Interrompida pelo ressurgimento da febre aftosa no Mato Grosso do Sul, em 10 de outubro, a tendência de recuperação dos preços do boi voltou a se acelerar na semana passada e deverá perdurar mesmo com o fim da entressafra, em dezembro, quando o confinamento perderá espaço para a engorda no pasto.
A retomada, conforme analistas, está ligada aos "ciclos longos da cadeia", melhor traduzidos como a velha relação entre preço e oferta. Preços em alta motivam aportes em rebanho e retenção de matrizes para ampliação da produção; em queda, levam o pecuarista a abater fêmeas (mais baratas em razão da qualidade da carne), reduzindo o índice de nascimento de bezerros e, consequentemente, a oferta. Os ciclos longos duram, em média, quatro anos, tendo em vista a taxa média de abates no Brasil (25% do rebanho por ano) e o tempo de criação.
(...) Mesmo fatores ligados aos “ciclos curtos da cadeia” (safra e entressafra) corroboram a tendência de recuperação de preços. Isso porque, segundo Fabiano Tito Rosa, analista da Scot Consultoria, chuvas irregulares atrasaram a recuperação de pastagens em algumas regiões.
Nos Estados de Mato Grosso e Tocantins, por exemplo, as chuvas de outubro e início de novembro beneficiaram as pastagens e a expectativa é iniciar a engorda a pasto já a partir desse mês. Já em São Paulo e no Pará, que tiveram chuvas irregulares, a substituição do confinamento pela pastagem só deve começar em janeiro. “ O baixo número de animais prontos para abate e matrizes favorece as perspectivas para um novo ciclo de alta em 2006”, diz Rosa (...).
Fonte: Valor Econômico