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Scot Consultoria

Por um Banco Central mais próximo do setor produtivo


Segunda-feira, 29 de novembro de 2010 - 16h56

Economista, especialista em engenharia econômica, mestre em comunicação com a dissertação “jornalismo econômico” e doutorando em economia.


O presidente cessante do Banco Central, Henrique Meirelles, tem seus méritos na condução da política monetária brasileira. Vindo do mercado financeiro, Meirelles manteve com pulso firme o regime de metas de inflação e garantiu a autonomia necessária ao Banco Central, evitando interferências políticas. Foi um técnico exemplar. Não obstante essa avaliação positiva, o atual comando do Banco Central se distanciou muito do setor produtivo. Não foi capaz de ouvir os agentes econômicos, notadamente os que geram riquezas ao país, e com sua postura extremamente conservadora, não permitiu que o Brasil crescesse sustentadamente, praticando um dos maiores apertos monetários do mundo, principalmente no que se refere à taxa de juros básica. Faltou na prática sintonia com os Ministérios da Fazenda e do Planejamento. O Banco Central concentrou-se muito no ataque as conseqüências da política frouxa dos gastos públicos, sem negociar com o conjunto do governo ações preventivas que na ponta resultariam em menor amarra ao setor produtivo. Optou por uma política monetária apertada. Combateu e vem combatendo o desequilíbrio entre oferta e procura e as altas de custos repassadas aos preços finais, com juros elevados, sem uma negociação setorial. Quando o setor privado imagina que vai deslanchar, o Banco Central sinaliza com seu encolhimento. Além disso, o país fechará o ano com problemas sérios no câmbio. Agora com o economista Alexandre Tombini, anunciado como o próximo Presidente do Banco Central brasileiro, homem de carreira do Banco Central, espera-se que a credibilidade e autonomia desta Instituição sejam mantidas, e que haja maior sintonia com o setor produtivo, revendo a postura isolada e conservadora. Não é possível aceitar a prática da maior taxa de juros do mundo. Além disso, há outras restrições monetárias como elevada carga tributária na concessão de crédito, compulsórios fora dos padrões internacionais e uma política de crédito que permite práticas de custo de empréstimos no mínimo abusivas. O mercado financeiro deseja posturas mais conservadoras, pois esta é sua ração, por outro lado o setor produtivo, o lado real da economia, deseja um Banco Central mais aberto e sintonizado que as necessidades dos investidores que desejam ampliar suas atividades, culminando com o choque de oferta de produtos que mantenha o equilíbrio no mercado, garantindo crescimento econômico sem elevação de preços. Um plano conjunto da equipe econômica será capaz de sinalizar um caminho que vai além da isolada postura conservadora do Banco Central, prática adotada até o momento. O tempo dirá se isso será colocado em prática.
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