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Mercado de feno para pecuária de corte

por Tamyres Rodrigues de Amorim
Terça-feira, 17 de novembro de 2020 -18h00


Introdução


Devido à sazonalidade das pastagens no Brasil, a fenação é uma ferramenta de conservação de forragem para um período específico. É constituído pelo processo de secagem e pode ser uma alternativa interessante para o produtor.


Pode-se utilizar diversas espécies forrageiras, tais como a alfafa (Medicago sativa), e gramíneas de alta qualidade, como as bermudas (Cynodon dactylon), aveia (Avena sativa), Timóteo (Phleum pratense), Capim-sudão (Sorghum bicolor (L.) e Azevém perene (Lolium perene (L.)), entre outras.


Feno na alimentação bovina


Nos sistemas de produção em confinamento, o feno pode ser utilizado como fonte de fibra efetiva, em substituição à silagem. Embora a qualidade nutricional dos dois alimentos seja distinta, é possível adequar o tipo de feno ao nível de energia da dieta total.


O uso dessa alternativa nutricional é de alto custo e complexidade operacional. No entanto, apresenta valores bromatológicos de excelente qualidade em proteína bruta (PB) e nutriente digestíveis totais (NDT) de acordo com cada espécie forrageira (tabela 1).


O feno mais comum para gado de corte é o que resulta das reservas de forrageiras que amadurecem no campo após a estação das chuvas, conhecido por feno-em-pé (Massai, Brachiarão). São utilizados principalmente na fase de adaptação e curral.


O processo de fenação, após a definição da espécie forrageira, é constituído por:


· Corte: Cortes no início da fase de crescimento vegetativo trariam como desvantagens menor rendimento forrageiro e ainda alto teor de umidade da planta forrageira. Utiliza-se equipamentos como segadeira e roçadeiras.


· Secagem: Após o corte ocorre a supressão do suprimento de água pelas raízes e a evaporação contínua da superfície foliar leva ao pré-murchamento, secagem e morte das células. Durante a secagem alguma atividade enzimática prossegue e nutrientes podem ser perdidos. Assim, quanto mais rapidamente ocorrer a secagem e, consequentemente, a morte das células, menor será a perda de valor nutritivo.


· Armazenamento: Para o armazenamento de feno, podem ser aproveitadas as construções já existentes na propriedade, ou construir galpões rústicos, levando-se em consideração que devem ser locais ventilados e livres de umidade. O feno pode ser acondicionado em fardos, solto e em medas.


Figura 1. Processo de enleiramento e enfardamento de feno.



Fonte: Savoie, Caron Tremblay, 2011.


Tabela 1. Níveis bromatológicos de fenos utilizados nas dietas de bovino de corte.



Abreviações: MS Matéria Seca, PB Proteína Bruta, FDN Fibra em Detergente Neutro, NDT Nutrientes Digestíveis Totais.
Fonte: Adaptado de Lima et al., (2009), compilado pela Scot Consultoria 


Preços de fenos nas principais praças do Brasil


Foi feito um levantamento em empresas/fazendas produtoras de feno em importantes praças pecuárias. A referência é a primeira quinzena de novembro de 2020.


Durante a pesquisa foram apresentados os tipos de fenos (tipo A, tipo B e tipo C), descrito conforme as tabelas 2 e 3:


Tabela 2. Classificação do feno de acordo com o processo de secagem.



Fonte: Adaptado de Pereira, L.E.T.; Bueno, I.C.S.; Herling, V.R., (2015), elaborado pela Scot Consultoria


Tabela 3. Classificação dos tipos de fenos de acordo classificação bromatológica. 



Fonte: Adaptado de Pereira, L.E.T.; Bueno, I.C.S.; Herling, V.R., (2015), elaborado pela Scot Consultoria


Na tabela 4 encontram-se as médias de preços por tipo de feno nas grandes praças brasileiras (MG, MS, MT, SP, GO e PR), sem o frete e impostos. 


Tabela 4. Preços médios de feno (R$/t) para gado de corte nas principais praças brasileiras.



Fonte: Dados coletados pela Scot Consultoria, preços FOB* e sem ICMS.
Abreviações: SP São Paulo, MS Mato Grosso do Sul, GO Goiás, MT Mato Grosso, PR Paraná.  Feno Tipo A Tifton 85 e Feno Tipo B e Tipo C diversas brachiarias. Tipo A* no Paraná feno de azevém e Tipo B* no Paraná de aveia


A média do preço de feno tipo A de Tifton 85 para gado de corte gira em torno de R$1.282,80 por tonelada, o tipo B em R$941,43 por tonelada e o tipo C em R$386,00 por tonelada, preços sem frete e impostos. A maior parte das empresas consultadas trabalham com feno de alta qualidade e, portanto, de maior preço.


Normalmente o feno mais utilizado para gado de corte é o tipo B e C, de Brachiaria e outras forrageiras de menor qualidade nutricional e preços mais baixos.


Com relação a disponibilidade do produto, os maiores volumes são a partir de abril, com a entrada do período seco do ano no Brasil Central e Centro Sul.


Considerações finais


As principais vantagens da utilização de feno são a flexibilidade da oferta de forrageiras, redução dos custos e disponibilidade do produto na região.


Podem ser utilizados vários tipos de fenos, já que normalmente, na formulação da dieta, ele representa a fonte de fibra efetiva no rúmen, e, nesse caso, a densidade nutricional é pouco relevante.


Considerando a reduzida margem de lucro em confinamentos, a viabilidade do uso dessa fonte de fibra deve ser analisada com cuidado.


Atualmente, o mercado de feno está bem restrito para gado de corte. Encontra-se mais feno do Tipo A, que são utilizados especialmente para equinos e gado de elite, pois é de altíssima qualidade e maior preço (R$/t).


Em algumas praças encontra-se disponibilidade de feno tipo B e tipo C, correspondente a outras gramíneas, para gado de corte em confinamento.


Portanto, a produção na propriedade deve levar em consideração custo-benefício, equipe, área etc., cabendo um levantamento específico para essa ferramenta.


Bibliografia


Evangelista, R.A.; Lima, J.A. Produção de Feno. In: Conservação de alimentos para bovinos.


Lima, V.; Gatelli, A.E.; Zago, D.; Barcellos, J. Feno: Desempenho em bovinos de corte. Feno & Silagem. V. 14. Outubro de 2019. Disponível em:


Pereira, L.E.T.; Bueno, I.C.S.; Herling, V.R. Tecnologias Para Conservação De Forragens: Fenação E Ensilagem, Grupo de estudos em Forragicultura e Pastagem. 2015.


Savoie, P. Caron, E, Tremblay G. Control of Losses during the Haymaking Process. In: II INTERNATIONAL SYMPOSIUM ON FORAGE QUALITY AND CONSERVATION – Colina Verde Hotel, Sao Pedro, SP – Brazil, November, 16-19th, 2011.