O manejo da fertilidade do solo é responsável por cerca de 50,0% dos ganhos obtidos na produtividade das culturas, inclusive das pastagens. Um programa de manejo da fertilidade de solos deve contemplar as seguintes etapas: escolha da área; seu mapeamento; amostragem de solo e de planta; envio das amostras ao laboratório; análise laboratorial; interpretação dos resultados das análises; recomendações de correção e adubação com base em metas especificas; planejamento e execução do programa; práticas corretivas e de adubação; escolha dos tipos de adubação; escolha dos métodos de aplicação; e avaliação dos resultados.
Os programas de análises de solo e de plantas são utilizados com o objetivo de fornecer um guia para o manejo adequado da fertilidade do solo e da nutrição mineral das plantas. Os métodos para a avaliação da fertilidade de um solo são a análise química e física do solo, a diagnose visual de deficiências minerais nas plantas e a análise química da planta.
A análise de solo é o método mais usado em todo o mundo e constitui o único que permite o conhecimento adequado da capacidade de um solo suprir nutrientes para as plantas antes do estabelecimento de uma cultura. Seus objetivos são: avaliar a sua capacidade para fornecer nutrientes às plantas, verificar a ocorrência de elementos tóxicos em níveis indesejáveis, e determinar doses corretas de corretivos e fertilizantes. As etapas do processo de análise de solo são três: amostragem, análise laboratorial e interpretação dos resultados.
A amostragem é a etapa mais crítica do processo, pois é a mais sujeita a erros. Ressalta-se que, no laboratório, não se consegue minimizar ou corrigir erros cometidos na amostragem do solo. Assim, uma amostragem inadequada resulta em uma análise inexata, e em uma interpretação e recomendação equivocadas, podendo causar graves prejuízos econômicos ao produtor e danos ao meio ambiente.
O resultado de uma análise incorreta pode ser corrigido pela repetição, mas esse recurso não corrige erros de amostragem. Portanto, são necessários cuidados na obtenção de amostras representativas da área, pois não há como corrigir uma amostragem malfeita, a não ser pela realização de uma nova coleta.
A amostragem do solo não é uma prática simples, deve ser rigorosamente executada e seguir instruções baseadas cientificamente. Qualquer que seja a precisão dos métodos de análise de solo, ela é limitada pela qualidade das amostras. Desta forma, a análise não pode ser melhor do que a amostra.
Dada a sua relevância, a amostragem de solo deve ser cuidadosamente planejada, iniciando-se com a elaboração de um plano de amostragem, para o qual se faz necessária uma planta ou um croqui da área.
Amostragem pelo método convencional: os solos são naturalmente heterogêneos, e isso tende a aumentar na medida em que são cultivados. Por isso, é fundamental que a amostra reflita fielmente a área que será manejada e represente áreas homogêneas quanto às suas características e seu histórico de uso e manejo.
Uma amostra deve ser proveniente de uma mesma classe de solo: mesma cor, textura, profundidade, drenagem, relevo, vegetação natural, o manejo anterior de correção e adubação e exploração do solo, espécies e cultivares de forrageiras cultivadas, tempo de uso daquela pastagem e manejo adotado.
Devido ao grande número de fatores que determinam uma área homogênea, o tamanho desta pode variar entre um e 50 ha. Para que a amostra composta seja representativa da gleba, devem ser coletadas de 20 amostras simples por área homogênea. Em sistemas de pastagem, na medida do possível, as amostras simples que compõem uma amostra composta são feitas por piquete, mas, dependendo da homogeneidade da área dentro de um piquete, pode ser necessário obter mais de uma amostra composta.
Os equipamentos para amostragem mais indicados são os trados e as sondas. Pode-se utilizar também a pá reta e o enxadão. Estes equipamentos devem ser de aço, nunca de metal galvanizado, para evitar contaminação das amostras, principalmente com micronutrientes. Todos os equipamentos e os recipientes utilizados na amostragem e embalagem da amostra devem estar limpos.
Para a maioria das culturas, as amostras simples são coletadas na camada de 0 a 20 cm. Para áreas novas, principalmente quando se pretende a implantação de culturas perenes, tais como pastagens, recomenda-se coletar as amostras simples nas camadas de 0 a 20, 20 a 40 e 40 a 60 cm. As amostras simples das diferentes camadas devem ser coletadas no mesmo ponto e em igual número, obtendo-se amostras compostas para cada camada.
Para a implantação da pastagem, recomenda-se a coleta com, no mínimo, seis meses antes do plantio. Para pastagens já estabelecidas, o ideal é coletar as amostras no final do período chuvoso. Entretanto, para definir a época de amostragem, também se deve considerar o tempo necessário para se realizar e interpretar a análise, fazer as recomendações, comprar, receber e aplicar os insumos, além do tempo para a reação dos corretivos.
A frequência de amostragem para análise varia entre um a quatro anos. Os fatores que influenciam esta frequência são: a capacidade de troca de cátions do solo, que quanto mais baixa, maior deverá ser a frequência; quanto maior for a dose de fertilizantes, maior deverá ser a frequência; com a produtividade obtida, quanto maior for, maior deverá ser a frequência. A análise granulométrica (areia, argila e silte) pode ser realizada somente na primeira amostragem da área.
Percorre-se cada área homogênea caminhando em zig-zag e, em cada ponto, limpa-se a cobertura morta da superfície do solo com a mão ou com o pé, removendo-a, mas sem remover a camada superficial. Não coletar próximo a casas, brejos, terraços em curvas de nível, formigueiros e cupinzeiros, estradas, carreadores, malhadouros do gado, cochos de suplementos e fontes de água, locais onde ficaram amontoados corretivos e adubos, onde a vegetação foi queimada, próximo ou sob árvores, e em áreas erodidas. Se for usado baldes para acondicionar as amostras, estes devem ser de plástico e estar limpos.
O volume de solo das amostras simples deve ser cuidadosamente destorroado e homogeneizado para obter uma amostra composta representativa, que deve pesar entre 300 a 500g. A amostra pode ser seca à sombra, sobre uma superfície limpa antes de ser enviada ao laboratório. Não se recomenda que a amostra seja peneirada.
Evita-se coletar com o solo muito úmido. Se estiver um pouco úmido, deve-se espalhar a amostra sobre uma superfície seca e limpa, e deixar secar à sombra em um local ventilado. As amostras de terra úmida, principalmente dentro de sacos plásticos, sofrem alterações químicas que podem mascarar os resultados de análise. Recomenda-se não expor a amostra ao sol, especialmente se embalada em recipiente de plástico e fechado, pois o aquecimento da amostra aumenta a taxa de decomposição da matéria orgânica e de resíduos, com formação de sais que podem alterar o pH do solo.
A amostra composta deve ser acondicionada em recipiente limpo e identificada com etiqueta escrita e protegida com plástico, para que a umidade da amostra não as deteriore. Na etiqueta, deve constar os nomes da empresa ou do proprietário, a propriedade, o município, a pessoa que fez a coleta, data da coleta, identificação da área e seu tamanho (ha), as coordenadas geográficas – no caso de amostragem georreferenciada –; o tipo equipamento de coleta utilizado, a profundidade da amostragem; e o histórico de manejo da área (corretivos e adubos aplicados, uso anterior e atual e produtividades alcançadas nos últimos anos). Na propriedade, deve ficar arquivado um documento com essas mesmas informações, para depois não haver dúvidas em relação à identificação das áreas nos resultados da análise que virá do laboratório.