A colheita da safra brasileira de milho 2024/25 está atrasada. Com uma janela de semeadura tardia e precipitações fora de época (março/abril) nas principais praças produtoras, o desenvolvimento da cultura se estendeu.
Até 2 de agosto, 75,2% da área semeada fora colhida. No ano passado, o índice de colheita era de 91,3% e, na média dos últimos cinco anos, era de 77,6%. Veja na tabela 1.
Tabela 1.
Progresso da colheita da segunda safra de milho no país.
Estado |
Semana até: |
Média 5 anos |
||
2024 |
2025 |
|||
3/ago |
26/jul |
2/ago |
||
Goiás |
88,0% |
41,0% |
60,0% |
72,6% |
Piauí |
98,0% |
86,0% |
92,0% |
89,6% |
Tocantins |
100,0% |
97,0% |
99,0% |
97,0% |
São Paulo |
65,0% |
10,0% |
18,0% |
34,6% |
Minas Gerais |
60,0% |
43,0% |
51,0% |
50,2% |
Maranhão |
75,0% |
97,0% |
100,0% |
85,0% |
Mato Grosso do Sul |
87,0% |
37,0% |
42,0% |
47,8% |
Mato Grosso |
99,3% |
87,6% |
95,2% |
96,9% |
Paraná |
85,0% |
53,0% |
65,0% |
46,8% |
9 estados |
91,3% |
66,1% |
75,2% |
77,6% |
Fonte: Conab
Apesar do atraso, o desenvolvimento da cultura ocorreu em boas condições e se confirmado, a produtividade e produção, aumentarão, respectivamente, 11,6% e 14,3% em relação à safra passada, totalizando 131,9 milhões de toneladas – safra recorde (1ª, 2ª e 3ª safra).
O aumento da oferta tem pressionado os preços, que se encontram na mínima do ano. Acompanhe na figura 1.
Figura 1.
Preço do milho, em R$/saca, em diferentes regiões do Brasil.
Fonte: Scot Consultoria
O preço médio, em R$/saca, em julho de 2025, apesar da queda desde o início do ano, é maior do que há um ano.
Apesar disto, os principais consumidores viram uma melhora no poder de compra, com a cotação de seus produtos tendo maior valorização (ou menor depreciação) na base anual ou semestral, fato que melhorou a margem das operações. Veja na tabela 2.
Tabela 2.
Preço de diferentes commodities que utilizam o milho ou derivam dele, sua variação (%) mensal, semestral e anual.
Produto |
jul-25 (A) |
Há seis meses (B) |
Há um ano (C) |
A/B (%) |
A/C (%) |
Milho, R$/saca |
R$ 46,30 |
R$ 64,78 |
R$ 42,26 |
-28,5% |
9,6% |
Frango resfriado*, R$/kg |
R$ 6,64 |
R$ 7,91 |
R$ 6,23 |
-16,0% |
6,5% |
Carcaça especial suína*, R$/kg |
R$ 12,33 |
R$ 11,88 |
R$ 11,56 |
3,8% |
6,6% |
Boi gordo**, R$/@ |
R$ 295,51 |
R$ 308,03 |
R$ 205,40 |
-4,1% |
43,9% |
DDG ou DDGS, 30% de PB, R$/t |
R$ 1.143,64 |
R$ 1.120,68 |
R$ 1.105,93 |
2,0% |
3,4% |
Óleo de milho, R$/kg |
R$ 5.710,28 |
R$ 5.210,49 |
4560,5 |
9,6% |
25,2% |
Etanol hidratado, R$/l |
R$ 3,23 |
R$ 3,29 |
R$ 3,07 |
-1,9% |
5,2% |
*considerando a referência para São Paulo e os preços no atacado, simulando a receita da agroindústria com a venda do produto.
**média de preços entre as praças de Mato Grosso, considerando o preço a prazo e livre de impostos.
Fonte: Scot Consultoria, CEPEA
A produção de etanol de milho no Brasil ganhou relevância de 2020 para cá.
Adiante, analisaremos a margem da operação em 2025, que, com a queda do preço do milho, está em seu melhor nível.
O etanol não é a única fonte de receita das usinas. Os coprodutos (ou produtos) do processamento tem relevância na margem bruta, sendo os grãos secos de destilaria (DDG/DDGS) e o óleo de milho os mais relevantes – a levedura do processo de fermentação e outros produtos também podem ser aproveitados, mas, aqui, focaremos nesta tríade: etanol, DDG/DDGS e óleo de milho.
Segundo dados da UNEM (União Nacional do Etanol de Milho), uma tonelada de milho processada produz, aproximadamente, 440 litros de etanol, 212kg de DDG/DDGS e 19kg de óleo de milho.
Partimos destas premissas para calcular a margem bruta de processamento (MBP) das usinas de etanol de milho.
Ressaltamos, porém, que agentes do setor indicam que o rendimento, em função da otimização dos processos industriais, pode ser maior do que as médias apontadas pela Unem.
Para o DDG/DDGS, por exemplo, há a indicação de que até 290kg por tonelada possam ser produzidas. Já para o óleo, o rendimento pode oscilar entre 17 e 22kg/t.
Estimamos que, com a queda no preço do milho e maior firmeza no preço dos coprodutos, conforme apresentado na tabela 2, a margem bruta do processamento (MDP) está em seu melhor nível em 2025 – R$463,00/t, em Mato Grosso e, R$451,00/t, em Goiás. Acompanhe na figura 2.
Figura 2.
Margem bruta de processamento (MDP), em R$/t, das usinas de etanol de milho.
Fonte: Scot Consultoria
A margem não considera os custos operacionais, mas serve como um indicador da saúde momentânea da indústria.
Com a colheita ainda em andamento e uma boa oferta adiante, a expectativa é de que os preços do milho trabalhem entre estabilidade ou queda no curto prazo.
Do lado dos coprodutos, o aumento do teor de participação do etanol na gasolina (E30) e do biodiesel no diesel (B15), iniciado em agosto, deverá estimular a demanda interna por etanol e óleo – de soja ou derivados – contribuindo com preços sustentados.
Para o DDG/DDGs, a antecipação de vendas no início do ano (as programações de entrega pelos fornecedores já datam outubro/25), colabora para que a indústria tenha pouco produto no mercado físico e, o que se faz necessário vender, manter os preços firmes.
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