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Carta Leite - Queda na importação de leite em pó

por Lorraine Nóbrega
Segunda-feira, 20 de junho de 2022 -09h30


O leite em pó é um dos principais produtos lácteos produzidos pelo Brasil, mas ainda assim a importação é regular. 


O Brasil é importador de lácteos e em abril importou 2,4 mil toneladas de leite em pó, volume e faturamento 25,7% e 4,4% menores na comparação feita ano a ano (figura 1). Esta importação foi a menor em volume desde março de 2014, quando foram importadas 1,6 mil toneladas. 


Por sua vez, a exportação do produto em abril foi a maior desde novembro de 2017. 


Figura 1.
Importações brasileiras de leite em pó, em mil toneladas.

Fonte: MDIC / Elaboração: Scot Consultoria


Esse cenário aparentemente se deu em função da cotação do dólar, que em abril subiu 6,7%, diminuindo a atratividade por produtos importados e favorecendo a exportação, atrelado ao consumo doméstico comedido.


Dados divulgados em junho, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), informam que o rendimento médio mensal real domiciliar per capita em 2021 foi de R$1.353,00, menor valor da série histórica iniciada em 2012.


A renda familiar pesa no consumo de derivados do leite. O consumo de produtos lácteos, bem como outros produtos de origem animal têm alta elasticidade-renda, ou seja, uma redução na renda leva à forte retração no consumo desses produtos, assim como uma ligeira elevação de renda aumenta significativamente o consumo de lácteos.


Em contrapartida, os preços nos mercados atacadista e varejista de lácteos subiram na comparação feita mês a mês, reflexo da baixa captação nas principais bacias leiteiras. A elevação da cotação do leite, devido à queda da captação, típica do período, aumentou o preço na ponta vendedora, dificultando o escoamento no mercado interno.


Expectativas para o segundo semestre


O índice de Intenção de Consumo das Famílias (ICF), divulgado pela Agência Brasil, registrou crescimento de 4,4% em maio no comparativo mensal, maior patamar desde maio de 2020.


Em sintonia, dados divulgados pelo IBGE, sinalizam recuperação no mercado de trabalho, com taxa de desocupação em 10,5%, menor desocupação desde 2015 para o trimestre terminado em abril (fevereiro, março e abril). Cenário que permite projeções positivas em relação ao consumo doméstico de lácteos no segundo semestre.


Por fim, a valorização do dólar, que reduziu a competitividade do produto importado, e a expectativa de melhoria no consumo doméstico podem favorecer as indústrias do setor.