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Os preços do campo subiram até 20% no último ano

por Jéssyca Guerra
Terça-feira, 9 de agosto de 2011 -09h35
O aumento da demanda por alimentos, mais acelerada que o aumento da oferta, faz com que ocorra uma alta de preços dos alimentos e um interesse maior por terras agricultáveis, que consequentemente também se valorizam.

O fenômeno dos altos preços internacionais das commodities fez com que se reavaliasse o preço da terra em diferentes países, entre eles a Argentina.

Particularmente no ano passado, o aumento médio foi de 15% em todo o país, mas nas melhores regiões da província de Buenos Aires, região Sul de Santa Fé e Sudeste de Córdoba o aumento chegou a 20%.

No Brasil, os preços médios das regiões produtoras de grãos no Paraná e no Mato Grosso tiveram altas de até 23% nos últimos dezoito meses. Entretanto, a alta média foi inferior a da Argentina, ficando ao redor dos 10%.

Assim, a terra agrícola de primeira qualidade na Argentina custa hoje entre US$13 mil e US$15 mil por hectare. "E nas zonas de plantação de milho como Venado Tuerto, Pergamino, Rojas e Salto, o preço sobe para US$17 mil ou US$18 mil", conta Roberto Frenkel Santillan, presidente da imobiliária Bullrich, Campos SA e novo titular da Câmara de Imóveis Rurais (CAIR).

Solos mais férteis no Brasil estão cotados ao redor de US$13 mil o hectare.

No entanto, outros campos localizados no Oeste da província de Buenos Aires, ao Sul de Córdoba e parte de La Pampa estão cotados entre US$7 mil e U$S 10 mil o hectare e a zona de plantação de trigo perto de Lobería ou Tandil, por exemplo, pode variar entre US$7 mil e US$9 mil.

"O preço da terra está ligada à cultura que é possível cultivar nas mesmas e da sua diversidade, mas também a sua liquidez, ou seja, o quão fácil é para vender-las", explicam. Observa-se também a proximidade da cidade, as benfeitorias, e a distância até o porto mais próximo, entre outros fatores.

De acordo com o engenheiro agrônomo e assessor de avaliação de terras Enrique Cortelletti, os valores dos campos locais subiram 15%, em média, no último ano e estão até 20% mais caras em algumas regiões aonde os preços chegam até US$20 mil o hectare.

A partir do aumento dos preços internacionais dos grãos, um processo que se aprofundou desde 2004, a terra é um refúgio de capital. "Hoje as pessoas não confiam no dólar, nem no euro ou na Bolsa. Nem mesmo nos mercados internacionais”.

“No entanto, se confiam nas construções e na terra", disse Frenkel Santillan e afirma que "nos últimos 50 anos, o preço da terra na Argentina acompanhou sempre a inflação nos Estados Unidos, além de gerar uma renda."

De todas as maneiras, este não é um negócio para muitos. O campo é um refúgio para investidores que contam com um patrimônio de mais de um milhão de dólares.

Uma abordagem mais modesta para o negócio seria a participação no plantio, onde o investidor recebe um percentual dependendo do produto. Mas de qualquer maneira, há fundos de investimento que pedem um capital mínimo de US$300 mil, digamos no mercado.

Além disso, diz José Rozados, analista do mercado imobiliário, “se por um lado a fronteira agrícola se expandiu, por outro a oferta de terras é limitada. Há muitas pessoas que querem entrar no negócio, mas muito poucas que querem sair", disse.

Segundo Frenkel Santillan, os preços atuais estão em um teto e é possível um maior desenvolvimento em áreas do NOA (Noroeste argentino) e do NEA (Nordeste argentino) onde os bons campos vão começar a apreciar-se mais com o aumento das commodities.

A este respeito, um informativo recente do Instituto de Tecnología Agropecuaria da Argentina (INTA) argumenta que “as projeções mundiais dos alimentos mostram aumentos crescentes nos preços, impulsionado por alta demanda e uma oferta lenta para regulá-la”. Neste contexto e apesar do aumento da produtividade agrícola, "para aumentar a produção que o mundo exige se necessita uma área maior e um maior desempenho," assinalou.

Fonte: Clarín. Por Natalia Muscatelli. 8 de agosto de 2011.