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Ciclo de crescimento das exportações está ameaçado


Sexta-feira, 15 de setembro de 2006 - 13h39

Após expressivo crescimento das exportações de lácteos, fruto de investimentos no aumento da produção, qualidade de leite e ampliação do parque industrial, o setor passa por momento difícil, com queda na taxa de crescimento das exportações e ampliação das importações. As remessas ao exterior de produtos lácteos que passaram de US$ 7,5 milhões, em 1999, para US$ 130,1 milhões, em 2005, devem encerrar o ano com valores inferiores a US$ 150 milhões. Para o presidente da Comissão Nacional de Pecuária de Leite da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Rodrigo Alvim, “a valorização do real frustrou as perspectivas de exportações que poderiam chegar a US$ 300 milhões em condições mais favoráveis”. Nos últimos três meses, o leite condensado vem sustentando as exportações. Nesse período, dos US$ 36 milhões enviados ao exterior, US$ 19,9 foram de leite condensado, 55% do total. Os principais mercados foram a Venezuela, US$ 9,0 milhões e Angola, com US$ 4,3 milhões. Em contra-partida, o segmento de queijos é o que mais sofre com a atual política macroeconômica. De janeiro a agosto, as exportações reduziram de US$ 19,2 milhões em 2005, para US$ 15,5 milhões em 2006, decréscimo de 19,3%. Somente no mês de agosto, os US$ 1,8 milhões exportados corresponderam a uma queda de 56% em comparação com o mesmo período do ano passado. Nem mesmo a redução de mais de 27% no preço pago ao produtor, que contribuiu para viabilizar as exportações no segundo semestre de 2005, estão sendo suficientes para ampliar a competitividade dos lácteos no mercado externo. Além de reduzir a taxa de crescimento das exportações, a desvalorização do dólar poderá reestimular as importações, seguindo na contra mão dos investimentos que vem sendo realizados pelo setor, após o primeiro superávit da balança comercial de lácteos ocorrido em 2004. Somente no ano passado, estima-se que as indústrias e cooperativas tenham investido mais de R$ 350 milhões na ampliação e construção de novas fábricas com o objetivo de exportar. As importações de lácteos, que caíram substancialmente após a aplicação das medidas antidumping, estão 5% maiores em comparação aos oito primeiros meses de 2005. Entre os meses de janeiro a agosto do ano corrente, o Brasil importou US$ 93,5 milhões, contra US$ 88,8 milhões do mesmo período do ano passado. O principal produto da pauta de importação continua sendo o leite em pó, com aquisições de US$ 53,7 milhões. No entanto, o leite UHT teve um incremento de 391%, importações de US$ 2,5 milhões; queijos cresceram 43,6%, importações de US$ 10,7 milhões e; soro cresceu 23,4%, importações de US$ 24,3 milhões. A dificuldade do Governo Federal em encontrar um ponto de equilíbrio na relação real-dólar é o principal desafio na atual política de câmbio livre. As variações cambiais decorrentes dos acontecimentos da economia internacional (elevação da taxa de juros americana e entrada de recursos externos) e da economia nacional (ritmo de queda da taxa de juros e metas de inflação) são os principais motivos de incertezas sobre o futuro das exportações de lácteos brasileiras. Como é pouco provável que a economia internacional venha se alterar bruscamente até o final deste ano, eventuais ajustes na política cambial deverão ser influenciados pela evolução dos indicadores internos do Brasil, principalmente, a taxa de juros. As ações para minimizar os impactos da política cambial têm sido muito tímidas. O governo lançou, em agosto, medidas paliativas que alteraram a legislação cambial. O ponto mais importante do pacote é a autorização para que parte dos dólares das exportações fique no exterior para pagar obrigações, reduzindo dívidas das empresas. Para Alvim, essas medidas são inexpressivas para o setor lácteo, é necessário uma redução substancial da taxa de juros e adoção de medidas de apoio a comercialização para evitar as quedas sistemáticas dos preços pagos aos produtores, a exemplo do que ocorreu no segundo semestre de 2005. Fonte: Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA)
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