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Como faz falta uma bola de cristal!

por Fabio Lucheta Isaac
Quarta-feira, 29 de março de 2006 -12h21
por rogério goulart

O mercado fechou com direções opostas na semana passada. O mercado futuro fechou em alta, talvez sendo influenciado (novidade) pelo comportamento do dólar que também subiu na semana.

O mercado físico, por outro lado, caiu, e novamente os motivos foram os mesmos – muita oferta de bois provenientes do Mato Grosso do Sul que estão freando qualquer que seja a tentativa de aumentar os preços de São Paulo via segurar seus bois nos pastos. Os paulistas até estão tentando segurar, mas os sul-mato-grossenses não estão fazendo o mesmo.

Outro fator que está entrando em cena é a sobre-oferta de frango no mercado interno. Tem até notícias de frango a R$0,50 o quilo, provenientes do RS, já pressionando o mercado da região Sul, que pode vir a pressionar também o mercado de SP. É uma possibilidade que temos que ficar de olho já que a carne de frango foi desde o início do plano Real a principal bandeira a favor do aumento do poder aquisitivo da população.

Será irônico se o Lula utilizar isso em sua campanha de reeleição, já que essa era a bandeira do Fernando Henrique.

Por outro lado com a redução do consumo de carne de frango no exterior por causa do medo do vírus abre-se espaço para a carne bovina. Já se fala até em aumento de exportações por causa disso.

Também é uma possibilidade a ser observada atentamente. Nos próximos meses, ao acompanharmos os destinos das exportações tanto de frango quanto de carne bovina, poderemos ter essa resposta com mais clareza, mas mesmo assim a janela para isso a meu ver é de no mínimo seis meses até que se tenha uma avaliação clara.

Ainda no lado positivo esse escarcéu todo do frango pode pressionar ainda mais a reabertura das exportações dos Estados afetados pela aftosa, e novamente a possibilidade de retomar os embarques nos mesmos patamares de antes de outubro.

Agora, a dúvida: se isso acontecer em meados do segundo semestre, e isso coincidir com uma nova diminuição dos confinamentos face ao desânimo com a atividade, onde estarão os preços da arroba para fazer frente a essa demanda?

A resposta, é claro, está no futuro. Como faz falta uma bola de cristal nesse negócio...


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rogério goulart é administrador de empresas pela PUC - SP, com especialização em
mercados futuros, mercado físico da soja, milho, boi gordo e café, mercado spot e futuro do dólar. Editor-chefe da Carta Pecuária e pecuarista.