A sexta-feira, 13 de junho, ficará marcada não apenas pela superstição, mas por um evento real: os bombardeios israelenses de alvos estratégicos no Irã. A guerra no Oriente Médio tem implicações globais e afeta o agronegócio brasileiro.
Entre os insumos mais sensíveis está a ureia. O Irã é um dos maiores produtores e exportadores mundiais, com capacidade de produção anual de cerca de 9 milhões de toneladas, das quais entre 4,5 e 5,5 milhões são exportadas. O Brasil importa aproximadamente 17% desse volume, sendo um dos principais destinos da ureia iraniana.
Após os ataques, a cotação da ureia subiu 5,6%, em função da uma possível interrupção da exportação.
Gráfico 1.
Evolução do preço médio da ureia pecuária em 2025, em R$ por tonelada.
Fonte: Scot Consultoria
Além do Irã, outros grandes produtores de nitrogenados e potássicos estão na região e utilizam o Estreito de Ormuz como principal rota de transporte. Um agravamento do conflito pode elevar ainda mais os preços internacionais da ureia, assim como do cloreto de potássio.
O Brasil importa cerca de 80% dos fertilizantes que consome. Os principais fornecedores são Rússia, China, Canadá, Marrocos e países do Oriente Médio.
Os fertilizantes nitrogenados, responsáveis por 48% da demanda brasileira, dependem do gás natural, cujo preço está atrelado ao petróleo. Com a alta de 7% no preço do petróleo na sexta-feira (13), os custos de produção e transporte dos fertilizantes aumentaram com a elevação da classificação de risco das rotas que passam pelo Oriente Médio.
Outro ponto de atenção vai para os fertilizantes potássicos, que também devem sofrer pressões em suas cotações. Israel produz cerca de 2,4 milhões de toneladas de cloreto de potássio por ano, sendo o 4ª maior exportador.
Com a retaliação iraniana - como o possível bloqueio do Estreito de Ormuz, que conecta o Golfo Pérsico ao Golfo de Omã - ou novas sanções internacionais, o fornecimento global de insumos pode ser afetado. Com menos oferta e aumento nos custos logísticos, a tendência é de pressão sobre os preços no Brasil.
O Egito, por exemplo, suspendeu a produção de ureia com a interrupção no fornecimento de gás natural vindo de Israel, provocando aumentos dos preços nos Estados Unidos, Oriente Médio e Brasil.
Gráfico 2.
Evolução do preço médio do Cloreto de Potássio (pó) em 2025, em R$ por tonelada.
Fonte: Scot Consultoria
A conjunção desses fatores - como a paralisação da produção egípcia, a instabilidade iraniana (um dos maiores produtores e exportadores globais de ureia) e o impacto sobre Israel - cria um quadro preocupante para o mercado de fertilizantes.
Mesmo antes do conflito, não se previa queda nos preços em curto prazo. Agora, com o agravamento geopolítico, o cenário está sujeito a choques reais de oferta.
Neste contexto, antecipar compras e acompanhar os indicadores internacionais são atitudes recomendáveis para manter a competitividade.