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Carta Grãos - Safra 2021/22: fim da colheita nos EUA e situação da semeadura no Brasil

por Felipe Fabbri
Terça-feira, 14 de dezembro de 2021 -12h00


A colheita da safra norte-americana de grãos 2021/22 terminou.


A produção de milho estimada em outubro era de 381,48 milhões de toneladas e foi revisada para cima em novembro, com expectativa de 382,60 milhões de toneladas (USDA), acima das 358,45 milhões de toneladas produzidas em 2020/21.


Com relação à soja, a expectativa de produção em outubro, de 121,05 milhões de toneladas, foi revisada para baixo em novembro, com a produção estimada em 120,4 milhões de toneladas.


Apesar da queda, a colheita de soja no ciclo atual (2021/22) será maior frente às 112,55 milhões de toneladas na temporada passada (2020/21).


Em dezembro as estimativas de produção de milho e soja norte-americana foram mantidas.


O fim da colheita norte-americana, em meio a um ritmo de importação menor da oleaginosa pelos chineses entre outubro/novembro, pressionou os preços no mercado internacional, repercutindo nas cotações no Brasil, cujo cenário é de queda, limitado pelo câmbio e pela expectativa de menor produção norte-americana.


Em novembro, os preços da soja em Paranaguá-PR caíram 2,7%, negociada em R$167,00/saca. Ao longo de novembro, com a maior disponibilidade no mercado internacional, as cotações no mercado brasileiro chegaram em R$159,50/saca.


Com um cenário de demanda mais firme no mercado internacional no começo de dezembro, a oleaginosa trabalhou firme na primeira quinzena, negociada a R$168,50/saca, alta de 1,2%.


Para o milho, a maior oferta no mercado interno com o fim de colheita da segunda safra em setembro/outubro, a maior oferta no mercado internacional com a colheita estadunidense e a isenção do PIS/Cofins para a importação do cereal, pressionaram para baixo as cotações.


Em novembro, a cotação da saca (60kg) de milho em Campinas-SP caiu 3,4%, negociada por R$86,00/saca, após queda mais acentuada na primeira quinzena, quando chegou a acumular queda de 8,4%, negociada a R$81,50 por saca.


Os estoques de passagem enxutos e as recentes preocupações com o clima no Sul do país, após bom processo de semeadura, deram firmeza às cotações do cereal na primeira quinzena de dezembro, com alta de 5,8%, negociada a R$91,00 por saca.


Figura 1. Preços da saca de 60kg da soja em grão (eixo da esquerda) e do milho (eixo da direita), em doze meses.



Fonte: Scot Consultoria


No Brasil, com o clima colaborando, a semeadura da safra de verão está adiantada comparada à safra passada (2020/21).


Em dezembro (6/12), o plantio do milho de primeira safra 2021/22 chegou a 77,9% da área prevista, frente aos 75,4% semeado na safra 2020/21 no mesmo período. A produção de primeira safra está estimada em 29,1 milhões de toneladas, 17,6% maior que em 2020/21 (Conab).


No Paraná, 100% da área estimada foi semeada, com 90% das lavouras em boas condições (Deral). Na temporada passada, nesse mesmo período, 75% da área semeada estava em boas condições.


No Rio Grande do Sul, 90% da área estimada para a cultura fora semeada (Emater-RS), avanço de 4 pontos percentuais comparado ao mesmo período na safra anterior (2020/21).


Apesar do bom ritmo, as condições climáticas na região entre o fim de novembro e início de dezembro, com temperaturas elevadas, forte radiação solar, baixa umidade relativa do ar e escassez de chuva, comprometeram o desenvolvimento fenológico das lavouras.


Para a soja brasileira, a semeadura da safra 2021/22 chegou em 95,1% da área prevista, frente a 90,2% da área semeada na safra 2020/21 no mesmo período.


No Centro-Oeste, a semeadura está em fase final. Em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, os trabalhos no campo atingiram 100% da área prevista (Imea, Conab) e, em Goiás, 99% da área esperada fora semeada até 4/12.


No Paraná, 100% da área esperada com soja neste ciclo fora semeada. Até 29/11, 91% das lavouras estavam em boas condições e, puxado pelas condições climáticas, as condições foram revisadas para 83% em 4/12 (Deral).


A estimativa é de expansão em 3,7% da área com soja em 2021/22, com a expectativa de produção de 142,8 milhões de toneladas, 4,0% maior que o colhido em 2020/21 (Conab).


As expectativas são positivas para a temporada 2021/22 no mercado brasileiro, com o clima colaborando até o momento, mas atenção ao clima durante o desenvolvimento das lavouras que pode influenciar as estimativas iniciais.