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Carta Grãos e Agricultura - Comparação da cotação do milho com a do DDG

por Lorenzo Cracco
22/07/2025 - 05:00

A cotação do milho, historicamente, tende a seguir um padrão – queda no primeiro semestre, influenciada pela colheita da primeira safra e pela antecipação da oferta da segunda safra, e alta no segundo semestre, impulsionada pela recomposição dos estoques e pela competição com a exportação do grão. Esse comportamento é recorrente e, desde 2005, só foi interrompido em 2008, ano marcado pela crise financeira global. 

Neste ano

Em 2025, até o momento, o comportamento foi semelhante. A cotação fica em alta até meados de fevereiro e março quando então começa a cair e bate nas mínimas em julho/agosto. Existem comportamentos mensais e semanais que alteram essa dinâmica, e os fundamentos de oferta e demanda definem “o quanto sobe e o quanto desce”. 

Figura 1. Cotação do milho (saca com 60kg) em Rondonópolis e Campinas, e do DDG (tonelada) em Mato Grosso e Goiás.

*DDG “Alta Fibra”
Fonte:
Scot Consultoria

Concorrência

O preço do DDG não acompanha, de forma linear, as variações da cotação do milho. É claro que o milho, sendo a principal matéria-prima, exerce influência direta sobre o custo e o repasse dos preços ao DDG. No entanto, outros fatores também impactam a formação, como a concorrência com produtos do processamento do algodão e com o farelo de soja, que disputam espaço nas formulações das rações.

Comportamento dos preços

Desde meados de agosto de 2024, os preços do DDG vinham subindo, seguido por um período de estabilidade, a depender do tipo de produto. Entre junho e julho deste ano, entretanto, os preços ficaram estáveis, com tendência de queda. 

Desde meados do ano passado, tanto a demanda interna quanto o mercado externo (exportação) estiveram aquecidos. O Brasil exporta aproximadamente cerca de 20% do DDG produzido, o que faz com que o mercado internacional também atue como formador de preços. 

Figura 2. Preço médio da tonelada de DDG exportada.

Fonte: Ipea, Secex / Elaboração: Scot Consultoria

O preço médio do DDG exportado acompanhou a mesma tendência observada nos preços do DDG vigentes no mercado interno (figura 1) – queda contínua desde o fim de 2022, seguida por uma recuperação a partir de meados de 2024. No entanto, essa retomada não foi suficiente para alcançar os patamares registrados em 2022 e 2023.

Final

Além da influência do milho, o preço do etanol desempenha papel estratégico, pois afeta a margem das usinas e o incentivo para intensificar ou reduzir o esmagamento de milho, modulando a oferta de DDG no mercado interno e exportador. Esse conjunto de variáveis cria um cenário de preços dinâmicos e mais complexo.