Pecuária do Oeste do Paraná em pauta
Cascavel, referência nacional pela força da agricultura e pela crescente integração com a pecuária de corte, foi palco da terceira edição do No Rastro da Pecuária 2025. Conhecido por sua força agrícola, o Oeste do Paraná é referência na produção de soja, milho e trigo.
A iniciativa, conduzida pela equipe do Confina Brasil e Scot Consultoria, reuniu pecuaristas, técnicos e empresas parceiras para uma manhã de troca de conhecimento, análises de mercado e discussões estratégicas que dialogam diretamente com os desafios regionais. O encontro reafirma sua proposta de ser mais que um palco de palestras: propõe um espaço de convivência, troca de experiências e fortalecimento das relações que dão sustentação ao setor.
Ao longo da programação, os participantes tiveram oportunidade de interagir com os palestrantes, trazendo questionamentos e experiências próprias para o centro da discussão. Essa troca, somada ao clima de confraternização e ao tradicional churrasco de encerramento, reforça a importância de cultivar uma rede sólida e colaborativa, capaz de sustentar o avanço da pecuária brasileira em diferentes contextos regionais.
A agenda de Cascavel foi cuidadosamente pensada para traduzir os principais desafios e oportunidades da intensificação da pecuária, trazendo um foco especial para o estado paranaense.
O analista Felipe Fabbri, da Scot Consultoria, abriu o ciclo de palestras com um panorama do mercado do boi gordo. Ele destacou fatores-chave que devem guiar as cotações no segundo semestre, como a oferta mais restrita de animais, o verdadeiro cenário da participação de fêmeas no abate e a evolução da demanda. Enquanto o mercado externo segue consistente, a perspectiva é de fortalecimento do consumo doméstico, cenário que pode sustentar preços mais firmes e orientar o planejamento estratégico dos pecuaristas.
Na sequência, Pedro Sávio, da FS, trouxe um tema já debatido em outras regiões, como o norte e centro-oeste brasileiro, mas dessa vez em sintonia com a realidade regional. Abordando a utilização dos coprodutos do etanol de milho na dieta bovina, ele ressaltou a importância de avaliar criteriosamente cada insumo, já que diferenças nutricionais entre coprodutos que parecem semelhantes podem impactar de forma significativa o desempenho e os custos da dieta. Com dados técnicos e didáticos, Sávio apresentou as oportunidades existentes na região como o DDG alta proteína, que se destaca pelo alto teor de proteína bruta na matéria seca e pela alta proporção de proteína by-pass (não degradável no rúmen).
O tema do bem-estar animal foi conduzido por Anna Flávia Bandeira, consultora técnica da Ouro Fino. Baseada em evidências de campo, ela demonstrou como o manejo focado na redução do estresse contribui diretamente para os resultados produtivos. Apresentando dados de confinamentos que trabalham com o Ferappease, Bandeira compartilhou resultados que apontam para ganhos em imunidade, menor incidência de morbidade e mortalidade e aumento do consumo inicial de matéria seca, confirmando que investir em bem-estar e na redução do estresse do rebanho não é apenas uma questão ética, mas também de eficiência.
Outro ponto crítico que está sendo abordado durante as apresentações é a conservação de insumos. Jean Prado, da Pacifil, destacou como falhas nesse processo podem gerar perdas silenciosas que comprometem margens. Com cálculos simples, Jean explicou critérios técnicos para escolha de filmes de silagem, desmistificando a relação entre espessura, micragem e resistência, e trouxe exemplos práticos dos impactos financeiros de manejos inadequados. Sua mensagem foi clara: a atenção ao armazenamento é tão estratégica quanto a formulação da dieta.
Encerrando a programação, José Arnaldo Favaretto, da Agropecuária 3M, compartilhou sua vivência prática com ferramentas de gestão de risco. Abrindo planilhas utilizadas em sua própria operação na agropecuária 3M, mostrou como as operações de hedge ajudam a proteger margens em cenários de incerteza. Em uma analogia marcante, questionou: "Se você soubesse a chance de um avião cair, não pensaria duas vezes antes de decidir se embarcaria? Da mesma forma, na pecuária, a estatística pode, e deve, ser usada para reduzir riscos. Os números não mentem e podem salvar o produtor de grandes quedas."
O No Rastro da Pecuária agora se prepara para sua última edição de 2025, marcada para 23 de setembro em Ribeirão Preto (SP), antecedendo o Encontro de Intensificação de Pastagens da Scot Consultoria.
A cada parada, o circuito reafirma sua missão: levar informação técnica aplicada às diferentes realidades produtivas do país, fomentar reflexões estratégicas e construir espaços onde conhecimento se transforma em resultado e conexões se consolidam em parcerias duradouras.
Nos vemos na próxima!
COORGANIZAÇÃO
● FS
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● Casale
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