Carta Insumos - Balanço do primeiro semestre e perspectivas para os fertilizantes

O mercado global de fertilizantes passou por turbulências no primeiro semestre de 2025. A combinação de fatores geopolíticos, econômicos e comerciais trouxe incertezas que impactaram diretamente os preços internacionais e a dinâmica de oferta, com efeitos sobre o agronegócio brasileiro.

Entre os principais marcos desse período, destacam-se: o agravamento do conflito entre Irã e Israel; o lançamento do Plano Safra 2025/26 e suas novas diretrizes de crédito para o setor; e o anúncio, em 9 de julho de 2025, pelo presidente norte-americano Donald Trump, de uma tarifa de 50,0% sobre produtos importados do Brasil — ainda em avaliação quanto à sua abrangência e aplicação efetiva.

O Brasil iniciou 2025 com forte ritmo de importações de fertilizantes, entre janeiro e junho foram importadas 19,40 milhões de toneladas, um crescimento de 9,3% em relação ao mesmo período de 2024.

Apesar disso, os Estados Unidos representaram menos de 3,0% das importações totais brasileiras no semestre, limitando o impacto direto de uma possível tarifa americana sobre os fertilizantes.

Figura 1.  
Importação total de fertilizantes pelo Brasil no primeiro semestre dos últimos anos, em milhões de toneladas (eixo da esquerda) e participação dos Estados Unidos, em porcentagem (eixo da direita).

Fonte: Comex / Elaboração: Scot Consultoria.

Expectativa para as compras brasileiras no segundo semestre

A partir de agosto, as compras de fertilizantes nitrogenados tradicionalmente tendem a se intensificar, em preparação para o plantio da safra 2025/26. De acordo com a Secretário de Comércio Exterior, em julho de 2025, as importações de nitrogenados já atingiram 790 mil toneladas, superando a média dos últimos anos para o mesmo mês.

Além disso, o cenário internacional continua instável. A alta nos preços do petróleo e o consequente aumento dos custos de frete marítimo elevam os gastos logísticos, pressionando diretamente o custo dos insumos agrícolas no Brasil. Os fertilizantes nitrogenados, por sua sensibilidade ao mercado de energia, são os mais afetados.

Com a aproximação do pico de consumo da safra, os produtores devem reforçar o planejamento financeiro e adotar estratégias de mitigação de risco, como travas cambiais e compras antecipadas. A maior preocupação recai sobre a segunda safra, pois muitos produtores ainda não adquiriram os insumos necessários, em razão das altas registradas no início do ano.