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Sem informação é difícil tomar decisão

por Fabio Lucheta Isaac
Quinta-feira, 9 de março de 2006 -12h24
Os especialistas em agronegócio não cansam de afirmar: no mercado de commodities, o que faz a diferença é a gestão.

Dificilmente se agrega valor na venda de produtos “padrão”, ou seja, que não possuem diferenciação via marca, como é o caso das commodities agrícolas. Por exemplo, boi é boi, milho é milho e soja é soja em qualquer parte do mundo. Não existe “boi Bamba” e “boi Nike”, o que faria com que este último alcançasse maior valor de mercado.

Para compensar essa premissa, que castiga as margens das atividades agropecuárias (exceção feita a períodos atípicos de “explosão” de preços), os produtores rurais precisam trabalhar de forma extremamente eficiente, com foco em aplicação de tecnologia, ganhos em escala e gestão de custos. Em suma, é preciso administrar bem.

E administrar nada mais é que tomar decisões. Mas para que se tenha sucesso, é preciso que as decisões tenham respaldo em fatos e dados, e não em “achismos”. É preciso conhecer bem o negócio, tanto do ponto de vista técnico, quanto do ponto de vista econômico, dentro e fora da porteira.

Contudo, no Brasil, a carência de informações agropecuárias confiáveis e atualizadas é gritante. Não devia ser, pois o agronécio responde por 30% do PIB, 37% dos empregos e 40% das exportações. Mas é.

Tanto que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) não realiza um Censo Agropecuário desde 1996. Uma vergonha. Relaxo total.

De toda forma, o Ministério Público Federal de São Paulo ajuizou uma ação civil pública na 4ª. Vara Federal do Estado contra a União e o IBGE, para pedir que a justiça determine a realização do Censo.

O procurador responsável afirma que: “A defasagem de informações prejudica a realização de políticas públicas e privadas eficientes”.

É isso aí. Vamos ver se, ao menos na pressão, o governo federal funciona. (FTR)