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Scot Consultoria

Reservas, agronegócio e outras avenças


Terça-feira, 13 de dezembro de 2011 - 12h23

Engenheiro Agrônomo formado pela ESALQ/USP com mais de 40 anos de experiência no setor de agronegócio.


Reservas na contabilidade do país de 350 bilhões de dólares. Caixa oriundo da iniciativa privada que apesar da corrida de obstáculos consegue vender mais ao exterior do que dele adquire. A propaganda desse feito é sempre propalada pelo governo, que pretende mostrar que é resultado de sua eficiência e competência na gestão! Se as commodities exportadas pelo agronegócio tivessem uma cor, um marcador, aquelas reservas mostrariam claramente ao povo brasileiro o quanto contribuem para trazer dólares para o país, para suas reservas. Ranking do Brasil em relação de exportação (2010): - Soja – 2º maior (primeiro USA) - Açúcar – 1º maior - Celulose – 1º maior (2009) - Suco de laranja – 1º maior - Fumo – 1º maior (2008) - Carne bovina – 1º maior - Carne de frango – 1º maior Fonte: FGV O Brasil é o grande fornecedor de alimentos ao mundo e tem reservas de território para produzir muito mais. Citando a referência do ex-ministro Roberto Rodrigues, a OCDE-Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico afirma que “para que o mundo cresça 20% em dez anos, a agricultura do Brasil tem que crescer 40%” (Revista Conjuntura Econômica da FGV, novembro de 2011). Segundo esta mesma fonte o Brasil demandará de “cerca de 14 milhões de hectares extras para abastecer os mercados internos e de exportação”. Não fossem os obstáculos conhecidos de todos os brasileiros, como o custo do dinheiro, a voracidade do “leão”, a insuficiente infraestrutura, o custo da máquina estatal, a “inoportunidade” dos monopólios e empresas do governo, a corrupção como resultado do loteamento dos cargos públicos, a falta de vontade do governo ou da sua ineficácia para tratar da segurança, da propriedade, da saúde, da educação, etc... Este país estaria em condições de oferecer o tão desejável conforto de vida ao contribuinte e ao trabalhador brasileiro. A administração do país não consegue enxergar o dinamismo de forma integrada, convergente, para que todas as suas ações caminhem na direção daquele estado de conforto do cidadão. No oceano não há “Código Marinho“ em discussão no Congresso, o domínio estatal da matéria é soberano, ”magister dixit”, sabemos que os riscos da exploração de petróleo e gás são grandes e as catástrofes estão registradas em cadeia histórica. O Código Florestal, a vedete do momento é discutida sob a luz de pressões políticas e de extremismos ambientalistas. Pode causar impacto negativo no agronegócio, como opera hoje, e no futuro na desejada expansão. Além de possíveis efeitos do código, o agronegócio enfrenta a infecção das invasões de terras por movimentos organizados e amparados por órgãos governamentais. Qual é o ativo e o passivo dos assentamentos? O balanço tem passivo considerável porem sem ativos. Quanto estes assentamentos recolhem de impostos, quanto produzem de alimentos para o país e para a exportação?! Existe conta resultado nesse balanço? Nem financeiro e muito menos social. Poder-se-ia simplesmente financiar terras e investimentos para quem se habilitasse com as condições básicas para ser produtor rural, autônomos ou em cooperativas, sem invasões sensacionalistas no Congresso, em hidroelétrica, em pedágios, em prédios públicos, rodovias, etc... Tornando assim em realidade, pacificamente, o sonho daquele que quer trabalhar a terra. Recentemente, rachas entre os próprios movimentos da família MST, a constante venda de propriedades pelos assentados e a diminuição dos acampados tem enfraquecido a agressividade dessas operações ilegais. Ações de cooperação são benvindas, como a da FIBRIA-MS, que tem plano de integrar assentamento com produção de matéria prima industrial. Ao invés de regular o governo gasta em propaganda milionária em jornais, televisão, como a recente do INCRA na televisão. É mole!? Outro tema de agressão ao agronegócio é o uso de terras por estrangeiros. Porque, neste cenário de grande demanda mundial de alimentos e do então crescimento de sua produção e de energias renováveis, o mesmo time político que atua no apoio às agressões, nos empecilhos ao julgamento e aprovação do Código Florestal, quer dificultar aqueles que com risco trariam capitais do exterior para investir na produção? Será que há medo de que esses estrangeiros roubariam o solo em sacos, explorariam minerais valiosos ou montariam bases militares em nosso território? Ou vamos deixar as terras para as invasões que o contribuinte vai financiar via impostos, ou mais impostos? Ao investimento estrangeiro que se aplique um marco regulatório, se as condições e exigências não forem cumpridas nos projetos, estes seriam interditados ou perderiam a concessão. Anunciado recentemente um novo cadastramento do produtor rural pelo MAPA-Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, mais um? É necessário dar um basta aos projetos de escrivaninha e às constantes reformas estruturais que só mudam o nome das divisões e dos departamentos! Menos visual e mais ação! O MAPA, cuja maior atividade é inaugurar feiras agropecuárias, deveria preservar seus laboratórios de referência, historicamente atuantes, modernizá-los e operar adequadamente os serviços de inspeção animal e vegetal, tão importantes para o controle de qualidade dos produtos consumidos no país e exportados. A EMBRAPA, empresa de pesquisa agropecuária ligada ao MAPA é a joia da coroa. Tem que manter sua independência, isenta de infecções políticas e intelectuais. Pretendidas reformas recentes desejam interferir no comando da EMBRAPA! A CONAB, aahh, a CONAB! O ministro Roberto Rodrigues, citado neste artigo e pela mesma fonte, afirma: “Quem estabelece os acordos internacionais é o Itamaraty. Quem dita as regras de comércio é o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior com a Câmara de Comércio Exterior (CAMEX); e quem estabelece a questão florestal é o Ministério do Meio Ambiente. Quem decide a questão fundiária é o Ministério do Desenvolvimento Agrário ; quem resolve a questão de ferrovias, rodovias é a pasta dos Transportes; e dos portos, é a dos Portos. Quem cuida do financiamento é o BNDES e o Banco do Brasil; quem põe e planeja recursos é o Ministério do Planejamento; e quem estabelece taxa de juros e o câmbio é o Banco Central. Ou seja , se não houver uma estratégia de Estado, pode pôr Jesus Cristo de ministro que ele vai dar trombada com Deus e o mundo, com vaidades e ambições, e não vai acontecer nada.” Logicamente há projetos importantes que o governo patrocina, como a ligação rodoviária com o Peru; a Ferrovia Oeste Leste (de Ilhéus-BA a Figueirópolis - TO será o grande corredor de exportação de commodities) a ferrovia Transnordestina (de Suape - PE a Pecem - CE, de iniciativa privada); a Refinaria Abreu Lima em Pernambuco; as hidroelétricas de Santo Antônio, Jirau e Belo Monte; o TAV de São Paulo ao Rio de Janeiro; o Pré-Sal (riscos ambientais!); os canais de irrigação do rio São Francisco; a iniciante privatização dos aeroportos e vários outros que poderiam ser citados. Muitas dessas obras do PAC estão atrasadas ou realmente paradas, infelizmente contabilizando prejuízos técnicos. Os programas do etanol e do biodiesel praticamente saíram de cartaz! No entanto, estes projetos originam contratos interessantes com grandes empreiteiras, contratos esses quase sempre causadores de investigações dos tribunais de contas e até de órgãos policiais. O que produz muita matéria para a mídia, mas normalmente quando se encontram não conformidades, o affair acaba em pizza! Daí nasce o grande interesse dos partidos políticos pelos cargos com poder de decisão no governo e em suas empresas. A Folha de São Paulo traz uma notícia, nesta data, que 30 homens armados invadiram uma empresa distribuidora de produtos farmacêuticos em São Paulo, prendendo 80 funcionários e saindo com quatro caminhões com os produtos roubados! Algo precisa ser feito! Estudantes encapuzados invadem a administração da USP, na Cidade Universitária, São Paulo, e fazem depredações! Poderiam perfeitamente se organizar em passeatas e levar o seu protesto à opinião pública! Contou-me uma estudante que estava prestando o vestibular, e que acabara de fazer o cursinho: “Meu professor instruiu, em classe, para não criticar o governo nas redações”! Com certeza o professor recebera estas instruções de sua diretoria! Sons de sinfonia orquestrada! As forças armadas do Brasil não estão equipadas de acordo com os padrões atuais de tecnologia e com a metodologia para a proteção da soberania, do território e para manutenção da paz. O “direito de nascer” dos novos aviões de combate da FAB ainda ao que tudo indica terá vários capítulos! Tem-se a impressão que os administradores do país não caem de amores por essa área, talvez pelas suas recordações ou por traumas de juventude, daí a razão para o torniquete nos orçamentos militares. O agronegócio é uma vocação natural e pacífica do Brasil. Necessita de compreensão e recursos para se expandir com sustentabilidade, de políticas proativas e abertas à comunidade internacional, de crédito adequado, de apoio à educação, de P&D, de infraestrutura, e de segurança, sem casuísmos intervencionistas no mercado e no regulatório (o abre e fecha). O agronegócio é o grande player nacional de sucesso no acúmulo das reservas do país, gerador de empregos e pagador de impostos, não pode ficar abandonado. É o promotor do maior programa do mundo em energia renovável de biomassa!
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