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Scot Consultoria

A pecuária de leite no Brasil – mercado em baixa, mas com expectativa de melhora para 2007


Quarta-feira, 8 de novembro de 2006 - 15h43

O Brasil é um país de grande importância na produção agropecuária, sendo o maior produtor de diversas commodities agrícolas e maior exportador de outras tantas. Como exemplo tem-se a carne bovina e a carne de frango, que vêm apresentando números surpreendentes nos últimos anos. No caso do leite, ocupa a sexta posição entre os principais produtores do mundo, tendo produzido em 2005, de acordo com a FAO, 24,7 bilhões de litros, cerca de 5% da produção mundial. A localização geográfica do País é um ponto positivo para o desenvolvimento de diversas culturas. Além das condições climáticas favoráveis, o Brasil ainda possui água em abundância, tecnologias desenvolvidas para as regiões tropicais, mão-de-obra competente e muito empreendedorismo rural, o que leva ao aumento produtividade e da qualidade, mediante custos relativamente reduzidos. Ainda assim, os índices zootécnicos das fazendas de leite brasileiras são, em média, muito baixos. A contribuição média de leite por vaca, por exemplo, é de 1.138 litros anuais, enquanto que na Nova Zelândia, que é o oitavo produtor mundial de leite e que também realiza criação a pasto, chega a quase 3.700 litros. Bacias leiteiras As áreas de produção de leite no Brasil são distribuídas de forma heterogênea. Cerca de 75% do volume produzido concentra-se em Minas Gerais, Goiás, Rio Grande do Sul, Paraná, São Paulo e Santa Catarina, que até 2004 eram, nessa ordem, as maiores bacias leiteiras do País. Em 2005, a captação de leite nos estabelecimentos fiscalizados de São Paulo havia se reduzido em 4,56%. Em Santa Catarina, no mesmo período, a captação havia aumentado 19,67%. Portanto, persistindo essa relação, é possível que em 2006 a produção de Santa Catarina venha a ultrapassar a produção paulista. Dessa forma, São Paulo, que já ocupou a segunda posição entre os maiores produtores de leite do Brasil, passará à sexta colocação. Grosso modo, essa migração da produção de leite no Brasil, principalmente de São Paulo para as regiões de fronteira, ocorre devido à concorrência com outras atividades em São Paulo (cana-de-açúcar, por exemplo); incentivos da política pública em outros Estados (linhas de financiamentos a taxas de juros baixas); e crescimento da demanda por produtos lácteos menos perecíveis, como o leite longa vida, que podem ser produzidos em regiões mais distantes e transportados para os grandes centros consumidores. Tanto que São Paulo, o maior centro consumidor do País, é responsável por 7,4% da produção de leite nacional, mas consome mais de 30% do que o Brasil produz. Minas Gerais, Goiás, Rondônia e os Estados do Sul são, principalmente, os que exportam leite para o mercado paulista. Mercado Em 2006 o preço do leite pago ao produtor pouco tem variado, considerando a média nacional. No fechamento desta análise, em meados de novembro, o mercado trabalha há 5 meses com valores na casa dos R$0,48/litro (preço bruto, na plataforma), como pode ser observado na figura 1. Figura 1. Preço médio mensal do leite pago ao produtor, referente à produção entregue no mês anterior, em R$ nominais/litro. Esse comportamento estável do mercado de leite neste ano é atípico. Normalmente, ao longo do ano, os preços variam para cima ou para baixo, dependendo do período de safra ou entressafra. Em 2006, os preços não subiram, mas também não caíram. O que desagrada os produtores é que a estabilidade ocorreu num nível muito baixo. Tanto que, considerando valores deflacionados pelo IGP-DI, 2006 deve fechar com a média mais baixa da história. Observe a figura 2. Figura 2. Preço médio anual do litro de leite pago ao produtor, em R$ deflacionados pelo IGP-DI. Há 3 anos, o mercado de leite vem trabalhando com queda nos preços médios. Em 2003, por exemplo, o produtor recebeu, em média, 17,7% mais pelo litro de leite em relação a 2006, quando se considera o efeito da inflação. Os produtores de commodities agrícolas trabalham com margens pequenas e historicamente a curva de preços de qualquer commoditie é descendente, ou seja, é preciso ser cada vez mais eficiente para manter-se na atividade. Mas 2006 tem sido difícil para o pecuarista, que na grande maioria dos casos trabalha no vermelho. É claro que existem exceções. Analisando as bacias leiteiras isoladamente, é possível observar na Tabela 1 que ocorrem alterações maiores ou menores nos preços, dependendo do clima, das chuvas, da concorrência por matéria-prima, etc. Tabela 1. Preços médios brutos do leite pago em outubro, na plataforma, por Estado e na média Brasil, e as variações em porcentagem e em R$/litro, em relação ao pagamento anterior. A região influencia, pois o Brasil, sendo um país continental, apresenta diferenças nos picos de produção de Estado para Estado. No Sul do país, por exemplo, outubro foi o mês de pico de produção e, a partir daí, o volume começou a recuar. Já no Sudeste, em outubro a produção começou a aumentar, com o início das chuvas. Expectativa De modo geral, o mercado deve alterar pouco nesse final de ano. A tendência é que aumente a pressão baixista sobre os preços, já que estamos entrando no período de safra. Mas pouca coisa deve mudar, pois cerca de 60% dos profissionais da indústria entrevistados pela Scot Consultoria falam em manutenção de preço. Em 2007, é provável que o mercado continue oscilando menos, mas deve alterar a curva de preços para cima em ambiente firme.
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