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Scot Consultoria

Onde começa o gerenciamento profissional em fazendas de gado de corte?


Quinta-feira, 27 de abril de 2006 - 18h37

Engenheira Agrônoma e Doutora pela ESALQ-USP, Coordenadora de Projetos Boviplan Consultoria.


Administrar a fazenda como empresa. Esse é o ideal de quem quer aumentar a rentabilidade da propriedade de gado de corte, independente de ser esta a sua primeira ou segunda atividade econômica. Para os pecuaristas que tem a fazenda como segunda atividade, que aqui vamos denominá-los pecuaristas da cidade, atingir a meta acima é mais premente, pois, provavelmente, estes já encaram a sua primeira atividade de forma empresarial e desejam para a fazenda o mesmo foco. Já para aqueles que atuam na área por tradição familiar - pecuaristas do campo - esta mudança quase sempre ocorre quando a geração mais nova assume as rédeas do negócio. O emocional Entretanto, muitos dentre os citados, que almejam se tornar futuros empresários rurais, acreditam que basta listar e implementar algumas atividades tidas como profissionais para atingir seu objetivo, tais como: escrituração zootécnica, escrituração financeira, definição de controles, levantamento de custos de produção, etc. Essa visão simplista logo se mostra ineficaz, pois ambos não dedicam o devido valor para um fator primordial, presente nas tomadas de decisão, que é o emocional. Assim como os povos da Europa, os brasileiros têm uma ligação emotiva com as coisas do campo. Exemplo disso é o crescimento do turismo rural em nosso país. A população urbana encara a atividade agrícola como algo bucólico, até mesmo fácil, pois há a idéia de que “da terra tudo se tira”. O contato com a natureza denota, para estas pessoas, boa qualidade de vida, pois no campo se tem tranqüilidade e segurança. Esta é a visão dos novos pecuaristas originários da cidade. Já os pecuaristas de tradição familiar têm uma visão totalmente diferente, evidentemente, pois sabem muito bem da difícil labuta de seus antepassados para levantar o patrimônio que agora recai sobre sua responsabilidade. Mas, em especial para este segundo grupo, mudar radicalmente a forma de enxergar cada palmo de chão, cada cerca, animal, construções, etc. é quase que renegar a herança deixada por seus pais. Como exemplo desse sentimentalismo podemos citar a aposentadoria dos cavalos ou dos sinuelos que serviram por anos a fio ao seu dono, deixados num pasto distante para “morrer de idade”. Sentimentalismo improdutivo Antes de definir quais serão os métodos que serão utilizados na mudança empresarial, é preciso uma modificação de postura do proprietário, em relação à unidade produtiva (fazenda). Primeiro, o “pecuarista da cidade” precisa entender que a pecuária de corte é uma atividade segura sim, um investimento conservador, mas, por isso mesmo, é uma atividade de baixa lucratividade, quando comparada ao comércio, indústria, etc. Ou seja, que não pode arcar com comodidades supérfluas, enquanto que o “pecuarista do campo” necessita compreender, que para manter o mesmo padrão de vida de seus pais, é preciso se desligar do sentimentalismo improdutivo. Na maioria das vezes, quando se resolve listar ou organizar os centros de custos, para então se montar um fluxo de caixa, logo salta aos olhos o custo administrativo. Sub-itens deste centro de custo, como pró-labore, viagens administrativas e sede estão entre os que mais oneram e, infelizmente, os que mais são afetados pelo sentimentalismo improdutivo, dificultando uma avaliação conscienciosa. Nessas horas é comum ouvirmos algo como “...se eu não puder ter um mínimo de luxo para vir e ficar na fazenda, não me interessa”. Bolso e coração Portanto, para ambos é preciso primeiro pensar com o bolso e depois com o coração, no momento de efetuar a mudança estratégica de seu negócio. É evidente que ninguém está totalmente contente numa atividade em que só pese o dinheiro, seja empregado ou patrão. A satisfação pessoal é muito mais forte do que imaginamos. Desta forma, ninguém deve abdicar de seus sonhos, mas, antes, é preciso acabar com a insônia, para depois então conquistá-los.
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