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Scot Consultoria

Fertilizantes safra 2010/11: segundo tempo, sem prorrogação


Sexta-feira, 16 de julho de 2010 - 15h17

Engenheiro agrônomo formado pela ESALQ-USP 1976. Consultor - Tecfértil - Vinhedo-SP.


Neste jogo entramos no segundo tempo e não terá prorrogação. Portanto, está na hora de ir pra frente e garantir o resultado para a próxima safra. A seguir explicamos porque o jogo tem que ser decidido agora. Preços Após a escalada de preços ocorrida em 2008, os preços de alguns fertilizantes recuaram em 2009 e 2010. Essa variação pode ser avaliada na figura 1, tomando como base os valores relativos dos produtos importados e que determinam a formação dos preços no mercado interno: Alguns fertilizantes recuaram rapidamente em 2009 e outros, como o cloreto de potássio, o recuo foi mais lento e contínuo mas atualmente se acomodaram em outro patamar e que aparentemente deve prevalecer para a formação dos preços durante o restante deste ano. Os gráficos demonstram que os preços internacionais se estabilizaram, embora em nível de 2,35 a 3,13 maiores que em 2002, após passar por um período mais favorável no final de 2009. Com o aumento da demanda esperado para o segundo semestre, como avaliamos adiante, tendem a aumentar os custos logísticos: fretes marítimos, demora nos portos, fretes rodoviários e esses efeitos serão mais sentidos por quem mais se atrasar. Consumo A produção agrícola mostra-se extremamente atrelada ao consumo de fertilizantes, sendo consequência da natureza da maioria dos nossos solos, a necessidade de utilizar fertilizante para atender a demanda da produção agrícola. A figura 3, mostra muito bem esta estreita relação entre a produção agrícola e o consumo de nutrientes. Após o já citado aumento nos preços dos fertilizantes ocorrido em 2008, houve uma natural retração no consumo. O mesmo não ocorreu com a produção agrícola e assim podemos notar que atualmente há uma defasagem com o consumo de nutrientes, mas que não pode ser durável. Os preços mais elevados estimularam a redução no uso do insumo, aproveitando ao máximo as reservas disponíveis dos solos e otimizando o uso dos fertilizantes nos dois últimos anos. Entretanto, o consumo tem sido inferior ao esperado, mesmo considerando que existam ganhos na eficiência do aproveitamento dos fertilizantes. A redução é elevada para ser absorvida em um período curto e para o tamanho da produção atual, é natural que seja necessário um ajuste no consumo de algumas culturas, principalmente cana-de-açúcar em que o consumo está abaixo do incremento de produção alcançado, para algodão devido ao aumento de plantio esperado com expectativas de mercado bastante favorável e neste momento também de soja se persistirem os ganhos das últimas semanas. Mercado Dessa forma, podemos esperar um mercado total de fertilizantes por volta de 23 a 23,5 milhões de toneladas e assim, teremos uma forte sazonalidade pois a maior parte das entregas ficaram para o segundo semestre, como pode ser visto na estimativa da tabela 1. É essa forte sazonalidade e o grande volume para ser entregue no segundo semestre que deve pressionar os custos, principalmente de logística e permitir uma possível recuperação de margens na comercialização. Assim, quanto maior a demora para a compra, maior será o risco destes fatores causando elevação dos preços. Importações Outro risco que ainda deve ser considerado é o suprimento adequado de matérias primas. A produção interna de matérias primas está em níveis acima do ano anterior, recuperando a produção principalmente de superfosfato simples que esteve contida devido ao excesso de estoques nas indústrias, causado pela redução do mercado em 2008 e 2009. Mas para outras matérias primas, ainda é necessária a importação da maior parte, que deve atingir 13,5 a 14,0 milhões de toneladas. Conforme dados do MDIC, as importações dos principais fertilizantes no primeiro semestre atingiram 5,6 milhões de toneladas que correspondem a cerca de 39% do volume necessário. Os indicadores iniciais do mês de julho já indicam um aumento na média diária de importação, condição necessária para atender ao maior volume necessário no segundo semestre. O quadro demonstra que embora as importações na média tenham alcançado 39% das necessidades, algumas matérias primas como o superfosfato triplo e o nitrato de amônio estão abaixo do esperado, podendo dificultar a aquisição de formulações que dependem do seu uso, como as formulações para soja no primeiro caso ou de cana-de-açúcar, café e laranja no segundo e eventualmente até a elevação dos seus preços. Conclusões Não existem fatores baixistas para os preços dos fertilizantes e os riscos de pressões altistas são maiores como: maior demanda, custos logísticos e até mesmo o risco de descompasso na disponibilidade de algumas matérias primas. A sustentação do volume de produção da agricultura brasileira exigirá um consumo maior de fertilizantes e a comercialização até o momento, indicam que o maior volume ocorrerá no segundo semestre e também pode se converter em uma pressão de alta para os preços. Com tantas razões para não esperar mais, só resta recomendar que coloquem o time no ataque para ganhar o jogo logo no início do segundo tempo. Se demorar para garantir o resultado o jogo poderá ser perdido.
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