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Scot Consultoria

Fertilizantes – período de recordes


Segunda-feira, 24 de outubro de 2011 - 17h14

Engenheiro agrônomo formado pela ESALQ-USP 1976. Consultor - Tecfértil - Vinhedo-SP.


As entregas de fertilizantes continuam batendo recordes, atingindo em setembro o maior volume entregue em um único mês. A quantidade acumulada no período também é recorde, assim caminha também para o recorde anual e já atinge um elevado percentual do total esperado para o ano. O restante das entregas do ano deve ser efetuado com tranquilidade diante da capacidade demonstrada até agora, e contando com matérias-primas suficientes garantidas pelas fortes importações e pela produção interna. O maior volume de entrega de fertilizantes se realizou para o estado do Mato Grosso que também caminha para um recorde no consumo anual. O quadro a seguir detalha as entregas de fertilizantes nos estados que apresenta o maior consumo, sendo importante notar que os estados do Paraná, Goiás, Mato Grosso e Bahia apresentam a maior antecipação, o que pode ser atribuído ao fato de serem os primeiros a iniciar o plantio de verão e também pelas condições favoráveis que encontraram para a comercialização da safra anterior e antecipar as compras para esta nova safra. Notar que vem ganhando destaque o estado do Piauí, com volumes crescentes no consumo de fertilizantes e que junto com o Tocantins e Maranhão se destacam como a nova fronteira de expansão da agricultura, o MAPITO. Importações e mercado internacional O ritmo forte das importações superam as expectativas, várias matérias-primas atingiram quantidades equivalentes quase ao total esperado para o ano inteiro ou até superando o volume esperado, baseado no histórico dos anos anteriores e nas necessidades para atender ao consumo mais elevado do corrente ano. As importações de Superfosfato Simples estão muito mais elevadas que o histórico dos anos Anteriores, em parte necessária para atender a demanda crescente do sul, norte e nordeste e que não são atendidas pela produção nacional que está concentrada no sudeste. Matérias-primas importantes como Cloreto de Potássio, MAP e Super Triplo foram importados em volumes superiores ao que era esperado para o período, quantidade quase suficiente para atender o volume do ano inteiro e refletem em parte a antecipação para evitar os sucessivos aumentos de preços, mas principalmente para cobrir a forte demanda que vem se confirmando mês a mês. Os nitrogenados como ureia e sulfato de amônio estão também com bom volume recebido e superior ao ritmo do ano anterior. As quantidades ainda necessárias para atender a demanda, já estão em boa parte em navios a espera do descarregamento ou estão contratadas e isso deve garantir o suprimento do mercado também quanto ao consumo de nitrogênio. O valor médio FOB dos registros de importação são indicados no gráfico a seguir, a medida que são desembarcadas as compras mais recentes, os preços vão se alinhando com os preços correntes no mercado internacional. A marcha de aumento de preço do Cloreto de Potássio é claramente visualizada refletindo a política de aumentos graduais e contínuos imposta pelos grandes produtores. O destaque principal é a diferença entre os preços atuais com relação aos preços do início do ano, e que ainda devem apresentar um maior reflexo nos preços do mercado interno diante das recentes valorizações do dólar. Relações de troca Os aumentos de preços dos fertilizantes corroem lentamente a capacidade de compra de fertilizantes com a piora das relações de troca. Utilizando como exemplo a relação entre fertilizantes e café, a comparação da ureia mostrava que no inicio do ano os valores relativos eram de 0,57 e já estão em 0,69 mesmo com a valorização do café que apresenta neste ano os seus maiores preços históricos dos últimos 10 anos, acumulando um valor de 6,6 vezes maior que em 2002. Devido aos contínuos aumentos do cloreto de Potássio e apesar dos melhores preços do Café na última década, a capacidade de compra também vai diminuindo. A comparação entre os valores relativos com o Cloreto de Potássio que era de 0,53 no início do ano já está em 0,65 e embora possa ser considerada ainda vantajosa com base nos anos anteriores, mostra uma perda de capacidade de compra continua neste ano diante dos aumentos de preços dos fertilizantes apesar do valor do café. E esta situação ainda poderá ser mais desfavorável diante das mudanças da situação econômica da última semana, com fortes perdas no preço do café, apesar do significativo aumento na cotação da moeda americana e que terá impacto mais definido nos preços dos fertilizantes. É preciso esperar um pouco para definir melhor como os diversos preços irão se comportar. Na relação de troca direta produto-fertilizante, podemos verificar a perda do poder de compra com base soja em Rondonópolis como mostra a tabela a seguir e que demonstra a necessidade de mais sacos de soja para adquirir cada tonelada de fertilizante. Notar que os preços crescentes da soja compensaram uma boa parte dos aumentos de preços de fertilizantes, mas as quedas recentes nos preços da soja irão diminuir a sua média de preços e a relação de troca deve piorar. Fatos e dados A previsão inicial para a safra 2011/12 divulgada pela CONAB foi bastante conservadora. Entretanto, esta previsão está baseada não apenas no resultado da última safra que foi beneficiada por condições excepcionais de clima, mas considerando também os resultados das anteriores e que apresentavam desempenho mais modesto. O quadro a seguir mostra um breve histórico para a safra principal de milho e a previsão para a próxima divulgada pela CONAB. Podemos notar que as produtividades dos anos anteriores foram menores que a última, sendo lógica esta previsão inicial. Por outro lado, podemos considerar também que a produtividade apresenta uma tendência crescente e diante da disposição do produtor em maior investimento, não deve ser descartada a possibilidade de obtenção de média até mesmo superior a da última safra. Também com relação ao previsto para a soja, a produtividade esperada é conservadora ao levar em consideração os resultados da safra anterior. Se os investimentos em tecnologia dos produtores contribuírem, as condições climáticas ajudarem e principalmente tiverem um bom controle da ferrugem (ajudada pelo período de vazio sanitário com clima seco), podemos esperar resultados melhores. Quanto ao aspecto de maior uso de tecnologia, o uso de fertilizante é um bom exemplo, com aumento da dose média, superada apenas pelo uso em 2007. O consumo de NPK por hectare apresenta um aumento gradativo da dose média calculada com base nas previsões de consumo de fertilizantes e na área prevista pela CONAB como mostram a tabela a seguir e o gráfico demonstra a significativa relação existente entre a dose de NPK e a produtividade agrovegetal (para maiores detalhes sobre este assunto, consultar Informações Agronômicas n.135, IPNI, 2011). Vamos ver se a esperança depositada pelos agricultores com mais investimentos em suas lavouras também poderá contar com condições climáticas e de desenvolvimento das culturas adequadas que poderão resultar em outro recorde para a agricultura brasileira, mas ainda precisa de um tempo para se confirmar.
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