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Irlanda reconhece que precisa de ajuda e bolsas disparam

Sexta-feira, 19 de novembro de 2010 -09h29
SÃO PAULO - Brian Lenihan, ministro de Finanças da Irlanda, admitiu que o país precisará de algum tipo de assistência financeira da União Europeia (UE) e afirmou que qualquer auxílio será distribuído por meio do governo, não pelos bancos. O reconhecimento da fragilidade de Dublin acontece em meio a visita de uma missão da Comissão Europeia (CE), do Banco Central Europeu (BCE) e do Fundo Monetário Internacional (FMI) ao país. As entidades articulam um plano bilionário para salvar a Irlanda do colapso. A ajuda estaria prestes a ser liberada e, por isso, as bolsas europeias dispararam ontem. Dublin fechou em alta de 3,1%.

Acredita-se que as autoridades possam estar discutindo a ativação da Linha de Estabilidade Financeira Europeia - programa de empréstimos de 440 bilhões de euros que tem como foco ajudar países da zona do euro a refinanciarem suas dívidas.

"Está claro que precisaremos de alguma forma de assistência externa", disse Lenihan à rede de televisão estatal RTE Television. "Temos de encontrar uma solução para as nossas dificuldades bancárias com qualquer tipo de ajuda externa que seja necessária", acrescentou. Lenihan afirmou ainda que a Irlanda faz parte da zona do euro e cumprirá suas obrigações como tal.

O ministro disse que os comentários feitos pelo presidente do banco central irlandês, Patrick Honohan, sobre um empréstimo de dezenas de bilhões de euros da UE para o país referiam-se a financiamentos de contingência.

Também ontem, em discurso no Parlamento, Lenihan elogiou os comentários de Honohan. O ministro das Finanças assegurou no discurso que todos os depósitos nos bancos irlandeses estão cobertos pelas garantias do governo. "Os depósitos estão seguros. Nada que está sendo discutido atualmente, ou que pode surgir depois disso, vai afetar esse fato", disse.

Embora tenha reconhecido oficialmente que precisará de ajuda, até o momento, a Irlanda não pediu assistência do Fundo Monetário Internacional (FMI), segundo Caroline Atkinson, porta-voz da instituição. "Nossa expectativa é analisar quais medidas podem ser necessárias para dar suporte à sustentabilidade financeira e proteger [a economia irlandesa] contra riscos do mercado à luz do plano orçamentário de quatro anos do governo irlandês", disse Atkinson.

A expectativa é de que o plano seja divulgado até o fim do mês. Embora Atkinson tenha se recusado a comentar sobre um possível empréstimo do FMI à Irlanda, ela afirmou que o fundo é, no geral, "capaz de agir de forma rápida e flexível" se um pedido for feito nos próximos dias.

Enquanto isso, o primeiro-ministro da Irlanda, Brian Cowen, disse que precisa haver um entendimento claro e comum dos fatos entre o governo e seus parceiros da UE antes de ser tomada uma decisão sobre a melhor forma de resolver a crise financeira do país. "O que todos nós precisamos fazer é ter um entendimento claro e compartilhado sobre quais são os fatos", disse Cowen em um discurso durante um compromisso oficial. "Então, e somente então, este governo poderá decidir sobre qual é a melhor forma de ação em relação a esse assunto", explicou.

"O principal foco das atuais conversas será a situação dos bancos e, sim, existem problemas muito grandes nesse setor. Nossas autoridades vão trabalhar intensivamente nesse assunto nos próximos dias com representantes da comissão da UE, do BCE e do FMI", afirmou Cowen.

Bolsas

As bolsas de valores europeias fecharam em alta ontem, com o pacote de resgate para a Irlanda parecendo cada vez mais provável e os indicadores econômicos positivos nos Estados Unidos. O índice pan-europeu Stoxx 600 fechou com ganho de 1,44%, a 271,15 pontos. Londres fechou com ganho de 1,34%, a 5.768,71 pontos. Frankfurt avançou 1,97%, para 6.832,11 pontos. Na Bolsa de Paris, o índice CAC-40 fechou com alta de 75,62 pontos (1,99%), aos 3.867,97 pontos. O índice ISEQ, da Bolsa da Irlanda, fechou com ganho de 83,46 pontos (3,10%), aos 2.775,35 pontos. O índice ASE Composite, da Bolsa da Grécia fechou com alta de 38,15 pontos (2,6%), aos 1.502,83 pontos.

Fonte:DCI. 19 de novembro de 2010.