria esta mensagem: a inflação superou a meta. Perda de controle? Agora, nada disso é necessário. Inflação dentro da meta. O comunicado do BC diz: “A meta para a inflação foi cumprida em 2011 pelo oitavo ano consecutivo”. Lindo. E olha que não precisou nem arredondar a segunda casa decimal. Foi pura coincidência? Talvez. Tudo é possível. Mas se Hugo Chávez pode achar “muito, muito, muito estranho” os vários casos de câncer dos líderes latino-americanos, insinuando que o governo americano pode estar por trás desta coincidência (quem precisa de comediante quando se tem caudilhos assim?), então acho que posso ao menos levantar a suspeita: estranho, muito estranho! O governo trocou o presidente do IBGE faz pouco tempo, os pesos dos produtos no índice serão recalculados favorecendo o resultado final, o BC usou o modelo SAMBA (do crioulo doido) para reduzir na marra a taxa de juros, e agora a inflação oficial fica exatamente no topo da meta. Analisando cada caso isolado, nada demais. Mas tudo junto, e com este governo “desenvolvimentista” que claramente tolera mais inflação, ainda mais tendo o exemplo da Argentina ao lado, então é legítimo ter calafrios. Não quero ser leviano. Mas que esse “bullseye” é estranho, isso é! - Por Rodrigo Constantino, diretor do Instituto Liberal.
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