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Maior preocupação com bem-estar animal

por Equipe Scot Consultoria
Sexta-feira, 5 de agosto de 2022 -10h30


O perfil dos consumidores está mudando e há uma crescente demanda por produtos sustentáveis e seguros, surgindo também maior preocupação com o bem-estar animal, que é definido como o estado físico e psicológico de um indivíduo enquanto se adapta ao meio em que vive (BROOM e JOHNSON; 2000).


A maneira como os animais são criados e abatidos tem despertado interesse da sociedade, estimulando adequações nos sistemas de produção de carne.


Buscando atender essas exigências, foi aprovada a Portaria no. 365 de 16 de julho de 2021, que obriga todo estabelecimento de abate de animais a dispor de programas de autocontrole de bem-estar animal, que deve ser implantado, mantido e monitorado pelos próprios estabelecimentos. Os estabelecimentos devem ter registros sistematizados e auditáveis que contemplem as etapas do período pré-abate e do abate em si (MAPA, 2021).


Além de uma questão ética, é importante elucidar que bem-estar animal comprovadamente gera impactos positivos em produtividade e valor agregado na produção e na comercialização.


Quando um animal é manejado em condições estressantes pré-abate, a conversão normal do músculo em carne fica comprometida, ocorrendo rápida queda do pH no processo de rigor mortis, tornando a carne dura, escura e menos atrativa ao consumidor.


A carne de animais que apresentam temperamento tranquilo no período pré-abate, resultado do manejo correto de bem-estar, apresentou menores valores de força de cisalhamento, ou seja, maior maciez em estudo realizado por del Campo et al. (2008).


O mau manejo no embarque e transporte dos bovinos, como utilização de ferrões e choques elétricos, pode gerar lesões e reduzir o rendimento e a qualidade da carcaça (FILHO e SILVA, 2004).  Em estudo realizado por Andrade et al (2008), a remoção dos tecidos, lesionados durante o embarque e transporte de bovinos de corte, resultou em perda de 0,5 kg de carne por animal, o que significa, em média, uma perda de cerca de R$5,00 por animal.


É racional portanto que o produtor e exportador de produtos de origem animal aplique técnicas de bem-estar animal na cadeia produtiva, com a finalidade de manter a competitividade no mercado, reduzir o estresse animal e perdas econômicas. 


Referências Bibliográficas


Broom, D.M, Johnson, K.G. Stress and Animal Welfare, Dordrecht (The Netherlands), Kluwer Academic Publisher, 2000. 211p


del Campo, M. El Bienestar Animal y la Calidad de Carne de novillos en Uruguay con diferentes sistemas de terminación y manejo previo a la faena. Tese de doutorado. Universitat Politècnica de València, Valencia. 2008.


FILHO, A. D. B.; SILVA, I. J. O. Abate humanitário: ponto fundamental do bem-estar animal. Revista nacional da carne. São Paulo, v.328, p.36-44, 2004.


MAPA: Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Portaria nº 365, de 16 de julho de 2021. Aprova o Regulamento Técnico de Manejo Pré-abate e Abate Humanitário e os métodos de insensibilização autorizados pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Diário Oficial da União, Edição Extra, Seção 1, n. 138-A, p. 1-4, 23 de julho, 2021.