O conflito no Oriente Médio trouxe fatores de instabilidade no mercado de fertilizantes e os impactos foram sentidos poucos dias após o início das hostilidades.
Os efeitos imediatos foram no mercado de nitrogenados, que enfrenta interrupções na produção e desafios logísticos. Esse cenário amplia os riscos para o abastecimento global, afetando o Brasil.
O mercado internacional de ureia está comprometido pela interrupção no fornecimento de gás israelense ao Egito, que afetou a produção local e pela paralisação de sete plantas iranianas de fertilizantes nitrogenados.
Um dos reflexos desse cenário é a dificuldade da Índia em garantir o abastecimento de fertilizantes, tendo adquirido até 25 de junho, 15,3% da meta — o que contribui para manter o mercado tensionado.
Concomitantemente, a guerra entre Rússia e Ucrânia continua a afetar negativamente o setor, como o bombardeio de unidades produtoras de nitrogenados na Rússia (Novomoskovsk Azot JSC e Nevinnomyssk Azot).
Esse quadro provoca o interesse por alternativas como o nitrato e o sulfato de amônio.
Figura 1.
Evolução da cotação da ureia, do sulfato de amônio e do nitrato de amônio, no Brasil, sem considerar o frete, em R$/tonelada.
Fonte: Scot Consultoria
Existe o risco de um possível fechamento do Estreito de Ormuz, cuja interrupção teria efeitos sobre a cadeia logística dos fertilizantes. Um exemplo é a ureia exportada pelo Catar, que usa essa rota.
No caso dos fertilizantes fosfatados e potássicos, embora a produção não tenha sido diretamente afetada, cresce o temor com a logística internacional. Um eventual fechamento de Ormuz exigiria o redirecionamento das cargas originadas na Arábia Saudita, o que implicaria no aumento do tempo de trânsito e nos custos do frete.
A tendência é de que o mercado de fertilizantes permaneça pressionado no curto prazo, refletindo as incertezas ligadas à produção e à logística.