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Scot Consultoria

Perguntas dos leitores


Segunda-feira, 10 de maio de 2010 - 18h14

Administrador de empresas pela PUC - SP, com especialização em mercados futuros, mercado físico da soja, milho, boi gordo e café, mercado spot e futuro do dólar. Editor-chefe da Carta Pecuária e pecuarista.


Hoje vou tirar o dia para responder perguntas de leitores. Os textos podem ter sido editados para melhor compreensão e/ou por questão de tamanho. Caro Rogério, sou criador no MS e sendo assim vendo bezerro. Toda safra de bezerros passo pelo mesmo estresse, peço um preço e todo mundo que quer comprar fica naquela reclamação. Sempre acabo ficando na dúvida de quem é que está com a razão, pois os invernistas reclamam que não podem pagar, pois não está dando relação de troca boa, e pedem “ajuda” (descontos). Do outro lado, porém, argumento que quando a relação de troca esta boa ninguém quer pagar um extra pro "tonto" aqui que cria. Diante disto lhe pergunto: como seria a fórmula mais justa pra calcular o preço do meu bezerro, já que os mesmo são produtos de IATF e com uma genética avançada, tanto nos cruzamentos como nos nelores. M. Olha, não sou especialista em cria, então não conheço uma fórmula justa de quanto poderia valer o seu animal. Estamos falando de mercado, não é? Se estivermos falando de mercado, é claro, esse não é um problema só seu. Tenho o mesmo problema. No mercado ninguém domina o preço. No mercado o preço oscila. Esse é um problema que o invernista e frigorífico sofrem durante o ano também. Existe, entretanto, uma diferença. O bezerro possui uma oscilação mais previsível que o boi gordo. Com isto, quero dizer que as altas e baixas do bezerro são mais suaves que as oscilações do boi gordo. Além disto, quando o bezerro teima em ir para uma direção, ele fica nela por bastante tempo, como agora, em alta. Fazem seis meses que o bezerro está subindo. Saiu de R$570,00 para R$720,00 aqui no MS, como você pode ver na figura acima, alta de 26%. O boi gordo, no mesmo período, para comparação, subiu 10%. Agora, expandindo a questão para as formas de se negociar o bezerro, tenho cada dia mais achado que uma boa alternativa é negociar o animal pagando pelo peso da balança. Bezerros e bois magros. Outra pergunta. Rogério, cara, tudo bom? Estou muito intrigado. Os frigoríficos de GO estão falando que tem escalas EXTREMAMENTE CONFORTÁVEIS. Estavam comprando o boi balcão na sexta por R$75,00/@. Agora estão falando em R$74,00/@ e talvez R$73,00/@, com escala para o dia 20, ou seja, de 14 dias. Com todos que eu converso, a sensação é que não tem boi de pasto represado para tudo isto. Será que é terrorismo da indústria? Grato, Méd.Vet. R.A. Rapaz, vou te dizer o que digo quando esse assunto entra em discussão. No Brasil não existe apenas uma pecuária. Essa já é a realidade dos frigoríficos há muito tempo. Para um frigorífico é irrelevante não ter boi em Goiás; ele aumenta as compras em Minas ou em Rondônia. Sendo assim, pode não ter boi em Goiás, como você diz, mas tem muito boi represado no Mato Grosso do Sul, por exemplo. O que o frigorífico faz? Ele diminui o abate nessas plantas que faltam bois e aumenta nas plantas que há maior oferta de animal. É o que está ocorrendo agora com as plantas do MS, após a vacinação da aftosa e a entrada do frio. Aqui tem muito boi represado que está saindo aos poucos. Além disso, se você reparar nas escalas de abate de São Paulo você vê que, de fato, a oferta de animais aumentou e muito no último mês. Observe a figura abaixo. Repare de abril para cá a escala saindo de três para seis dias. A escala dobrou em SP, principalmente oriunda de animais provenientes do MS. Vamos para a última pergunta. Caro Rogério, (...) sou pecuarista no Rio Grande do Sul e noto que o diferencial de base por aqui sofre oscilações sem um padrão muito determinado, o que aumenta a instabilidade do travamento de preços... (...) O que percebo é que nos últimos anos a atividade de cria vem se profissionalizando e conseguindo obter a renda necessária para cada um dos elos da cadeia; afinal, não é muito certo a atividade de engorda retirar a sua rentabilidade da atividade de cria, o que era o normal em nossa região. Mas, a razão da minha pergunta é a seguinte: Estamos vivendo um momento "anormal" em relação à taxa de reposição ou estamos vivendo um novo momento na relação dos negócios cria/invernada; atingindo um novo ponto de equilíbrio? I.W. Olha, na minha opinião, estamos vivendo um momento anormal, mas não completamente fora de base, quando se olha para o passado. Já tivemos situações da taxa de reposição ficar tão baixa assim e, no seu devido tempo, ela corrigiu. Vamos dar uma olhada no gráfico de longo-prazo da taxa de reposição para podermos visualizar o que estou falando aqui. Aqui temos a reposição da última década. Veja você no gráfico em 2002. A reposição estava tão baixa quanto hoje. Lá o mercado virou. É que vai ficando difícil acreditar em virada. Já faz quase dois anos que a reposição está tão baixa, não é mesmo? É uma questão de tempo também virar aqui agora. A mudança virá, a meu ver, de duas formas. 1) A entrada de novos bezerros no mercado e 2) a alta da arroba. Com a entrada de novos bezerros a sua cotação sofrerá pressão de baixa. Vai, pelo menos, tirar a alta que estamos passando agora. A alta da arroba acontecerá, à medida que a pressão que o invernista está sentindo agora, eventualmente, passe a ser sentida também na diminuição de bois gordos para os frigoríficos. Mas isso daí, caro leitor, essa confusão, esse cenário que se desenha com uma cortina de fumaça na frente e que não se dissipa é a cara da fase atual da arroba. Estamos na fase de equilíbrio do ciclo pecuário. Nenhuma das forças prevalece atualmente sobre as outras. Essa é a razão do mercado estar tão travado. É que ele, o mercado, está equilibrado. Observe o gráfico do ciclo pecuário abaixo. Depois da alta, entre 2006 e 2008, estamos na fase de acomodação dos preços. Não há nada de errado nisso, mas a sensação é essa mesmo, de mercado travado. Mas essas discussões que falamos hoje não param por aqui. Mande-me suas perguntas e comentários que colocarei nos textos para todo mundo ler e assim a gente tenta aprender mais, juntos, sobre esse mercado.
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