Scot Consultoria
www.scotconsultoria.com.br

Carta Leite - Produção e preços do leite no segundo semestre

por Sophia Honigmann
Segunda-feira, 27 de setembro de 2021 -11h00


No início de setembro, foram divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) os resultados da Pesquisa Trimestral do Leite. Os dados referem-se ao volume de leite adquirido e industrializado pelos laticínios com inspeção municipal, estadual ou federal no segundo trimestre de 2021.


No primeiro levantamento, relativo a janeiro a março, a produção crescera 1,8% frente ao mesmo período no ano passado.


Já no segundo trimestre, o volume de leite adquirido pelas indústrias caiu. No período, foram captados 5,81 bilhões de litros, 1,0% menos que no segundo trimestre de 2020.


No entanto, a produção maior no primeiro trimestre do ano contribuiu para que no acumulado do primeiro semestre o volume captado crescesse 0,4% na comparação feita ano a ano (figura 1).


Figura 1. Volume de leite adquirido pelos laticínios brasileiros, em bilhões de litros.



Fonte: IBGE / Compilado por Scot Consultoria.


No início do terceiro trimestre, de acordo com os dados do Índice de Captação de Leite da Scot Consultoria, a produção brasileira de leite aumentou.


O Indicador subiu 5,2% em julho, comparado a junho, e em agosto houve incremento de 0,1% no volume de leite captado, de acordo com os dados parciais, com a produção crescendo fortemente na região Sul. No entanto, em relação a igual período do ano passado, os volumes foram 4,9% e 7,3% menores, respectivamente (figura 2).


Figura 2. Índice Scot Consultoria de Captação de leite, média nacional. Base 100=março de 2011



Fonte: Scot Consultoria


Os incrementos na produção têm sido menores este ano em função do clima adverso, por exemplo, as geadas em julho, além dos custos de produção da atividade em alta.


Em função do mercado ajustado, o preço do leite pago ao produtor subiu no pagamento de agosto, que remunera a produção de julho, em 1,3% na média nacional.


A alta na produção registrada em agosto, em relação ao mês anterior, pode ser atrelada ao recuo nos custos dos alimentos concentrados, que pesou menos no bolso do produtor.


Expectativas


Para setembro, não é esperado incremento significativo na produção, principalmente nas regiões Sudeste e Centro-Oeste, ainda sem previsão de chuvas regulares.


A partir de outubro e novembro, com um regime normal de chuva no Brasil Central e região Sudeste e melhoria das condições das pastagens, a produção deverá aumentar com mais força, com o custo com a alimentação pesando menos.


Porém, cabe atenção, já que a previsão é de atraso e volume de chuvas abaixo da média histórica para o trimestre em questão em partes das regiões Centro-Oeste e Sudeste do Brasil, o que pode prejudicar na recuperação do capim.


Por fim, a demanda interna por leite e derivados, afetada em função da crise econômica e das altas nos preços dos lácteos no atacado e varejo nos últimos meses, é um fator a ser acompanhado.


O Indicador de Consumo da Famílias (ICF) calculado pela Confederação Nacional do Comércio (CNC), que vem registrando altas desde junho/21, revela um cenário positivo de demanda. Com a produção de leite cru (matéria-prima) crescendo, a expectativa é de que a pressão de alta possa diminuir, mas o mercado ainda deverá sentir a oferta de matéria-prima mais ajustada.