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Carta Insumos - Mercado de fertilizantes e expectativas

por Nicole Santos e Juliana Pila
Sexta-feira, 20 de outubro de 2023 -10h30


Os preços dos principais grupos de fertilizantes (nitrogenados, fosfatados e potássicos) caíram em 2023, comparados a 2022.


O período de pandemia de covid-19, que interrompeu o fluxo da cadeia de suprimentos, o conflito entre a Rússia e a Ucrânia, e a alta no preço do gás natural, entre outros fatores, provocaram uma subida de preço, principalmente, no primeiro semestre de 2022.


De lá para cá, já com a oferta mais ajustada, os preços começaram a cair, voltando aos patamares de 2021 (figura 1).


Figura 1.
Preços médios mensais dos principais fertilizantes, em R$/tonelada, sem o frete, nos últimos 25 meses.



Fonte: Scot Consultoria


Porém, neste semestre os preços subiram. A alta do dólar colaborou com esse movimento.


De junho a setembro/23, as cotações subiram 30,8%, 1,2% e 0,9%, para o conjunto de fertilizantes nitrogenados, potássicos e fosfatados, respectivamente.


Essa é a temporada de maior consumo no hemisfério Sul, com destaque para o mercado brasileiro, visando a safra 2023/24.


Para a safra 2023/24 de milho e soja no Brasil, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, sigla em inglês), estimou a produção de milho em 129,0 milhões de toneladas e a de soja em 163,0 milhões de toneladas.


Apesar da alta recente dos preços dos fertilizantes, considerando o preço médio em doze meses, a cotação está menor.


Importação de fertilizantes pelo Brasil


O Brasil importa 85,0% do fertilizante que consome. Até setembro, 5,9% de todos os produtos importados pelo país foram fertilizantes, queda de 48,0% em um ano (Secex).


Rússia, China e Marrocos, são os principais exportadores de fertilizantes para o mercado brasileiro.


Com a dependência do fertilizante importado, o Governo Federal decidiu, em 2021, elaborar o Plano Nacional de Fertilizantes (PNF).


O PNF visa a redução da dependência externa através do aumento da produção doméstica, do uso de fertilizantes organominerais, orgânicos, subprodutos com potencial de uso agrícola, bioinsumos e biomoléculas, remineralizadores, nanomateriais etc.


Com a guerra Rússia-Ucrânia e as incertezas quanto à entrega do insumo, em função do conflito, um alerta se acendeu sobre o Brasil.


Recentemente, em setembro, o Marrocos sofreu um terremoto de grande magnitude que pode ter prejudicado as minas de fosfato e a sua distribuição, podendo afetar o Brasil, terceiro consumidor de fosfatados em nível global.


Outro ponto a ser destacado, é a restrição da exportação de ureia pela China, com meio milhão de toneladas retidas no porto chinês de Tianjin, após um aumento nos preços.


A maior parte da ureia que está retida teria como destino a Índia. As cargas estão aguardando inspeções e, segundo produtores estatais da China, a prioridade será o mercado interno, pois querem garantir a estabilidade nos preços.


Expectativas para os próximos meses deste ano


Para os próximos meses, a alta nos preços deve continuar.


Para o curto e médio prazos, os gargalos logísticos envolvendo a oferta de diesel no país e o aumento nos preços dos combustíveis, devem encarecer a importação dos insumos.


No mercado externo, a expectativa de aumento nas demandas indiana e chinesa, que devem diminuir o volume disponível para o comércio global, os efeitos do terremoto no Marrocos, devem seguir influenciando os preços no mercado internacional.


Segundo a Associação Nacional para Difusão de Adubos (ANDA), as entregas de fertilizantes em julho (últimos dados disponíveis) foram 25,4% maiores em relação ao mesmo período do ano anterior, totalizando 4,5 milhões de toneladas no mês.


De janeiro a julho de 2023, a entrega de fertilizantes foi de 23,1 milhões de toneladas, volume 6,2% maior que o acumulado em 2022 e o maior desempenho para um primeiro semestre.


Figura 2.
Volumes mensais de fertilizantes importados pelo Brasil em 2022 e 2023, em milhões de toneladas.



Fonte: Scot Consultoria


A expectativa, é de que a entrega de fertilizantes para atender o ano safra 2023/24, cresça 4,1% frente a 2022/23, encerrando o ciclo próximo das 42,8 milhões de toneladas.


Apesar do crescimento, a dinâmica de entregas para o próximo ciclo ainda ficaria abaixo do recorde registrado na temporada 2021/22, cujo volume foi de 45,9 milhões de toneladas.